O primeiro raio de sol invadia o quarto pelas frestas da cortina, anunciando uma nova manhã. Felix abriu os olhos lentamente, se espreguiçando sob o lençol de cetim, e logo sentiu um par de olhos observando-o. Ao seu lado, Risabae estava deitada de lado, apoiada no cotovelo, com um sorriso suave que aquecia seu coração.
— Bom dia, dorminhoco — ela sussurrou, ainda sem desviar o olhar de seu rosto.
Felix deu um sorriso preguiçoso, ainda se acostumando à luz suave do quarto.
— Bom dia — respondeu, estendendo o braço para envolvê-la e trazê-la para perto.
Enquanto a puxava para junto de si, Felix acariciou os longos fios rosados que caíam pelos ombros de Risabae. Os dedos deslizavam pelas mechas suaves, e ele se pegou admirando o contraste entre os cabelos coloridos dela e os dele, loiros e compridos. Ela também acariciava seu rosto, afastando com carinho os fios que caíam sobre seus olhos sonolentos.
— Você realmente não sente falta de dormir até tarde? — ele perguntou, ainda relaxado, mas com uma leve risada.
Ela balançou a cabeça e deu uma risadinha.
— Quando se chega na casa dos 35 anos, se aprende a valorizar as manhãs... Mesmo que você, com seus 20 e poucos ainda não entenda totalmente isso — disse Risabae com um sorriso carinhoso, tocando de leve o queixo dele.
— Ei, eu estou com 24... mas não sinto tanta diferença assim entre nós dois — disse Felix, encarando-a com doçura. — Pra mim, é só um número... Você me faz sentir completo.
Risabae sorriu, seu olhar se tornando mais suave.
— Você sempre foi maduro pra sua idade, Lee Felix. Acho que é isso que mais admiro em você.
Ele sorriu mais amplamente, sentindo o coração bater um pouco mais rápido.
— E eu admiro o fato de que você é paciente comigo... e sempre acredita em mim. Eu nunca precisei ser ninguém além de mim mesmo com você.
Ela segurou seu rosto com delicadeza, seus olhos transmitindo toda a segurança que Felix precisava para encarar o mundo lá fora.
— Nunca serei nada além do que você precisa, meu querido. E, mesmo quando o mundo tentar moldá-lo, estarei aqui para te lembrar quem você realmente é.
Felix suspirou, abraçando-a com mais firmeza.
— Posso ficar aqui pra sempre — murmurou.
Risabae riu suavemente.
— Gostaria, mas temos um dia cheio hoje, lembra? Você tem um ensaio importante... E sei que não quer chegar atrasado.
Ele bufou, rolando os olhos.
— Esse ensaio... O que me irrita é que é com ele.
Risabae acariciou seu braço, tentando tranquilizá-lo.
— Hyunjin pode ser irritante, mas ele é profissional. E você é o melhor. Vai brilhar, como sempre.
— Se eu puder ignorar as provocações dele, talvez — respondeu Felix, com um pequeno sorriso. Ele fechou os olhos por um instante, aproveitando o conforto da companhia de Risabae. — Por enquanto, só quero mais uns minutos aqui... Só com você.
Ela sorriu e o abraçou com carinho.
— Então fique. Eu estarei aqui sempre que precisar.
...
Felix estava de pé ao lado de Risabae, escovando os dentes na pia dupla. Ele a observava de soslaio, apreciando os pequenos gestos dela enquanto ela se concentrava na escovagem. O reflexo deles no espelho mostrava uma imagem simples, mas cheia de carinho. O som suave da escova raspando os dentes foi quebrado por uma risada baixa e suave de Risabae.
— Você escova os dentes como uma criança, sabia? — ela disse, com um sorriso travesso, olhando para ele enquanto ela terminava de se enxaguar.
Felix riu e virou-se para ela, dando-lhe uma expressão zombeteira.
— Ah, é? Só porque não fico indo de um lado pro outro, igual a você? — ele brincou, pegando uma toalha e secando a boca.
