Promise

𝐼'𝑙𝑙 𝑠𝑒𝑒 𝑦𝑜𝑢 𝑡ℎ𝑒𝑟𝑒 𝑡𝑜𝑚𝑜𝑟𝑟𝑜𝑤

Era uma vez, numa constelação muito, muito distante, bem no coração dessa, cinco pequenos príncipes que, do pó das estrelas, ergueram um esplêndido castelo e dele fizeram seu lar. Ainda que tivessem uns aos outros, ponderaram a possibilidade de haver mais seres tão solitários quanto eles foram um dia, desamparados na magnitude da constelação. Assim, então, deram vida ao seu próprio reino cintilante, nomeando-o como: Everlasting Shine.

O pequeno reino mal fora criado e já acomodava dezenas, centenas de seres mágicos e não mágicos vindos de todos os cantos da constelação em busca do lar acolhedor que Everlasting oferecia de bom grado. Os cinco príncipes, cada qual em seus distintos aspectos, regiam o próspero reino com honradez e bom senso, guiando seu prezado povo com a benevolência em seus espíritos. E não existia sequer uma alma em Everlasting que não reverenciasse seus amados príncipes e a leal raposa de duas caudas que os acompanhava em cada jornada, atuando como uma fiel companheira e guardiã declarada do pequeno reino.

O Primeiro Príncipe, o Grandioso, dotado de altruísmo e juízo, dispondo até mesmo os desejos dos demais príncipes acima de seus próprios, era obstinado a preservar a paz no reino, bem como entre os irmãos.

O Segundo Príncipe, o Bravo, exímio guerreiro de Everlasting, comprometeu-se a lutar visando defender e proteger aqueles sob sua guarda de toda e qualquer ameaça até o fim do mundo. Disposto a abdicar da própria existência em prol da segurança e bem-estar dos seus.

O Terceiro Príncipe, o Justo, destacava-se entre os irmãos por sua conduta, por vezes, extremista e suas ideias excêntricas, acompanhadas da personalidade peculiar e ruidosa. Evidentemente que ele não fazia por mal, visto que somente prezava pelo bem de todos. E guiado por seus irmãos, ele jurou trazer a justiça ao reino.

O Quarto Príncipe, o Soberano Místico, utilizava de seu dom concedido pela Estrela-Mãe para curar feridas e enfermidades, além de trazer o encanto e a calmaria ao seu povo estabelecendo uma ponte de equilíbrio que assegurava que a felicidade perdurasse em seus corações.

E o Quinto Príncipe, o Benévolo. Gracioso e gentil, amado por todos que tinham a alegria de estar em sua presença, mantinha seu povo em harmonia por meio de suas belas declarações inspiradoras. Sua cantoria digna de ser apreciada por uma divindade, transmitia toda a afeição cultivada pelo amado reino cintilante.

Sob uma promessa, os cinco reinavam com triunfo, e Everlasting Shine distendia para além das estrelas. Entretanto, nem tudo eram flores.

Nas sombras dos confins de Everlasting Shine, onde a luz das estrelas não alcançava, encontrava-se o Vale dos Pesadelos. Os príncipes estavam constantemente a atentar aos seus que evitassem o território sombroso, pois era lá, o lar da Bruxa Desgrenhada. Os sussurros que percorriam o reino narravam que a bruxa era tão perversa que devorava numa única bocada qualquer um que atrevesse se aproximar do Vale. Ou ainda os fazia prisioneiros, submetendo-os a servi-la até mesmo após perecer. Uma vida e morte fadadas ao flagelo perpétuo. Nem sequer os príncipes ousavam cruzar o Vale.

Não até que...

Fora na noite mais nebulosa, sob a luz do luar, em que o Segundo e Terceiro Príncipes envolveram-se numa intensa desavença que estremeceu a harmonia e o laço entre os cinco. O Terceiro Príncipe, noivo prometido do Segundo Príncipe, por mero acaso descobriu os novos planos do futuro marido que este vinha ocultando, os quais em nada o agradaram. E apesar dos esforços do Segundo para fazê-lo entender, o Terceiro não permitiu esclarecimento. Simplesmente, recusou-se a ouvir. Decerto que estivesse sendo mesquinho, mas a angústia que preenchia seu corpo miúdo era além da conta para assimilar qualquer coisa de modo nítido naquele momento. Desolado, ele fugiu. Correu até que seus pés se queixassem de dor. Correu até que as lágrimas fossem levadas ao vento e nada mais restasse. Correu rumo ao único domínio onde ninguém se atreveria a segui-lo, buscando somente um momento em sua própria solidão.