| CAPÍTULO 55 ¦ Sangue |

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Kira Evans:
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A única bebida servida durante o evento foi espumante, e embora eu sempre tenha considerado impossível embebedar com champagne, acho que consegui essa proeza. As apresentações acabaram, as arrecadações foram um sucesso e suprem ainda mais que a reforma do colégio, e agora, pais, alunos e convidados estão confraternizando e se balançando na pista de dança. Toda a minha família, incluindo o meu tio Brandon, que chegou hoje de manhã, estão dançando conosco ao som de algumas músicas da época deles que foram escolhidas para a playlist do evento.

Meu tio segura em minha mão e me gira. Caímos na gargalhada após o passo de dança, e quando percebe que estou com as pernas bambas, tio Brandon segura meu braço com uma das mãos. Pego a taça da sua mão e bebo todo o restante do líquido amarelado em um só gole, fazendo-o cerrar os olhos para mim.

Não nos vemos muito. O meu tio é médico e vive fazendo trabalhos voluntários em volta do mundo, então só nos vemos durante as suas férias ou as nossas, quando vamos de encontro a ele. Ele não tem filhos, então toda a sua intenção paternal é dirigida a nós, seus sobrinhos, ainda que a distância. Ele sempre fez questão de manter contato. O país em que ele está trabalhando agora é o Brasil, então o que me contou sobre o lugar e as fotos que me mandou foram os motivos de eu ter me interessado pelo lugar tropical. Meu tio parece até mais bronzeado agora, e ele tem uma aparência tão jovem quanto a minha mãe.

— Acho que você precisa respirar, ruivinha. — Ele balança a cabeça em negação, rindo. — Vamos lá para fora. Venha. — Meu tio agarra a minha mão, tirando a taça dela, e me puxa, deixando a taça vazia em uma mesa qualquer.

Passamos pela nossa mesa e o Marshall está com os olhos cravados em mim. Ainda cravados em mim, pois ele permaneceu me vigiando durante toda a noite. É notável, pelo menos para mim, que tem algo de errado com ele. No entanto, não serei eu a perguntar, ainda que a preocupação me deixe incomodada.

Ele não me quer por perto. Eu já entendi. Noah está me ignorando como nunca fez antes, deixando claro as suas intenções de me manter distante. Se a nossa distância é o necessário para que ele volte a ser o imprudente babaca que só se preocupa com o próprio umbigo, que assim seja. Noah me vê como mais um problema, e não como a porra de uma solução. Então, eu serei invisível como ele está fingindo que sou.

— Aquele não é o seu namorado? Ele está diferente, crescido. — Meu tio pergunta, fitando-me de esguelha com as sobrancelhas levantadas. Faz alguns anos que ele não vê o Noah, já que aproveitamos a sua distância para viajar durante as últimas férias. Eu reviro os olhos, ainda sendo arrastada por ele em direção a frente do Armazen.

— Ele não é o meu namorado. — Retruco. Quando chegamos do lado de fora o vento bate em meu rosto, sinto meus braços arrepiarem. Brandon abana a mão no ar, como se desprezasse a minha opinião, e me guia até um banco de madeira no meio do jardim, escondido dos olhos dos outros.

— Ele não tirou os olhos de você a noite toda. — Aponta, como argumento. Preciso me segurar para não revirar os olhos mais uma vez, me contentando com um levantar de ombros e uma careta bêbada.

— Sim, mas ele não é o meu namorado. — Profiro. Meu tio estala a língua, com um sorriso sugestivo.

—  Então admite que ele ficou de olho em você? Também estava de olho nele? — Provoca.

— Brandon, se você não calar a boca eu vou despachá-lo de volta para o aeroporto. — Ameaço, apontando-lhe um dedo. Meu tio ri.

— Não tem um dia que cheguei e você já quer se livrar de mim? Sabe que só vim porque estava preocupado com o que aconteceu, né? — Brandon faz cara de cachorro molhado.

Eu Odeio Amar Você 2 - A história se repeteOnde histórias criam vida. Descubra agora