Ela sorriu, um sorriso leve e natural, que fazia seus olhos brilharem de forma especial. Era nesses momentos que Felix sentia uma paz que não conseguia explicar. Risabae sempre teve esse efeito sobre ele.
Depois de se secarem, eles se dirigiram à cozinha. Felix foi direto para o fogão, onde começou a cozinhar os ovos, com cuidado para deixá-los exatamente do jeito que ele gostava. Risabae, por sua vez, foi até a cafeteira e colocou o pó para preparar o café. O som da cafeteira preenchia o silêncio da casa enquanto os dois se moviam lado a lado, sem pressa, apenas curtindo a rotina compartilhada.
— Acho que a única parte do dia que eu realmente gosto é essa — disse Felix, quebrando o silêncio enquanto mexia os ovos na frigideira. Ele se virou para ela, sorrindo. — Nem todo dia é tão tranquilo, mas essas manhãs com você... elas são perfeitas.
Risabae lhe lançou um olhar suave, os cabelos rosados levemente desarrumados, mas ainda assim radiantes de uma beleza serena.
— Eu também gosto desse tempo com você, querido — ela respondeu, colocando duas xícaras de café na mesa — é algo tão simples.
Felix deu de ombros e se aproximou da mesa com os ovos prontos. Ele sentou-se ao lado dela, que já estava se servindo do café.
— É simples, mas... perfeito — ele repetiu, com um sorriso mais profundo. Pegou a xícara de café, tomando um gole. — E, bem, eu sou fã dessa rotina.
Risabae olhou para ele por um momento, e então, como de costume, beijou o rosto dele com carinho. Beijou suavemente o lado direito de seu rosto, tocando sua pele marcada por pequenas sardas marrons. Ela conhecia aquelas sardas, como conhecia cada centímetro do rosto de Felix, afinal, era maquiadora dele há cerca de três anos.
— Eu amo essas sardas, sabia? — Risabae murmurou, seus lábios ainda tocando o rosto dele. — Você tem esse rosto único. Quando me apaixonei por você, foi por causa desse rosto... e de quem você é por dentro.
Felix sorriu, o toque de Risabae sempre o fazia se sentir único e especial. Ele sabia que ela realmente o via, além da imagem que o mundo via.
— É engraçado como as coisas acontecem, né? — disse Felix, olhando para ela com ternura. — Há 9 meses, não imaginaria que estaríamos assim. Eu sempre via você como minha maquiadora... e agora você é muito mais do que isso.
Risabae sorriu, beijando a ponta do nariz dele, como se soubesse exatamente o que ele queria dizer.
— O tempo passa rápido, mas tudo tem seu momento certo — ela disse, tocando-lhe o braço com carinho. — E o momento certo para nós foi agora. Eu sempre soube que existia algo a mais, só não sabia como chegaria a esse ponto.
Felix sorriu com sinceridade, sentindo a intensidade das palavras dela. Ele segurou a mão dela sobre a mesa, entrelaçando os dedos com os dela.
— Eu me sinto em casa com você, Risabae.
Eles ficaram ali, compartilhando aquele silêncio confortável, onde as palavras não eram necessárias. Ele sabia que, mesmo nos dias mais corridos e turbulentos, teria aquele espaço tranquilo, ao lado de Risabae. E era tudo o que ele precisava.
...
Felix e Risabae chegaram no estúdio de mãos dadas, caminhando pelo corredor de concreto frio. Felix não conseguia esconder seu desânimo, os ombros caídos e o olhar impaciente.
— Hyunjin... sempre atrasado — Felix murmurou, com um suspiro, ao perceber que seu colega ainda não havia chegado. Ele passou a mão nos cabelos, irritado, enquanto olhava para o relógio na parede. — São três dias seguidos que a gente fica esperando. Isso está começando a me irritar.
Risabae apertou suavemente sua mão, tentando calmá-lo. Sabia o quanto isso o incomodava, mas também entendia que Hyunjin era assim. Sempre um pouco desorganizado, mas com um talento inegável. Ainda assim, o comportamento dele estava começando a testar os limites da paciência de Felix.
