Capítulo: 05

196 37 20
                                    

no começo a gente sofre,
no meio a gente começa a
aceitar e no final a gente agradece.

( ... )



PALOMA 🪐


Um mês que estava trabalhando com Rafael. Nesse meio tempo, posso dizer que nos tornamos amigos; ele sempre foi tão gentil e cuidadoso comigo. Claro que, respeitando a relação de chefe e funcionária, eu jamais iria passar dos limites da intimidade. Afinal, mesmo sendo tão aberto, eu não me sentiria confortável.
Era engraçado como eu me sentia triste quando ele saía mais cedo para a fisioterapia; parecia que aquela sala ficava imensamente desanimada. Ele fazia o clima ficar mais agradável e alegre. Eu o admirava em silêncio, pois não queria que ele pensasse que fosse para agradá-lo por ser meu chefe. Admirava que, mesmo nas dificuldades, ele sempre estava sorrindo e de bem com a vida. Jamais o vi de cara fechada ou reclamando de algo. Pelo contrário, ele sempre dava um jeito de solucionar os problemas que apareciam.

Me pegava pensando às vezes que qualquer mulher que tivesse o amor dele seria muito sortuda. Além de ser tão respeitoso, ele é o tipo de cara romântico, o que é raro nos dias atuais; atualmente, os homens só querem ir para a cama e depois tchau. Era bem difícil achar alguém que realmente estivesse afim de compromisso sério, assumir uma família. Eu falava isso baseada nas minhas próprias experiências, todas frustradas, principalmente quando eu dizia que era mãe solteira; os caras simplesmente não me levavam a sério. Embora agora eu estivesse mais focada no trabalho e na criação de Gabriel, claro que sentia falta de ter alguém ao meu lado, mas estava acostumada a viver sozinha. Eu nunca perguntei para o Rafael se ele tinha alguma namorada; era meio óbvio que não me sentia à vontade de fazer essas perguntas íntimas.
Até porque ele nunca me falou nada sobre essas questões, provavelmente porque sou apenas uma funcionária para ele...

Gabriel estava doido para assistir ao jogo de futebol no estádio nesse final de semana, então resolvi dar um mimo para o meu bebê. Nos arrumamos e fomos. Meu filho estava todo empolgado; fazia tempo que não o levava para fazer essa programação. Antes de pegar os ingressos, comprei pipoca que estava vendendo do lado de fora. Entramos e sentamos nas arquibancadas.
Resolvi tirar uma foto desse momento para postar no meu Instagram. Amava exibir meu filhote, lindão Gabriel; muito engraçadinho, fez várias caretas para depois sorrir para a fotografia. Crianças... ele comia a pipoca enquanto esperávamos o jogo começar!

- Mamãe, quando podemos andar no carrão do tio Rafa?! - pergunta aleatoriamente. Ele disse que iria me levar para passear e nunca mais apareceu! Será que ele não gostou de mim? - pergunta chateado.

- Meu amor, o tio Rafa é uma pessoa muito ocupada, trabalha bastante; daí nos finais de semana ele quer curtir com a família ou namorada. - diz, alisando os fios de cabelo do menor. Claro que ele gostou de você, todos gostam. - sorri. Não fique triste àtoa!

- Mamãe... por que eu não tenho um papai? Todos os meus amigos da escola têm, até aqueles que os papais não moram mais juntos. - enche os olhos de lágrimas.
Meu papai morreu, mamãe? Ele não me quis?!

- Gabriel, filho, não chora. - seca as lágrimas. Claro que seu pai te quis. - mente. Lembra que eu te contei uma vez que ele fez uma viagem para longe? Então ele ainda está viajando; não se preocupe com esses assuntos, eu estou aqui com você, meu amor.
Agora deixa de chorar que o jogo vai começar e você me disse que o seu time vai ganhar, né?! Eu tô achando que não, hein! - muda o assunto.

- Claro que vai ganhar, mamãe! Deixa de torcer contra. - faz biquinho. Depois podemos ir ao shopping brincar um pouquinho nos brinquedos de lá?

Ela concorda com a cabeça, fazendo o garoto pular de alegria, enquanto Paloma tentava disfarçar sua tristeza. Algumas vezes Gabriel perguntava pelo pai; ela já não sabia o que falar, nunca que teria coragem de dizer que o pai dele não o quis, que o abandonou. Aquilo era cruel demais para o seu menino. Sentia-se tão perdida quando ele tocava no assunto. Pior, se culpava por ter arrumado um pai tão podre de alma para o filho. Aliás, nem pai aquele homem deveria ser chamado, apenas o genitor, porque pai de verdade não faria esse tipo de coisa, nunca na vida.
No fundo, ela sabia que o filho tinha uma certa carência paterna, por isso estava perguntando por Rafael .



Além das aparências Onde histórias criam vida. Descubra agora