LUGAR NOVO

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DANNA PAOLA MADERO

Primeiro fui arrastada à um banheiro decente, ela me deixou lá para banhar o quanto quisesse.

Claro que aproveitei para tomar uns bons goles de água da torneira. Já que estava sem roupas mesmo só precisei ligar a ducha com a água morna.

Lavei os cabelos com uns xampus. Me banhei como há tempos não fazia. Foi revigorante.

— Ei já está bom. — Olívia berrou da porta do banheiro.

Suspirei cansada.

— "Déjame em paz". (Me deixa em paz) — Murmurei.

A porta foi aberta bruscamente e a mulher me olhou séria e jogou uma toalha branca em mim.

— Cala a porra da boca sua ridícula e cobre logo essa "ossada" aí. — Ralhou.

Tentei fingir que não ouvi o que ela disse. Mas, doeu saber que meu corpo realmente estava "ridículo". Cheguei no fundo do poço.

Segurei a toalha e me enrolei rapidamente.
A mulher se virou e fez um gesto com a mão para que a seguisse. Fui atrás como um cão obediente.

Caminhamos pelo corredor que eu conhecia um pouco, pelo trajeto diário até outro banheiro, meus pés descalços emitiam o frio do chão por todo meu corpo.

Os dois homens estavam atrás de mim, podia ouvi claramente seus passos naquele corredor com eco.

Depois de caminhar e virar em várias curvas a qual eu não consegui decorar todas. Nunca fugiria daqui, é como um labirinto.

Chegamos à uma porta simples de madeira, Olívia a abriu e passou, fiz o mesmo.

Tive que piscar os olhos várias vezes, pois ardiam com o brilho da luz que vinha do cômodo.

— Anda logo puta. — Um dos caras que me acompanham de perto murmurou atrás de mim.
Trêmula, olhei em volta. Era uma cozinha, bem moderna, do tipo que tinha na minha casa, das cores branco e cinza.

— Porra menina. Nunca viu uma cozinha não? Bora querida se mexe. — Sai do meu pequeno estupor com a voz alta e severa de Olívia.

Olhei algumas frutas em cima de um balcão branco. Minha boca salivou e o estômago roncou em resposta ao estimulo visual.

— Estou com fome...

— Foda-se. — Interrompeu.

Segurei forte a borda da toalha. Como ela pode ser assim?!

Um dos homens que nos seguia, segurou meu braço e começou a me arrastar pela casa, não tive tempo para observar mais nada. Paramos apenas em frente à uma porta branca com detalhes dourados.

— Aqui vai ser seu quarto agora. — Olívia disse sem vontade revirando os olhos. Abriu a porta e me empurrou com uma força desnecessária para dentro.

Como assim meu quarto?

— Além de vadia é surda. — Percebi que verbalizei meus pensamentos, e ela como sempre, respondeu a altura.

— Por que estou aqui? — perguntei confusa.
Isso é um truque.

Será que pensa que me dando um quarto eu vou ceder a ele?

— Porque o chefe quer.

Ofeguei.

O que ele pretende com isso?! Apertei com força as mãos em punho.

Os três me encaravam desinteressados. Como se manter uma mulher em cativeiro fosse a coisa mais normal do mundo. Talvez para eles fosse.

— Vamos logo. Temos mais o que fazer. — Olívia disse revirando os olhos novamente, me dando as costas.

Um dos homens se moveu e começou a fechar a porta. Desesperada corri para impedir.

— NÃO POR FAVOR! NÃO ME DEIXA AQUI. — Implorei aos gritos.

Mas meus protestos não foram ouvidos, ele fechou a porta na minha cara. Ouvi a mesma sendo trancada à chave do lado de fora.

— Essa garota é burra por não saber aproveitar o Paul que está comendo na mão dela igual um cachorrinho apaixonado. — Ainda pude ouvir antes que eles se fossem.

O Paul de "cachorrinho apaixonado"? Olívia estava louca. Mesmo se fosse verdade, se Paul sentisse o menor apreço por mim não faria o que me faz.

Respirei fundo e escorreguei de costas na porta até sentar no chão. Enfiei o rosto entre as pernas e chorei um pouco.

Por quê meu pai não vinha logo?

Fiquei em silêncio. Sozinha. Ouvindo as batidas do meu pobre coração.

Era horrível viver em um lugar que não tinha paz. Mal dormia com medo de Paul entrar no quarto e me violentar ou qualquer outro homem. Eu não podia pedir ajuda a ninguém.

Era eu sozinha contra todos naquele lugar.
Tomei coragem e levantei.

Olhei em volta, o quarto era lindo. Bem decorado e delicado. Com cores em branco, dourado e verde. Era bem grande, com poltronas, cama grande no centro, estante com livros e uma mesa com duas cadeiras. Uma parede de vidro exibia um banheiro enorme. Privacidade zero. Uma porta do outro lado do quarto, indicava claramente o closet.

Sem janelas. Ou seja, minha única saída era a maldita porta pela qual entrei.

Percebi que ainda estava de tolha. Decidi procurar algo para vestir. Há tempos que não usava roupas. Caminhei pelo quarto até a porta e tentei abrir.

Trancada.

Forcei de novo.

Trancada.

Será que não é só o closet? Será uma saída?
Imediatamente me abaixei para tentar ver por debaixo da porta. Consegui ver pouca coisa, mas era um closet.

Por que estava fechado então? Ele não queria mesmo que eu usasse roupas.

Com raiva levantei e chutei a porta. Só resultou em uma dor latente no dedão.

Me sentei novamente no chão e fiquei lá. Não sei quanto tempo. Sentia meu coração angustiado. Minha barriga rocando de fome.

Quando quase senti o sono me roubar, a porta foi aberta.

Levantei rápido a cabeça.

Paul.

—Olá minha bonequinha. — disse com seu sorriso asqueroso.

O mesmo segurava em uma das mãos uma bandeja cheia de variados tipos de comida.

— Gostou do seu novo quarto?

Amor Sem Fim: Apaixonado Pela Mulher Do ChefeOnde histórias criam vida. Descubra agora