Capítulo I

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Nota (1):
Os personagens e o universo de Harry Potter pertencem a J.K. Rowling e à Warner Bros Entertainment, Inc. Esta fanfic não tem fins lucrativos, sendo uma obra de ficção criada com o propósito de explorar a emoção e o amor entre os fãs do casal e do universo de Harry Potter.

Nota (2):
Esta história contém uma relação homem x homem (M/M). Se este conteúdo não for de seu agrado ou se causar desconforto, por favor, sinta-se à vontade para não continuar a leitura.

Nota (3):
Esta fanfic aborda temas sensíveis, como abuso psicológico, manipulação emocional e exploração. A dinâmica entre os personagens será complexa e gradualmente desenvolvida, com foco em uma relação tóxica e desbalanceada. Caso estes temas sejam desencadeantes ou desconfortáveis para você, recomendamos cautela ou pausa na leitura.

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    Tic-toc.

Tic-toc.

Tic-toc.

Harry observava a parede, o som do relógio da pequena cômoda ecoando no silêncio pesado. Se olhasse para o lado, veria o crepúsculo se instalando lentamente, encoberto pela neblina que pairava sobre Londres. A coberta floral, já desbotada e desgastada pelo tempo, o cobria parcialmente. Seu corpo, nu em boa parte, estava marcado por uma dor constante que parecia penetrar em cada fibra de seu ser.

  A água corrente podia ser ouvida ao longe, vinda de onde ficava o banheiro. O som de algo tão simples e comum, tão longe de sua realidade caótica, parecia ainda mais distante.

   Ele suspirou, exausto. Com grande esforço, inclinou-se para olhar suas mãos, antes de desviar o olhar para a porta velha, com a pintura lascada e desbotada, que parecia desabar a cada toque do vento que entrava pela fresta.

  Qual era o nome daquele homem que estava no banheiro mesmo? Mardowvik? Ou Guiles?

   Ele não conseguia se lembrar. Na verdade, já estava se acostumando com o fato de que cenas como essa se repetiam com frequência, tão rotineiras que se tornavam quase invisíveis. Quase.

  O brilho de um pequeno aro dourado capturou sua atenção, refletindo a luz fraca que penetrava pela janela empoeirada. Ao lado, um pacote de couro descansava sobre a cômoda, repleto de galeões e sicles.

  Seu pagamento.

  Harry levou os dedos indicador e médio até o pescoço, tocando suavemente a curva sensível da pele. Um choque de ardência percorreu sua espinha, e ele mordeu os lábios com força, suprimindo o gemido que quase escapava. A dor, aquela constante lembrança de que seu corpo não era mais seu, o fez estremecer. Dói.

– Estavas magnífico essa noite, preciosa. – O forte sotaque se infiltrou nos ouvidos de Harry, quase como um veneno doce. O homem, de aparência aristocrata e cabelos grisalhos, pronunciava aquelas palavras com um prazer que parecia excessivo, quase grotesco. – Mas devo dizer, estava tão lindo gemendo sob mim que não pude me controlar.

O homem agora se vestia, suas mãos ágeis abotoadas nas mangas da camisa enquanto cantarolava uma música estranha, algo que Harry não conseguia reconhecer. A marca da aliança, ainda visível em seu dedo, brilhava sob a luz fraca, quase desdenhosa em sua visão. Ele deu o nó na gravata com precisão, antes de encarar o garoto ainda emaranhado nos lençóis surrados.

– Oh, não me olhe assim, preciosa. – A voz rouca do homem ronronou, e ele pegou uma pequena bolsa de couro, jogando-a perto de Harry, que abaixou os olhos, focando nela com a esperança de não encarar mais nada que fosse humano ali. – Por causa dessa noite, resolvi dar alguns galeões a mais para você.

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