Como todo final de expediente, sai para tomar alguma coisa no bar do John. Era como se fosse uma tradição, ainda mais quando o dia tinha sido cheio e precisava esfriar minha cabeça. Caminhei pelo corredor escuro indo em direção ao balcão, quando vi a figura esguia sentada cabisbaixo. Ele parecia tão perdido, nada tinha daquele Hopper que eu encontrei a um mês atrás. Parei atrás dele, decidindo se seria o certo a se fazer. Limpei a gaganta, chamando sua atenção.
— Será que posso lhe fazer companhia? — perguntei.
Hopper se virou e me fitou de cima em baixo, demorando mais do que devia. Ele sorriu e voltou a mesma posição que estava.
— Claro. — falou, tomando um gole do líquido que estava no seu copo e olhou para frente, colocando a mão na boca e fitando o nada.
Sentei-me ao seu lado e percebi que John estava a minha frente quando seu enorme corpo tapou a visão do espelho que tinha na parede de bebidas atrás do balcão.
— Oi John. — sorrio — Como vai?
— Muito bem Dana e você? — sorriu — O de sempre? — perguntou
— Estou bem, obrigada. — olhei para Alex, que ainda continuava na mesma posição — Acho que hoje vou beber o que ele está bebendo.
John apenas acentiu e se retirou, deixando-nos a sós novamente.
Por alguns instantes, eu apenas encarei o meu reflexo na parede, esperando que a bebida chegasse.The River do Bruce Springsteen tocava suavemente pelo Jukebox recém reformado.
— O que faz a essas horas na rua? — perguntei, toda animada, basicamente quebrando o terrível silêncio.
— Literalmente, não estou na rua. — me respondeu seco, como sempre — Mas respondendo sua pergunta eu briguei com meu irmão e decidi que aqui seria um ótimo lugar para espairecer.
— Sei que não é da minha conta, mas se quiser conversar, saiba que estou aqui — respirei fundo, olhando para o copo de água — Sem julgamentos.
Hopper ficou em silêncio durante alguns minutos e mesmo não focando meu olhar nele, eu sabia que o dele queimava em mim. Ele poderia achar estranho o simples fato de eu estar sendo legal com ele, mas hoje também foi um dia completamente estressante para mim. Eu so queria esquecer de tudo e não estava afim de brigar.
— Parece que ele acha que não sou digno da minha patente — comentou e eu o olhei — Vão me expulsar da marinha logo após o Rimpac.
— Pelo menos você pode participar do Rimpac, Alex — olhei ao redor, pedindo a John um shot de tequila — Mas se por acaso você não gosta de fazer parte dela, não acha que seria melhor procurar algo que se indentifique?
— O problema é que essa é a única coisa que eu tenho e não sei fazer nada além disso. — falou, olhando para baixo — Entrei aqui por pressão, era isso ou nada. Só que hoje eu não me vejo longe desse mundo.
Eu sabia exatamente o que ele estava sentindo. Meu pai nunca me incentivou a entrar na Marinha e quando eu disse a ele que esse era o meu sonho, ele simplesmente surtou. Por mais que eu odiasse admitir, eu sabia que ele estava fazendo isso para me proteger. O meio em que eu escolhi trabalhar é muito machista e com certeza o Almirante gostaria de livrar sua única filha dele.
Fechei meus olhos por alguns segundos, sorrindo quando uma ideia passou pela minha cabeça. Por mais que eu tenha dito odiar Alex Hopper, encontrei uma maneira de pelo menos distraí-lo um pouco.
Deus, você está vendo!
— Alex, eu sei que não é uma boa hora, mas — fiz uma pausa — você quer dançar comigo? — estendi minha mão em sua direção.
Ele olhou-me surpreso pelo convite, mas também um pouco desconfiado, hesitando no contato direto. Parmaneci naquela posição por um longo tempo até sentir o toque quente da sua mão na minha. Levantamos ao mesmo tempo e sem me importar com o que os outros marinheiros iriam pensar, conduzi Hopper até a pista de dança. Caminhei até a jukebox e procurei por alguma música que eu gostasse. Abri um sorriso quando a encontrei, tirando uma moeda e escolhendo a mesma. Take My Breath Away do Berlin começou a tocar suavemente pelo ambiente e Alex apenas revirou os olhos, aproximando-se de mim. Suas mão foram de encontro com a monha cintura, enquanto as minhas eram entrelaçadas atrás do seu pescoço.
— Você sabe que as pessoas estão olhando para nós dois, não sabe? — perguntou, afastando-se o suficiente para me olhar.
— Eu não ligo para o que as pessoas acham ou deixam de achar, Hopper. — meu olhar recaiu em seus lábios, mas tratei de desviá-lo logo em seguida — Você se importa?
— Não. — puxou-me para mais perto, olhando ao redor.
Nossos corpos se moviam em uma sincronia perfeita, trazendo uma sensação diferente em meu corpo. Dançamos mais três músicas em silêncio e quando a última acabou, eu apenas me afastei, deixando o dinheiro da bebida do balcão e saindo pela porta dos fundos com acesso ao estacionamento.
Andei apressadamente até o meu carro, porém ele se encontrava em uma vaga distante de onde estava. Ouvi a voz de Hopper um pouco longe, chamando o meu nome e eu não pude deixar de olha-lo, surpreendendo-me com a proximidade repentina.
— Aconteceu alguma coisa? — perguntei, colocando as mãos na cintura.
Seus lábios tocaram os meus tão depressa que eu não tive reação alguma. Não conseguia formular nada e a única coisa que se passava na minha mente era que ele estava me beijando. Fechei meus olhos temendo que o que eu estivesse fazendo fosse errado, mas eu tive a confirmação de que era o certo quando o beijo foi aprofundado. Hopper empurrou-me delicadamente até a parede que estava mais próxima, pressionando seu corpo contra o meu ao mesmo tempo em que nossas linguas dançavam juntas lentamente.
Não preciso dizer que apenaz paramos por falta de ar, precisava me recuperar do que tinha acabado de acontecer aqui.— Eu sou louco por você, Shane. — ele falou, encarando-me.
Abri um sorriso, depositando um selinho em seus lábios. Desvencilhei-me dos seus braços, ficando onde ele estava.
— Isso é uma declaração? — perguntei — Se for, eu gostaria de gravar. — completei, tateando o bolso da minha calça jean a procura do meu celular
— Para com isso, Dana. — ele disse, rinxo — Respondendo sua pergunta, sim, isso é uma declaração.
Entrelaço meus braços pelo seus ombros, sorrindo entre o nosso segundo beijo.
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Battleship - A Batalha Dos Mares
Science FictionA Marinha dos Estados Unidos, um sonho de qualquer adolescente apaixonado por coisas relacionados ao mar. Dana Shane, uma garota comum, que entra para a Marinha apenas para se divertir, vê seu mundo virando de cabeça para baixo quando a Honolulu, no...