Malia Baker, apaixonada e movida pela Arte, se vê perdida quando é obrigada a entrar no clube de atletismo de sua escola para não perder a oportunidade de entrar na sua sonhada Universidade de Artes da California. Mas será que seria tão ruim pratica...
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Uma junção de sentimentos se fazia presente em meu coração, e apenas confusão em minha mente. Sempre fui decidida sobre as minhas emoções, mas agora tudo estava bagunçado, eu sentia tudo a flor da pele e não sabia o que fazer.
No fundo eu sei, no fundo eu sei o que estou sentindo e por quem eu estou sentindo. A fase da negação se faz presente, junto com o medo batucando em minha porta, me deixando insegura e indecisa com tudo.
Coloquei o meu par de fones, casualmente, tocando "Picture You" da Chappell Roann. Aquela mulher é divina.
Deixei meu coração bater mais forte e meus dedos apenas deslizavam pela tela do ipad. Eu seguia apenas o fluxo, sem saber ao certo o que estava fazendo, estava apenas relaxando e vendo no que dava.
No meio do desenho, fui notando os traços marcantes, tais como: olhos, boca, e as malditas mechas.
Era Kylie. A Cantrall certa.
Era o dia em que achei o caderno de KingPum. Eu não sabia que havia notado tanto Kylie até agora, pois os detalhes mínimos estavam presentes. Desde o seu rosto, até a peça de roupa que ela vestia.
E agora, não existia azul e vermelho, e sim laranja ultraforte.
Um sorriso leve saiu de meus lábios, e pareceu que tudo fazia sentido agora. Mas, algo dentro de mim estava incomodada ainda.
E se fosse apenas carência por eu ter dado errado com Sofia? E se fosse birra para provocar Sofia? Eu não posso me empolgar e estragar a minha amizade com Kylie. Ela se mostrava cada dia mais prestativa, paciente, educada e companheira. Companheirismo era um traço forte dela.
Ela me acompanhava para qualquer lugar sem reclamar. Prestava atenção nos mínimos detalhes e seguia Momona para ter certeza se ela não era KingPum. Por mais que essa parte seja um pouco assustadora, era fofo. E não, Tamada não era KingPum.
A porta foi aberta, me fazendo despertar dos meus pensamentos e largar o meu tablet, erguendo o meu olhar, observando minha mãe escondendo algo atrás dela.
— Está ocupada? – questionou com um sorriso nos lábios. O que ela estava aprontando?
— Não mais, mãe. Aconteceu algo?
A mulher soltou uma risada baixa e foi até mim, sentando-se ao meu lado. Me assustei quando ela tirou um vibrador de suas costas.
— Jesus, guarda isso! – minhas mãos rapidamente cobriram o meu rosto, mas logo foram retiradas pela minha mãe.
— Malia, semana que vem é o campeonato, sabe lá com quem você pode usar.
— Eu não vou usar com ninguém! – peguei o objeto de suas mãos e guardei na última gaveta da minha cômoda, aquela que estava cheia de coisas perturbadoras.
— Pare de ser tão careta. Essa casa é totalmente a favor das conversas íntimas. – a loira disse, fazendo meus olhos se revirarem.
— Mãe, só estou dizendo que não vou usar, e outra, vamos para o campeonato. Eu preciso estar focada em entregar o bastão para Kylie, não pensando com quem vou utilizar vibrador e fazer atos carnais com outra pessoa. – dei de ombros, sentei na cama ao lado dela e ergui o tablet em sua direção. — O que acha?
A mulher arregalou os olhos, o tablet foi prontamento pego, ela admirava com os olhos em puro brilho, o sorriso orgulhoso enfeitava os lábios dela. Ela intercalava o olhar entre mim e o tablet, enquanto eu aguardava pacientemente alguma palavra, por tanto, suas expressões eram o suficiente e aqueciam o meu coração.
— Filha, isso é.... Magnífico! É cheio de cor, eu amei! Mas, quem é a garota? – a questão por si me pegou de surpresa, pois ela nunca havia perguntado, mesmo sabendo que era Sofia, desta vez não era.
— Ah, é Kylie, minha amiga e treinadora. – dei uma risada sem humor, dando de ombros e pegando o IPad em seguida. — Talvez eu tenha me puxado nessa arte.
A mulher me analisava, como se soubesse o que estava passando em minha mente, como se soubesse o caos que eu estava sentindo no meu coração. E de fato ela sabia. Mães sempre sabem.
— Você gosta dela? – era uma pergunta que eu não tinha controle, não tinha resposta, e não tinha explicação para justificar meus sentimentos.
— Quê?! Não! – uma risada nervosa escapou, me denunciando para a mulher a minha frente. Merda. — Só estou... Feliz por estar me dando bem com alguém como ela.
Eu não sabia o que estava falando. Eu estava feliz por me dar bem com Kylie, por mais que as vezes pareça que eu sou a única que me abra, mas talvez seja apenas o jeito dela, certo?
— Alguém como ela? Malia, isso é preconceito!
— Não, mãe! Alguém como ela, tipo... Kylie é uma garota incrível e de muitas camadas, ou seja, estou feliz por estar conhecendo a parte dela que ela me permitiu conhecer.
— Bom, já que diz, não vou dizer o contrário. Em relação à sua arte, eu tenho muito orgulho de você, Mali. – sua mão foi até os meus cachos, um sorriso bobo estampava a sua boca. — Terei muito orgulho de dizer que acompanhei a sua evolução desde o início.
Um beijo singelo se fez presente em minha testa, abracei o corpo fortemente de minha mãe, sendo retribuída de imediato.
— Obrigada por acreditar em mim.
— Obrigada por ser você.
(...)
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