capítulo 28

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" A inveja vê sempre tudo com lentes de aumento que transformam pequenas coisas em grandiosas, anões em gigantes, indícios em certezas"

Valentina abraçou Luiza por trás enquanto admiravam o pôr do sol. A luz dourada do final da tarde iluminava seus rostos, criando um momento perfeito de serenidade. Depois de um longo silêncio, Valentina finalmente quebrou o clima, sua voz suave e cheia de emoção.

- Meu amor, andei pensando no que você disse sobre a venda da fazenda - começou ela, os olhos fixos no horizonte. - Eu não tenho muitas boas lembranças daquela casa. Meu ex-marido fez questão de transformar aquele lugar em um pesadelo. Por isso, evito ir até lá há anos.

Luiza virou-se para encará-la, surpresa com a abertura de Valentina sobre algo tão pessoal.

- Valentina, você não precisa se justificar. Se vender a fazenda vai trazer paz para você, faça isso.

Valentina sorriu levemente e acariciou o rosto de Luiza.

- Quero refazer minhas memórias, criar novas histórias... e espero que você, Luiza, seja a pessoa certa para estar ao meu lado nessa nova fase.

Sem conseguir esconder o impacto das palavras de Valentina, Luiza sentiu um calor subir em seu peito. Não sabia ao certo como responder, então simplesmente apertou a mão de Valentina com carinho.

- Eu estou aqui, sempre, Val.

Depois de alguns minutos, Valentina sugeriu:

- Vamos tomar um café?

As duas se dirigiram até o pequeno café da propriedade, onde conversaram sobre assuntos leves, tentando aliviar o peso do momento anterior. Quando terminaram, Luiza se despediu com um beijo doce e demorado.

- Tchau, meu amor.

- Tchau, vida.

Luiza entrou no carro e bateu no volante com força, deixando escapar um grito de frustração. Ela estava tomada por uma mistura de raiva e culpa. Enquanto respirava com dificuldade, as lágrimas começaram a rolar por seu rosto.

- Por que eu faço isso? - murmurou para si mesma, apertando as mãos contra o volante. - Eu a amo tanto... Por que eu a machuco assim?

A lembrança do sorriso de Valentina ainda estava viva em sua mente, tão doce e sincero. Mas Luiza sabia que, se continuasse envolvida nos planos de seu pai, acabaria perdendo a mulher que mais amava. E isso a apavorava.

- Quando eu perder você... - disse baixinho, como se estivesse conversando com Valentina ali. - Eu sei que não vou conseguir dormir tranquila.

Ela apoiou a testa no volante, respirando fundo para tentar se acalmar. Um toque em seu celular interrompeu seus pensamentos. Era uma mensagem de Valentina:

"Chegou bem? Não esqueça que estou aqui para você, sempre. Te amo."

Ao ler aquilo, o peso no peito de Luiza aumentou. Ela fechou os olhos por um momento, segurando o celular com força. Queria responder, mas as palavras pareciam não fazer sentido diante do que estava prestes a fazer.

- Eu não mereço você, Valentina... - disse em voz alta, sentindo o nó em sua garganta apertar ainda mais.

Com um suspiro trêmulo, ela ligou o carro e seguiu em direção à fazenda. Durante o trajeto, os pensamentos se repetiam como um mantra: "Eu preciso sair disso. Preciso protegê-la... Mas como?

Ao chegar na fazenda, ela estacionou o carro e ficou um instante parada, encarando o horizonte

Ao chegar, foi direto para o escritório do pai, Augusto, que estava sentado em sua poltrona de couro, revisando documentos.

          

- Pai, Valentina concordou em vender a fazenda. Ela pediu para você enviar a proposta.

Os olhos de Augusto brilharam de satisfação, e um sorriso malicioso surgiu em seu rosto.

- Meus parabéns, filha. Finalmente você está sendo útil para esta família.

Luiza sentiu o sangue ferver.

- Pai, não me venha com esse tom arrogante. Não esqueça que isso tudo faz parte do plano! Eu estou fazendo isso por você e, principalmente, pela minha irmã!

Augusto deu um gole em seu drink, completamente indiferente à indignação da filha.

- Calma, minha querida. Só estou elogiando seu trabalho. Você tem se mostrado muito eficiente.

Sem dizer mais nada, Luiza saiu batendo os pés, deixando Augusto sozinho. Ele se sentou novamente, pegou seu drink e o bebeu com calma. Sorriu para si mesmo e, em seguida, pegou o telefone.

- Doutor Marques? Aqui é Augusto. Prepare a documentação e a proposta de compra da fazenda de Valentina. Quero isso resolvido o quanto antes. - ordenou, satisfeito.

Ele sorriu de maneira sombria, já planejando seu próximo movimento para se aproximar do verdadeiro alvo Marcos.

Dias Depois

Naquela manhã, Marcelo chegou cedo à fazenda dos Albuquerques. O sol mal havia nascido, mas ele já estava sentado na sala principal, admirando os detalhes rústicos e elegantes do lugar. Assim que Valentina entrou, ele se levantou, abrindo os braços para cumprimentá-la.

- Marcelo! Que surpresa! - disse Valentina, sorrindo enquanto o abraçava. Ele aproveitou o momento para sentir o perfume dela, uma fragrância leve e marcante.

- Bom dia, Valentina - respondeu ele, com um sorriso no rosto. - Sempre bom ver você.

- O que faz aqui tão cedo? - perguntou, curiosa, enquanto sentava-se no sofá e fazia um gesto para que ele a acompanhasse.

- Ah, eu vim falar com seu irmão, mas não o encontrei - explicou Marcelo, parecendo um pouco desapontado.

Valentina soltou uma risada curta.

- Normal, ninguém viu o Pedro hoje. Ele gosta de sumir quando mais precisamos dele. Mas já que está aqui, que tal darmos uma volta pela fazenda?

Marcelo concordou com um aceno, e os dois saíram para caminhar pelos campos verdes. O cheiro de terra molhada e o som dos pássaros criavam uma atmosfera tranquila, quase nostálgica.

- E então, Marcelo? - começou Valentina, quebrando o silêncio. - Como anda a vida? Alguma novidade? Alguém especial?

Ele riu, um pouco desconfortável, mas respondeu com sinceridade:

- Claro que não. Ninguém ocupa o seu lugar, Valentina. Especialmente com esses seus olhos verdes...

Valentina revirou os olhos, tentando esconder o sorriso que ameaçava escapar.

- Ah, Marcelo, você não muda - disse ela, balançando a cabeça.

- Mas e você? - perguntou ele, com um tom curioso. - Está noiva, não é? Da Luiza. Confesso que fiquei surpreso quando soube.

- Por que surpreso? - Valentina retrucou, arqueando uma sobrancelha.

- É que... - Marcelo hesitou, escolhendo as palavras com cuidado. - Você a conhece o suficiente? Quero dizer, pareceu tudo tão rápido.

Valentina parou de andar e cruzou os braços, encarando-o com seriedade.

- O que exatamente você quer dizer, Marcelo?

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