Capítulo único

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A Marechal de seu exército era mais nova que ela, uma mulher muito bonita e de características faciais delicadas e elegantes. Não se encaixava no meio dos militares. Parecia mais com uma herdeira de alguma família nobre, o que SuA não duvidava que ela fosse, porém, mesmo com todos seus recursos e contatos sendo Rainha, não tinha encontrado uma única informação sobre o passado de Handong da época antes dela ter entrado no exército, além de um suposto local e data de nascimento.

Era como se ela nunca tivesse existido antes daquele momento. Ou que ela tivesse apagado todos seus registros e dado fim em todos os que pudessem saber de algo sobre ela.

Talvez aquele nem ao menos fosse seu nome real. E a Rainha também não duvidava que fosse o caso.

Siyeon, a primeira ministra e sua melhor amiga, tinha lhe avisado para que ficasse esperta em relação à Marechal, pois não confiava completamente na mulher. Porém, a Rainha não tinha escolhas quanto a isso, Handong ocupava o cargo mais alto de sua força militar, e com o país em guerra, ela não tinha como não confiar nela. Precisava dela mais do que qualquer um no momento.

E, de qualquer forma, sua vontade não era a de seguir o conselho da amiga mesmo.

Estava com ela, a primeira ministra, outros políticos e o alto escalão de seu exército discutindo sobre a captura de um líder inimigo que estava, naquele momento, sendo interrogado quando uma batida na porta interrompeu a reunião.

- Entre. - A Marechal autorizou.

- Com licença, Marechal. - O responsável pelo interrogatório entrou na sala e todos os olhos se voltaram para ele.

- O que conseguiu?

- Nada, excelência. Ele se recusa a falar, independe do que tentamos, e garanto que tentamos de tudo que não iria comprometer a fonte de informações. - Os presentes na sala começaram a conversar em sussurros entre si diante daquilo. Estavam contando com o que conseguiriam arrancar do prisioneiro sobre o lado inimigo. - E ele pediu pela sua presença, Vossa Excelência.

O que até então eram sussurros aumentaram de tom e a sala foi tomada por conversas e vozes altas. Muitos se exaltaram com aquela informação. Como poderia ter coragem de exigir algo assim estando na situação de prisioneiro de guerra?

SuA permaneceu em silêncio diante daquilo, mas estava tão surpresa quanto todos os demais ali. Entendia a comoção, mas tinham que se concentrar no problema em questão e todo o alvoroço só servia para distraí-los. A Rainha ia intervir para que voltassem o foco, mas não foi necessário.

Handong bateu a palma de sua mão aberta na mesa, o som ressou pela sala fechada.

Se fosse qualquer outra pessoa que tivesse feito aquilo, SuA teria certeza que ela teria perdido o cortrole, ou pelo menos a paciencia, mas com a Marechal não, ela parecia ainda completamente serena, inabalável.

Todos os ocupantes do cômodo ficaram em completo silêncio.

- Não quero ouvir mais nada sobre o assunto. Se ele quer me ver, assim será. - Ela terminou a fala com um pequeno sorriso de canto de boca. - Ele ainda está na sala para interrogatório ou já foi guardado na cela?

Houve alguns segundos de silêncio nos quais via-se a hesitação em falar diretamente com a Marechal depois dela tê-los mandado ficar em silêncio.

- Ainda na sala, Vossa Excelência.

Sem dizer algo a mais, Handong saiu da sala, deixando os demais sem saberem o que fazer. Exceto por SuA, que a seguiu, não perdendo a mulher de vista por um único segundo sequer.

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