Capítulo 18 - Sunny

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O pequeno Sunny corria pela casa seguindo Peraya por onde fosse. Desde que voltou a sua cidade natal, a escritora brincou com ele poucas vezes, mas diante das revelações que teve, olhar para ele era doloroso, pois lembrava de Yoko, que cuidou dele assim que os pais faleceram.

Quando existe perigo real, o corpo tende a reagir por proteção. O cérebro dispara uma imensidão de adrenalina e quando isso ocorre numa mente pensante como a da escritora, ela dispara a reação no teclado de seu computador. O livro que estava todo parado ganhava capítulos e mais capítulos, mas vez ou outra, a digitação dava lugar a lágrimas. Nessa hora que Sunny mais se aproximava.

O animal parecia que queria falar. Soltava sons de grunhido, latia, abanava o rabo, mas Peraya só olhava de canto de olho. Não sorria para ele, não dava atenção e, muitas vezes, o animalzinho só queria um colinho.

Peraya olha para ele descontente e já pensa em brigar quando se lembra da frase do pai na carta que deixou para ela.

"Um ser pequeno como ser grande"

- SUNNY! - ela gritou.

O doguinho achou que ela brigava com ele e correu para baixo do armário. Peraya se levantou e o seguiu.

- Vem cá, Sunny. Desculpe, garoto. Vamos, venha!

Sunny sai de debaixo do armário desconfiado, as orelhas baixas e o rabo abaixado.

- Vamos, menino. Venha. - Ele abana o rabinho e corre para seus braços, lambendo seu rosto e pulando de alegria.

- Calma, garotão. Deixe-me ver isso aqui. - Peraya tira a coleira de Sunny. O coloca no colo e observa a placa, aperta o botão ao lado e... "Voilá". - Papai, o senhor é um gênio. - Peraya encontra o chip.

Larga Sunny no chão e corre para a mesa procurando a bússola.

- Onde está? Tenho certeza de que estava aqui na mesa. - A escritora recordava a frase da carta deixada pelo pai: "saiba usar a orientação que lhe dei" - Ah! Finalmente.

Peraya acha a bússola. Olha o artefato buscando um clique que fosse e ao esfregar a parte de trás, a bússola se abriu. Dava para colocar o chip, era o exato formato e foi o que a autora fez. Ao fechar o dispositivo. A bússola se transformou num mini reprodutor de vídeo e a imagem de fotos e vídeos foram passando. A escritora posicionou para a parede e trancou a porta do escritório.

- Bom trabalho, Sunny. - falou pegando a bolinha de pelo no colo e sentando.

Estava estarrecida com o que via. Sinthon Village estava impregnada de corrupção e assassinatos misteriosos. Ficou mais estarrecida ainda com o último vídeo que mostrava os momentos antes em que seus pais foram mortos.

O vídeo mostrava Yoko conversando com Malisorn. Ele ligava uma câmera escondida no lustre que filmava todo o ambiente e dava uma câmera para Yoko. Mandava que se escondesse atrás das cortinas e gravasse tudo. A esposa ajudava a escondê-la, após um longo abraço. Os dois viraram para a pia e fingiam lavar a louça, quando foram surpreendidos pelos Formigas que exigiam a entrega do Chip. Em lágrimas vê sua mãe ser alvejada e em seguida seu pai. Consegue ver o rosto de Lux Sulax, a Rainha, que mesmo mancando dá ordens sobre o chip.

O fim do vídeo mostra Yoko, que não desligou a câmera, tentar salvar os Malisorn, mas já estão mortos. Ela pega o chip na coleira de Sunny. Com a câmera ainda ligada, faz a transferência do último vídeo para que possa incriminar Lux Sulax pelo assassinato. O vídeo termina!

Faye está soluçando em lágrimas. Sunny é deixado no chão e ela pega o telefone para ligar para Yoko.

[Preciso falar com você, Yoko.]

O Tempo não Cura - FayeYokoWhere stories live. Discover now