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[N/A: Oieeeee! Sempre bom ver vocês aqui! Obrigada pelo carinho e bora pra mais uma!]

Steve abriu os olhos, mas demorou um tempo para localizar onde estava. A luz filtrava pelas cortinas, e a julgar pela claridade, passava muito das dez da manhã. Olhou para o lado. Viu Natasha adormecida, e quase tomou um susto. Não porque ela não fosse belíssima dormindo - era. Inclusive, o rosto relaxado, sem as sobrancelhas erguidas em permanente sarcasmo e sem o sorriso debochado, ou o eventual franzido das sobrancelhas quando estava muito concentrada no trabalho, era ainda mais bonito. Era possível ver o contorno perfeito dos lábios entreabertos, o nariz e os cabelos.

No entanto, Steve sabia que era apenas temporário, um intervalo entre um jogo de provocações que começava assim que ela acordava. Era quase risível o contraste entre essa figura angelical e o veneno que ela destilava quando abria os olhos.

Ele se levantou devagar, tomando cuidado para não acordá-la, vestindo as calças silenciosamente. Os olhos varreram o quarto. A decoração era bem minimalista, com um ou outro objeto de alguma loja de grife adornando. Até a cor era pastel. Refletia alguém que valorizava controle e precisão. Não havia um fio de cabelo fora do lugar. Bem, pensando direito, talvez ele.

Com um último olhar para Natalia, ele deixou o quarto e se dirigiu à cozinha, sentindo a estranheza de estar no espaço dela. Steve abriu alguns armários em busca de uma cafeteira ou qualquer coisa que se assemelhasse a isso, mas tudo o que encontrou foi uma máquina moderna, toda digital, com botões que ele nem sabia por onde começar a apertar. A princípio tinha achado até que fosse uma urna de cinzas.

É óbvio que ela tem uma dessas, pensou consigo mesmo, frustrado. Ela era controladora até na escolha dos utensílios.

Após quase dez minutos empenhado na tarefa impossível de descobrir como fazer um café, ele ouviu o som suave de pés descalços no chão de madeira. Quando se virou, lá estava ela, encostada no balcão que dividia o ambiente, usando a camisa dele. Apenas a camisa dele.

Natasha arqueou uma sobrancelha ao vê-lo lutar com a cafeteira.

"Sério? Uma máquina de café te derrota?" a voz dela estava rouca, ainda carregada de sono, mas já com aquele tom provocativo que ele conhecia bem.

Steve rolou os olhos.

"É uma porcaria nem um pouco intuitiva."

Ela deu um passo para dentro da cozinha, com um andar despreocupado, o tecido da camisa balançando suavemente com o movimento. Cada gesto dela era calculado, e Steve se perguntou brevemente se viver de performance o tempo todo não cansava. Natasha se aproximou dele, ficando perigosamente perto, mas ao invés de tocar ou se aproximar demais, ela estendeu a mão para a cafeteira, como se fosse algo simples.

"Você é um engenheiro formado no MIT", ela respondeu, a provocação clara na sua voz, enquanto pressionava alguns botões com a confiança de alguém que fazia isso todos os dias.

Steve observou cada movimento dela, tentando ignorar a forma como o cabelo bagunçado e a aparência casualmente sexy pareciam mais uma armadilha do que qualquer coisa. Ela sabia exatamente o que estava fazendo, sempre soube. E ele odiava como caía no jogo dela tão facilmente, mesmo sabendo disso.

"Ou seja, tenho propriedade para falar que sua cafeteira é uma merda." ele retrucou secamente, mantendo o olhar firme nela. Nem sabia por que estava ficando tão bravo com uma idiotice daquelas. Natasha definitivamente conseguia tirá-lo do sério; estar dentro de um ambiente onde ela tinha vantagem só piorava as coisas.

Ela sorriu o sorriso de sempre. "Ah, não fique bravinho."

Aquela simples frase fez a cabeça dele latejar, talvez em resultado da noite anterior — o álcool ainda estava presente em seu corpo, misturado com a irritação que crescia a cada palavra debochada de Natasha.

I WISH I NEVER MET YOU [STEVENAT]Where stories live. Discover now