Berlin

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Corte

Domingo

Berlim - Alemanha

19:16

Chego no hotel, tomo um banho e vou direto para a cama, exausta. O pessoal da tripulação me chamou para jantar em um restaurante aqui perto, mas não estou no clima. Mais ou menos 20h de voo, mesmo com revezamento de tripulação, é cansativo. Mas o que mais está me matando é o sentimento de que amanhã, se eu não tivesse vindo para cá, conheceria Michael.

Tento me conformar que nosso encontro teve que ser adiado e me ajeito embaixo do edredom, deve estar uns 11 graus lá fora. Para eles é outono, mas para uma carioca é um inverno de lascar.

Sinto as pálpebras pesando, mas antes de dormir pego o celular e envio uma mensagem para ele que pediu que eu avisasse quando chegasse no hotel. É fofo como ele é atencioso.

-Oi, Sr. que faz álbuns! Já estou no hotel em Berlim. Mais precisamente na cama. Está um frio terrível aqui!

Envio e fico relendo algumas de nossas mensagens anteriores enquanto vou sentindo o sono tomar conta e me vencer.

4h11 da madrugada

Acordo no susto com um trovão, está caindo um temporal feio. Olho no relógio e são 4h e pouco da madrugada, dormi umas 9 horas direto. Me espreguiço na cama aproveitando o quentinho do edredom e sem coragem de sair daqui, ainda bem que posso passar o dia na cama se eu quiser.

Procuro meu celular ao lembrar que enviei uma mensagem para Michael antes de dormir e não vi se ele respondeu ou não.

-Se eu estivesse aí, aqueceria você!

Sorrio surpresa ao ler. É a primeira vez que ele fala algo assim sem eu instigar.

-Hum... e como me aqueceria?

Respondo calculando o fuso horário para ver que horas são lá. Deve ser em torno de 19h e pouco.

-Olá! Apareceu de novo! Rs.

-Desculpa, peguei no sono. Estava exausta!

-Imaginei que tivesse dormido, linda.

Leio e me viro para o outro lado, puxando o edredom branco e pesado mais para cima até tapar minha orelha e meu ombro.

-Onde você está?

Pergunto em outra mensagem.

-Acabei de chegar em casa.

-Posso saber onde o senhor estava? Rs.

-Na casa de um amigo. Meus filhos não estão em casa hoje e aproveitei para sair um pouco.

-Hum, amigO... sei!

Respondo brincando.

-AmigO, sim!

-Tá bom, acredito!

-É verdade! Rs

-Posso ligar? Saudades de ouvir a sua voz.

Ele pergunta e ligo pelo celular. Chama duas vezes e ele atende.

-Boa noite!

Coloco no viva-voz e ajeito o aparelho no travesseiro ao lado da minha cabeça.

-Bom dia, linda! Por aí já está quase amanhecendo, não é?

-Sim, já já começa o dia.

-Dormiu bem?

-Dormi... apaguei logo depois de enviar aquela mensagem para você e acabei de acordar. Mas, sabe, ainda estou com frio.

Michael

AnônimoOnde histórias criam vida. Descubra agora