09. REPETIR?

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Cindy, por ser uma das poucas funcionárias a saber o básico de alemão, se aproximou do segundo patrão com passos acelerados. O loiro, ao notar a funcionária se inclinou para ouvir o que ela tinha para lhe contar por meio de sussurros.

Ninguém no recinto parecia respirar direito, com medo de perder os próximos desdobramentos da noite, já muito agitada no lugar.

Enquanto ela contava, os olhos do alemão vasculharam o lugar, o seu rosto estava vermelho por conta da raiva e cada olhar que cruzava o seu a pessoa abaixava a cabeça constrangida.

— Se não fizermos contato visual com o alemão raivoso estaremos a salvo. - Jason sussurrou pegando uma batata e comendo, por reflexo, imitou o mesmo gesto do rival, ambos fingindo estarem mais interessados no prato praticamente vazio do que no desenrolar da confusão causada "indiretamente" por eles. Claro, que hora ou outra uma olhadela para aquele lado escapava.

Para ser sincera, Hans, apesar da expressão intimidadora assim como o seu tamanho, era a pessoa mais dócil e compreensível do mundo...Exceto quando estava bravo. O que era o caso.

— Julien! - o citado estava com a mão na porta da cozinha, prestes a entrar. Se fosse humanamente possível, seus ombros estariam muito acima da cabeça. O Mendal virou lentamente na direção de Hans, sorrindo amarelo.

— Já voltou? - riu tentando disfarçar o nervosismo, mas o alemão não estava para papo e apontou para o chão, o que significava que ele deveria ir para lá. Cindy observava a situação preocupada, será que realmente falou certo?


— Não deveríamos intervir? - Ysaline falou baixo, olhando de canto, mesmo que com a cabeça abaixada.

— Quem quis florear tudo foi ele, - Jason franziu o cenho - então, que lide com as consequências!

— Belo irmão, você!

— Sempre soube. - a Dolga não conseguiu esconder a cara de desgosto diante do comentário. - Se tem uma coisa que aprendi na minha vida é: em briga de casal não se mete... Olha a nossa situação agora:- apontou de si para ela. - você quase apanhou e estamos agindo como espiões infiltrados no covil do inimigo!

— Mas foi por minha... - o Mendal colocou o dedo nos lábios dela.

— Você trouxe o problema? - ele ponderou uns instantes antes de concordar com a cabeça. - Trouxe. Mas ele sabia que poderia ter consequências. Na verdade, todos... - o "casal" ergueu um pouco a cabeça e todos os funcionários imitavam o gesto deles, fingindo estar concentrados em suas funções. Inclusive tinha um que estava quase afundando a mesa de tanto passar o pano no mesmo lugar.

Hans saiu de onde estava para ir de encontro aos três jovens que tumultuaram o seu precioso bar. Bem que algo lhe dizia para não ir, mas fazia muito tempo que não via a família e Geneviève estava tão animada com a viagem de trem que resolveu ignorar. Todavia, a pequena começou a passar mal de uma hora para outra e a viagem teve que ficar para outro dia.

Ele pousou as mãos enormes no ombro de cada uma das mulheres, o que gerou um arrepio em ambas. Laura, por conhecê-lo, se sentiu mais calma quando Hans virou o rosto em sua direção, ele não parecia bravo com ela, era quase como se perguntasse se estava bem. A mexicana balançou a cabeça. Hans repetiu o gesto com Nicole que também concordou, apesar de estar um pouco confusa.

A expressão do homem mudou completamente quando fitou Éric, este encolhido em posição fetal, esperando mais ataques, já que pelo clima do lugar não parecia que seria amigável a aproximação do outro homem.

— Levantar! - o loiro disse em um tom frio. Julien já estava ao seu lado, apenas observando, não queria dar um pio.

Como o Lepetit não fez nenhum movimento, o alemão soltou o ar pelo nariz, tentando controlar sua irritação, antes de se abaixar para pegar pelo tecido da camisa o puxando, como aquelas garras de máquina. Éric arregalou os olhos, não contava que isso pudesse acontecer, se bem, que ele nunca contou com a possibilidade de estar naquela situação, ainda mais com Nicole, que em sua concepção era uma avoada.

Acordo sem compromissoOnde histórias criam vida. Descubra agora