Luma. 🌪️
Eu tava sentada na cama do hospital, tentando controlar os pensamentos que corriam na minha mente. A televisão ligada no canto do quarto mostrava imagens ao vivo de mais uma guerra no morro. O som era baixo, mas alto o suficiente para que eu pudesse ouvir as palavras que me congelaram.
"Guerra entre Nova Holanda e Morro do Salgueiro. As informações que recebemos até agora é que GT e Moeda, os líderes do Morro do Salgueiro, foram assassinados."
Meu coração parou quando vi as imagens na tela. O corpo de Gustavo estava lá, caído no chão, coberto de sangue.
— Mataram o Gustavo... — sussurrei, quase sem voz. — Mataram o Gustavo.
Eu não sabia explicar o que estava sentindo naquele momento. Era como se tudo dentro de mim tivesse parado. A tristeza veio primeiro, um peso no peito, mas logo em seguida, o alívio apareceu, silencioso e pesado ao mesmo tempo. Alívio por finalmente acreditar que agora eu não ia mais ter medo, medo de ser feliz com meu filho.
Eu levei as mãos ao rosto, tentando segurar as lágrimas. A porta se abriu, e Thalita entrou, apressada, com a expressão preocupada.
— Você viu, né? — ela perguntou, já sabendo a resposta.
Eu apenas assenti, ainda em choque.
— Gustavo morreu... — falei, como se precisasse repetir pra acreditar.
Thalita suspirou e se aproximou, sentando na beira da cama.
— A invasão era por causa dele. Ele tava indo pra Nova Holanda, tentando tomar o morro.
Eu balancei a cabeça, tentando absorver aquilo.
— Por que você não me contou antes?
— Porque você já tá passando por muita coisa, Luma. Eu não queria te deixar ainda mais nervosa. Mas agora tá tudo bem. Tá todo mundo bem.
— Meu filho... — perguntei, com a voz trêmula. — Meu filho tá com quem?
— Ele tava com a Nanda. As meninas cuidaram bem dele. Tá tudo tranquilo, amiga, pode ficar calma.
Eu respirei fundo, tentando me acalmar. Thalita olhou pra mim com um sorriso leve.
— Eles chegaram aqui pra te visitar.
— Quem?
— O Russo e o João.
Meu coração acelerou, e eu passei a mão pelo rosto, tentando me recompor.
— Chama o Russo primeiro. Quero falar com ele.
Thalita assentiu e saiu do quarto. Alguns minutos depois, Renan entrou, com o rosto sério e preocupado. Ele fechou a porta atrás de si e veio direto pra perto da cama.
— Tá tudo bem, loira? — ele perguntou, segurando minha mão.
— Aos poucos estou melhorando.
Olhei pra ele, estudando cada detalhe do seu rosto. Ele parecia cansado, mas aliviado.
— Eu vi na televisão, Renan. Eu vi o Gustavo... Ele morreu.
Ele respirou fundo e assentiu.
— Acabou, Luana. Agora acabou de vez. Ele não vai mais atrapalhar a gente, não vai mais tocar no João.
— Obrigada... Obrigada por tudo o que você fez. Você salvou a minha vida, o meu filho... Eu nem sei como agradecer.
Ele se aproximou mais, apertando minha mão com força.
— Não precisa me agradecer. Eu faria tudo de novo. Por você, pelo João, pela nossa família. Eu te amo, Luma. Você é minha vida.
Senti as lágrimas escorrerem novamente, mas dessa vez era diferente. Era um peso sendo tirado dos meus ombros.
— Renan... — comecei, hesitante. — Eu tô grávida.
Ele ficou imóvel por um momento, os olhos fixos nos meus. Então, vi as lágrimas começarem a se formar.
— Meu Deus... Luana... Obrigado. Obrigado por realizar mais esse sonho. Você é a mulher da minha vida, mãe dos meus filhos. Eu tô muito feliz.
Ele se inclinou e me abraçou com cuidado, como se eu fosse quebrar.
— Eu tô com medo, Renan — confessei, baixinho. — Medo do futuro, medo do que pode acontecer.
Ele se afastou só o suficiente para olhar nos meus olhos.
— A gente vai enfrentar tudo juntos. Essa é só mais uma batalha, e a gente vai vencer, como sempre fez.
Senti meu coração se acalmar um pouco, mas ainda estava ansiosa.
— E o João?
— Ele tá aqui fora. Quer que eu chame ele?
Eu assenti, e Renan saiu do quarto. Minutos depois, João entrou correndo, com aquele sorriso que sempre ilumina qualquer lugar.
— Mamãe!
Ele subiu na cama e me abraçou com força.
— Tô com saudade de você!
— Também tô com saudade, meu filho.
Ele se afastou só o suficiente para olhar pra mim, confuso.
— Por que você tá no hospital?
Eu sorri e passei a mão no rosto dele.
— Você vai ter um irmãzinho, meu amor. A mamãe quase perdeu o bebê, mas agora tá tudo bem.
Os olhos dele brilharam, e ele sorriu ainda mais.
— Sério? Finalmente vou ter um irmão, já tinha meus irmãos de coração que é o kauazinho e os gêmeos, mas eu queria um irmão de verdade.
Eu ri, emocionada. Renan, que estava encostado na porta, nos observava com um sorriso no rosto. Mesmo com todo o medo e as dificuldades, naquele momento, eu sabia que a gente ia conseguir.
Eu não esperava a gravidez, não foi planejada. Mas era a realização do meu sonho, eu não sei explicar tamanha felicidade.
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Lance Eterno [M]
FanfictionQue o amor entre nós não seja eterno, mas que cada momento vivido com você seja infinito.