cap39

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Lorran Lucas

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Lorran Lucas




— Moleque, tu tá escolhendo a aliança ou pedindo pra ela casar?
Gerson já tava pegando no meu pé fazia uns bons minutos, mas eu fingia que não tava ouvindo.

— Paizão, isso aqui não é só uma aliança, é A ALIANÇA. Tem que ser perfeita.

Ele bufou e cruzou os braços.

— Tá bom, tá bom. Mas, pelo amor de Deus, amanhã já é o voo pro Uruguai, e cê tá me enrolando aqui até agora.

— Relaxa, Gerson, dá tempo de sobra.

— Dá tempo nada. O problema é que cê tá parecendo que vai escolher o anel da Elsa do Frozen.

Revirei os olhos, tentando ignorar. Peguei outra caixinha na vitrine e mostrei pra ele.

— E essa aqui? O que cê acha?

Ele olhou rapidinho e fez uma careta.

— Muito exagerada. Não é o estilo dela.

Suspirei e voltei a focar nas opções.

— Tá difícil. Queria algo que combinasse com ela.

— Ela já não tá com você? Então relaxa, moleque. Só não escolhe qualquer coisa de plástico, que tá tudo certo.

Peguei outra caixinha e analisei. Essa parecia boa. Discreta, mas bonita. A cara da Jaíne.

— Essa aqui. Fechou.

— Finalmente!
Ele levantou as mãos pro alto

— Agora dá pra gente comer, né?

Ri, pegando a aliança e o buquê de tulipas que já tinha separado antes.

— Aí, paizão, cê tá reclamando demais. Amanhã a gente tá de folga até o voo. Dá pra dormir tranquilo.

— Dormir? Moleque, cê tá pensando mais nisso aí do que no jogo. Tomara que não entre em campo tão nervoso assim.

— Nervoso? Eu? Só vou decidir uma Libertadores, né? Coisa básica.

— E pedir a menina em namoro depois, com todo mundo vendo.
Ele riu, balançando a cabeça.

— Tu é doido mesmo.

— Tem que ser assim. Quero que seja especial.

— Especial é ela aceitar. O resto é detalhe.

Eu ri de novo, mas sabia que ele tava certo. Só que, sei lá, eu queria fazer tudo do jeito certo, sabe? E isso incluía o pedido, a taça e as tulipas.

Fui até o caixa, onde paguei a aliança e o buquê. O Gerson tava lá, impaciente, mexendo no celular.

— Tá feliz agora?
perguntei, guardando a caixinha no bolso com cuidado.

— Finalmente, né? Bora comer que já tô até tonto de fome.

— Tá bom, paizão, calma aí.

Mal saímos da loja e meu celular começou a vibrar no bolso. Peguei pra olhar. Era o Matheus.

— E aí, Matheus, beleza?
atendi, enquanto Gerson já me puxava em direção à praça de alimentação.

— Beleza nada! Onde cê tá, mano? Sumiu a tarde toda.

— Só resolvendo umas coisas. Por quê?

— Ah, nada. Só tava achando que tu tinha se perdido, já que amanhã a gente viaja. Tá todo mundo te chamando de estrelinha no grupo.

— Estrelinha? Tá de sacanagem.

— Ué, cê sumiu, ninguém sabe o que cê tá fazendo… Já tão inventando história.

Gerson começou a rir alto, e Matheus ouviu do outro lado.

— Pera aí, o Gerson tá com você?

— Tô, tô aqui cuidando do moleque, pra ele não fazer besteira
Gerson respondeu, alto o suficiente pra Matheus ouvir.

— Ih, então já sei que cês tão aprontando. O que é, hein?

— Nada demais, Matheus. Relaxa. Só pensa no jogo de domingo, vai ser nosso dia.

— Sei… Cês tão muito misteriosos.

— Falou, Matheus. Depois a gente se fala.

Desliguei antes que ele começasse a fazer mais perguntas.

— Moleque, ele vai descobrir isso aí rapidinho
Gerson falou, rindo.

— Vai nada. E mesmo se descobrir, já vai ser tarde.

Dei de ombros, guardando o celular no bolso. A fila da praça de alimentação já parecia um estádio em dia de clássico, mas o Gerson tava tão impaciente que se enfiou no meio, puxando meu braço.

— Bora, moleque. Se eu desmaiar aqui, cê vai carregar o Paizão até o avião amanhã.

— Tá bom, tá bom. Escolhe aí, ó.  Apontei pra um dos cardápios, mas ele fez careta.

— Ih, cê quer me botar pra comer saladinha? Tá de sacanagem.

— Gerson, cê reclama de tudo, pelo amor.

Ele riu e pediu o maior prato que viu no menu, enquanto eu só queria algo rápido pra ir embora logo. Assim que sentamos, ele olhou pra mim com aquele sorrisinho debochado.

— Agora que tá tudo pronto, conta aí. Como vai ser o pedido?

— Surpresa, né, Paizão? Não vou te contar.

— Ah, moleque, cê tá de brincadeira. Depois de tudo isso?

— Vai ter que esperar junto com todo mundo.

Ele revirou os olhos e deu uma garfada na comida.

— Só não me faz passar vergonha na frente das câmeras.

— Relaxa, Gerson. Vou representar.

— Sei… Espero que não chore igual criança.

— Só se for de felicidade.

A conversa seguiu mais leve, com ele tentando me provocar a cada cinco minutos, mas eu só ria. O Gerson era assim: implicante, mas parceiro. No fundo, eu sabia que ele tava torcendo pra tudo dar certo.

Quando terminamos, ele olhou pro relógio e suspirou.

— Bora, moleque. Tá tarde. Amanhã é dia de viagem e temos que organizar tudo!

— Incluindo pedidos de namoro 
Sorri, pegando as sacolas com a aliança e o buquê.

Ele só balançou a cabeça, como quem dizia “tu é doido mesmo”. Eu sabia que era, mas às vezes a gente precisa ser, né?

Caminhamos em direção à saída tentando ser meio discretos pois a última coisa que queríamos era ser reconhecidos e ter nossas caras estampadas em sites de fofocas um dia antes da viagem para final da Libertadores e estragar tudo.

Saímos da loja com ele ainda reclamando do tempo perdido, mas, no fundo, eu sabia que ele tava torcendo por mim. Gerson sendo Gerson, né?

Nutri e jogador [ Lorran ]Onde histórias criam vida. Descubra agora