Sharpest Tool

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I'm looking for an answer in between the lines

Lying to yourself if you think we're fine

You're confused and I'm upset

But we never talk about it


A primeira etapa do campeonato de ginástica era sempre um dos eventos mais esperados do ano por um motivo simples: um fim de semana em outra cidade, longe dos pais e com supervisão mínima. Em outras palavras, a oportunidade perfeita para os adolescentes com hormônios demais (e juízo de menos) aproveitarem sua "liberdade" como bem entendessem.

Quando o ônibus parou em frente ao hotel na sexta-feira à noite, as amigas de Rebeca já tinham todos os seus passos do fim de semana completamente detalhados.

Primeiro elas iriam dormir, obviamente. O campeonato começava cedo no dia seguinte, e elas eram comprometidas o suficiente com a ginástica para não cogitarem uma noite de festa antes de uma competição - principalmente após quase quatro horas enlatadas dentro de um ônibus que estava longe de ser um transporte cinco estrelas.

Na noite seguinte, no entanto, Rebeca já previa o caos.

Ela tinha certeza que o quarto que iria dividir com Flávia estava destinado a se tornar o ponto de encontro do grupo, provavelmente mais movimentado do que a própria área comum do hotel. Flávia - com um brilho aterrorizante nos olhos e uma bolsa cheia de garrafas que Rebeca tinha certeza continham qualquer coisa menos água - não tinha perdido tempo em compartilhar seus planos para transformar a noite após a competição em algo 'memorável' – de acordo com suas palavras, mas que, dado seu histórico, provavelmente seria mais pro lado de 'desastroso'.

"E aí, quem vai te levar pra cama essa noite?" A voz de Simone chegou aos seus ouvidos enquanto elas esperavam Chico e Irina terminarem de registrar todas as garotas da equipe nos seus devidos quartos.

A outra ginasta vestia uma roupa de academia e uma jaqueta puffer que chegava até pouco abaixo da sua cintura. Rebeca não conseguia imaginar que ela estava muito protegida do frio de um final de inverno, mas Simone não parecia incomodada e ela não reclamaria nunca do pouco que aquelas roupas realmente deixavam pra imaginação.

(Ela tinha certeza que se abrisse a jaqueta, os piercings no mamilo de Simone estariam pressionando contra o tecido do seu top daquela maneira que nunca falhava em lhe deixar completamente maluca sempre que elas estavam treinando ou se exercitando.)

"A Flávia," respondeu após alguns segundos, parecendo lembrar-se que Simone tinha perguntado algo. "Mas confesso que na minha lista de preferência, seria mais interessante se você estivesse me levando pra cama hoje."

Simone riu, dando um passo para frente e diminuindo a distância entre elas. Seus olhos brilhavam como se ela estivesse se divertindo, e aquele momento leve e sem (muita) pretensão era quase suficiente para fazer com que Rebeca esquecesse das frustrações que ela vinha acumulando nas últimas semanas (nos últimos meses, na verdade).

"Eu também preferia," Simone concordou, erguendo-se na ponta dos pés e encostando o queixo no ombro esquerdo de Rebeca - um gesto casual, mas ao mesmo tempo extremamente íntimo. Suas próximas palavras foram praticamente um suspiro contra a pele da ginasta mais alta,"Mas não tem jeito que eu vou estar em cima daquele pódio amanhã se eu passar a noite em cima de você."

Revirando os olhos, Rebeca fingiu empurrá-la para longe. "Você está tentando me distrair. Não vai funcionar."

Não iria funcionar porque Simone sempre tinha sido uma distração, ainda que de maneiras distintas ao longo dos anos: quando ela era a garota nova na escola, quando ela se mostrou tão boa quanto Rebeca na ginástica... quando começaram o ensino médio e todos os garotos (e eventualmente garotas) de repente pareciam dispostos a lamber o chão que ela pisava.

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