— Ele deve estar em algum engarrafamento, ou algo assim — Risabae tentou, tentando amenizar a tensão. — Respira fundo, Felix. Você sabe como ele é.
Felix balançou a cabeça e bufou, mas não respondeu. Ele simplesmente não gostava de perder tempo, especialmente quando as coisas poderiam ser feitas com mais organização. Hyunjin sempre parecia colocar mais uma pedra no caminho, e isso o deixava ainda mais ansioso.
Eles chegaram ao camarim e Risabae foi logo se dirigindo para a mesa de maquiagem. Felix a seguiu e se sentou na cadeira próxima, observando-a enquanto ela organizava seus produtos de maquiagem. O estúdio estava silencioso, exceto pelo som suave das coisas sendo dispostas sobre a mesa.
Felix estava visivelmente frustrado, mas seu olhar suavizou quando ele a viu se concentrar em sua tarefa. Ele se levantou devagar, seus olhos fixos nela enquanto ela pegava os pincéis e começava a arrumar a maquiagem que ele usaria para o ensaio.
Risabae estava linda, como sempre, mas hoje parecia ainda mais serena. Felix observou seus movimentos precisos e delicados. Ela sempre o surpreendia com a forma como podia ser tão meticulosa em sua arte e ao mesmo tempo tão cheia de vida. Ele sorriu, sem resistir.
— Você é tão bonita quando se concentra... — ele disse, sua voz suave, quase num sussurro.
Risabae parou por um momento, virando-se lentamente para ele, um sorriso suave curvando seus lábios. Ela nunca se cansava de ouvir essas palavras de Felix, e elas sempre a faziam se sentir especial. Mas o que ela não esperava foi o gesto que ele fez a seguir.
Antes que ela pudesse responder ou começar o trabalho, Felix se aproximou dela, puxando-a suavemente pela cintura e a atraindo para perto. Ela não teve tempo de reagir, e logo seus lábios estavam se encontrando num beijo suave, porém cheio de intensidade.
— Felix... — ela sussurrou entre o beijo, mas ele a calou com mais um toque, mais profundo, mais lento. O beijo parecia mais um refúgio para ele, algo que ele precisava, não só para se acalmar, mas também para expressar o que sentia sem palavras.
Felix deixou o beijo se prolongar, suas mãos deslizando para o pescoço dela, ainda mantendo os olhos fechados enquanto seus corpos estavam praticamente colados. Ele estava cansado de esperar, cansado de tudo o que o incomodava naquele momento, e o beijo com Risabae era exatamente o que ele precisava para aliviar a tensão.
Quando finalmente se separaram, os dois estavam respirando pesadamente, mas seus rostos ainda estavam próximos, os olhos fixos um no outro. Risabae, com um sorriso tranquilo, tocou o rosto de Felix com a ponta dos dedos.
— Você é impossível, sabia? — ela disse baixinho, ainda com um sorriso suave.
Felix riu suavemente, apoiando sua testa contra a dela.
— Eu sei. Mas você me deixa assim... — ele respondeu com um sorriso terno. — E eu adoro ser bobo por você.
Risabae suspirou, acariciando os cabelos dele com carinho.
— Você não deveria estar mais focado no trabalho, Felix. Hyunjin vai chegar e você vai precisar estar pronto.
Felix abriu os olhos, dando um sorriso travesso.
— Eu estou sempre pronto... para você — ele disse, com uma piscadela. — Agora, se me der licença, vou deixar Hyunjin mais nervoso ainda. Vou ser o primeiro a estar preparado.
Risabae riu, sabendo exatamente o que ele queria dizer, e se afastou lentamente, retomando sua tarefa de preparar os materiais. Mas, antes de começar, ela olhou novamente para Felix, seus olhos brilhando.
— Eu te amo, você sabe, né?
Felix a observou por um momento, sentindo-se completo e em paz ao lado dela. Com um sorriso largo, ele respondeu, sem hesitar:
— Eu também te amo, Risabae.