- Não acredito nisso! Maldito pilantra.
A voz de Helena era irritada. A carta de demissão em suas mãos estava amassada e depois da discussão não fazia tanta diferença.
Era revoltante. O homem era insuportável com toda certeza. Helena não sabia dizer quem afinal era pior. Um infeliz vagabundo que não trabalhava e se achava o dono do pedaço. Ou a maldita família arrogante. Tinha sido a pior coisa em sua vida ter conhecido aquele infeliz.
Havia deixado a cidade. Quem afinal podia achar que existia a menor possibilidade de olhar para um ex-ficante de um mês que estava tentando se reaproximar depois dos melhores doze anos de sua vida distante dele;
-Louco.Só pode estar bêbado ou drogado. Não existe outra explicação.
A coisa toda era uma bagunça. Bem, afinal vingança era sempre vingança. O infeliz era amigo de um ex-namorado que havia pago um bom dinheiro para se vingar. Como senão bastasse o carinha ter se envolvido com uma amiga sua e sair desfilando pela pequena cidade enquanto as pessoas riam dela das escapadas para boate, restaurantes e viagens. Afinal todos tinham seu preço. Ela havia aprendido isso bem. Homens eram sempre homens. Havia tantas mulheres com quem ele podia ter saído. E como não bastasse as farras, jogos e apostas como os amigos pilantras e de baderna a cobiça havia falado alto.
Encontrar uma mulher de boa situação financeira era um sonho para ele. Melhor ainda tinha sido descobrir que a futura esposa era herdeira de uma herança que facilmente ia garantir a ele uma casa luxuosa próxima a praia. A vida dele havia mudado do dia para noite sem ter que trabalhar e lutar para ganhar o sustento como qualquer um sem ter que pisar nos outros.
- Vai contar para Steven?
Kate estava suspirando observando a amiga caminhar em círculos com irritação crescente.
- Fui demitida do infeliz jornal. Caramba.
- Tem que admitir que toda a história viralizando nas redes sociais foi bastante convincente para grupos políticos. Fake news ou não...
- Fui demitida. Não quero ouvir o papo da preservação da floresta porque é uma das possibilidades para que resolver o aquecimento global. E definitivamente nem saber da balela de sempre que estrangeiros estão de olho por aí em riquezas subterrâneas da Amazônia.
Kate que era uma mulher de meia-idade de brilhantes cabelos negros e olhos escuros ajeitou melhor a blusa de seda sobre a calça que estava ficando outra vez larga. Pelo menos a dieta começava a fazer efeito e só faltava a pior parte que era muita malhação e academia para combater a flacidez.
- Imagine uma civilização de 600 milhões de anos na Amazônia! Não existe estudo acadêmico sobre isso.
- O velho senso científico. Teorias são teorias e não vamos comentar que a Terra não é redonda.
Tudo bem. Havia gente para tudo e até mesmo para teorias das mais absurdas.
Tinha de tudo e tinha também o Et Bilú. Kate podia ser indulgente com um suposto extraterrestre que falava de forma fluente o português e mais algumas coisinhas.
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Ratanabá
AdventureHavia silêncio quando descobriram o corpo deixado nas matas próxima a fazenda. Era de um garoto de uns dezoito anos. A cidade amanhecia lentamente . No hospital começavam a chegar os primeiros pacientes com o mesmo sintoma.. Existiam antigas lendas...