Será que pode ficar pior?

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Ao sair da enfermaria, Jimin sentia-se ligeiramente mais leve, mas o peso da tensão ainda pressionava seu peito. Enquanto caminhava em direção à saída, os olhares e sussurros ao seu redor não diminuíram; ao contrário, pareciam mais intensos. Ele abaixou a cabeça, tentando ignorar os murmúrios.

Quando alcançou o portão da escola, avistou Rose esperando por ele, braços cruzados e preocupação evidente no rosto. Assim que notou o curativo no supercílio de Jimin, ela correu até ele, franzindo o cenho.

— O que aconteceu? Quem fez isso com você? — perguntou, com um tom quase autoritário.

— Jungkook. Mas está tudo sob controle — respondeu Jimin, tentando soar convincente. Ele sabia que Rose odiava sua tendência de guardar as coisas para si, mas não estava pronto para se aprofundar no assunto.

— Sob controle? Você está machucado, e metade da escola está falando sobre você! — ela rebateu, visivelmente irritada. — Não me venha com esse papo de "sob controle".

Jimin suspirou, passando a mão pelos cabelos. Ele sabia que ela tinha razão, mas não tinha forças para discutir.

— Vou para casa. Preciso de um tempo para pensar — disse ele, desviando o olhar.

— Eu vou com você — afirmou Rose, decidida.

— Não, Rose. Fica aqui, termina seu dia de aula. Eu só... preciso ficar sozinho. — Ele tentou manter a firmeza, mas sua voz carregava um toque de vulnerabilidade.

Ela hesitou, mas ao notar o estado do irmão, finalmente cedeu.

— Tudo bem. Mas me manda mensagem assim que chegar em casa, entendeu? — apontou o dedo para ele em um gesto quase maternal.

Jimin esboçou um leve sorriso, agradecendo internamente pela preocupação dela.

— Pode deixar.

Ao chegar ao estacionamento, Jimin foi direto para sua moto. Ao colocar o capacete, sentiu um alívio ao saber que poderia partir sem depender de ninguém.

Antes que ele acelerasse, Rose gritou:

— Jimin! Só toma cuidado, tá bom?

Ele ergueu o polegar em resposta e ligou o motor, cujo rugido atraiu olhares curiosos. Pouco depois, já estava na estrada, deixando a escola para trás.

Em casa, Jimin largou a mochila no sofá e se jogou na cama, fitando o teto. O blog, o soco de Jungkook, o casamento arranjado com Jennie... Era muita coisa para processar.

Até que vozes familiares chegaram a seus ouvidos, vindas de um cômodo próximo.

Seus pais haviam acabado de voltar de viagem, mas ele sabia que não ficariam por muito tempo. Desta vez, estavam ali para discutir os detalhes do casamento com o senhor Jihoon.

— Será que pode ficar pior? — murmurou para si, enquanto ainda sentia a dor do soco.

— Jimin, venha cá, meu filho — chamou seu pai.

Relutante, Jimin se levantou e foi ao encontro deles.

— Olá — cumprimentou seus pais e o senhor Jihoon com um aceno breve.

— Estávamos conversando sobre o casamento e decidimos que é melhor adiantá-lo para o meio do ano — anunciou seu pai.

O choque atravessou Jimin como um golpe. O tempo que ele achava que tinha para escapar dessa situação havia encurtado drasticamente.

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Mais tarde, Jimin estava na sala, absorto em seus pensamentos, quando ouviu o som da porta da frente sendo aberta. Rose havia chegado da escola, largando a mochila em um canto e indo direto ao encontro dele.

— Você não mandou mensagem! — ela exclamou, cruzando os braços com uma expressão de reprovação.

— Desculpa, acabei me distraindo — respondeu Jimin, sem muito ânimo.

Rose olhou para o irmão com desconfiança, mas sua preocupação logo se intensificou ao notar a expressão séria dele.

— Tá tudo bem? — perguntou, sentando-se ao lado dele.

— Não exatamente... — começou Jimin, hesitando. — Nossos pais decidiram adiantar o casamento. Vai ser no meio do ano.

Rose ficou boquiaberta.

— O quê? Como assim no meio do ano? Isso não é tempo suficiente para... para nada! Eles nem te perguntaram como você se sente sobre isso?

— Não. Como sempre, só decidiram e pronto. — Jimin passou a mão pelo rosto, exausto.

Rose suspirou profundamente, mas logo mudou de expressão, como se quisesse aliviar o peso da conversa.

— Olha, falando em sentimentos... Eu preciso te contar uma coisa — começou, um pouco nervosa.

Jimin arqueou uma sobrancelha, intrigado.

— O que foi?

— Acho que tô apaixonada... pela Jisoo. — Rose mordeu o lábio, esperando a reação do irmão.

Jimin olhou para ela com uma mistura de surpresa e curiosidade.

— A Jisoo? Que Jisoo?

— A menina que fica sempre do lado da Jennie.

— Nem reparei.

— Tá, tanto faz. Só que tem um problema.

— E qual seria? — perguntou Jimin, já imaginando o desfecho.

— Ela disse que é hétero. — Rose deu de ombros, tentando disfarçar a decepção.

Jimin deu um sorriso solidário e colocou a mão no ombro da irmã.

— Olha, às vezes as pessoas não estão abertas a essas coisas no momento. Mas isso não diminui quem você é, entendeu?

— É, eu sei. Mas eu não vou desistir — suspirou Rose, encostando-se no sofá ao lado do irmão.

Enquanto isso, na casa de Jennie...

Jennie estava no quarto, deitada na cama e rolando o feed do celular, quando ouviu a porta da frente se abrir. Era uma surpresa, já que seu pai estava sempre viajando a negócios. Curiosa, ela desceu as escadas e o encontrou na sala, sentado com um semblante sério.

— Pai? O que você tá fazendo em casa? — perguntou Jennie, intrigada.

Ele olhou para ela e esboçou um sorriso breve.

— Precisava discutir algumas coisas importantes. Sobre o casamento.

O coração de Jennie apertou.

— O que tem o casamento?

— Decidimos adiantar a data. Vai acontecer no meio do ano.

Jennie sentiu um nó se formar na garganta, mas manteve a compostura.

— Entendi... — respondeu em voz baixa.

Ela voltou para o quarto, fechando a porta com cuidado. Sentada na cama, encarou o celular como se procurasse uma solução mágica para a situação. Por mais que tentasse esconder, o sentimento de impotência crescia dentro dela.

Jennie respirou fundo, tentando não ceder à pressão. Sabia que precisava pensar em algo, mas, por ora, apenas deixou-se cair na cama, fitando o teto.

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⏰ Última atualização: Dec 03, 2024 ⏰

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