cap 11

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"Nem o mais brilhante dos espelhos pode refletir a verdade de quem realmente somos."

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Instituto de Nova York, tarde de outono

O clima no Instituto estava carregado de tensão. Kayla se sentia diferente depois da batalha contra Valentine, mas a ameaça não desaparecera. A cada confronto, ela sentia uma parte de si mesma sendo puxada para o abismo de seus próprios pecados. Quando fechava os olhos, ainda sentia o peso da Ira em seus ossos, a pulsação da raiva que quase a consumiu.

E agora, com a presença de Valentine ameaçando novamente, ela não tinha certeza de que conseguiria manter o controle. Cada vez mais, ela sentia que o caminho à sua frente se tornava mais turvo, mais nebuloso.

Ela se encontrava no jardim do Instituto, os dedos tocando as pétalas de uma flor que parecia ter murchado sob seu toque. Magnus a encontrou ali, observando o horizonte com um olhar distante.

— Está se culpando novamente? — Ele perguntou, suavemente, se aproximando dela.

Kayla não respondeu imediatamente. A última batalha contra Valentine a deixara com mais perguntas do que respostas. Ela sentia como se estivesse flutuando entre os sentimentos de vergonha e força, como se estivesse constantemente à beira de se perder.

— Não estou culpando ninguém. Só... tentando entender quem sou. — Ela disse, sem olhar para ele.

Magnus se sentou ao lado dela, em silêncio, por um momento.

— Você já sabe quem é, Kayla. O que você está sentindo não é fraqueza, é o confronto com seus próprios limites. Não é fácil controlar os pecados que correm em suas veias, mas o que você está enfrentando é parte de quem você é. E isso não a define.

Ela olhou para ele, sentindo uma sensação de alívio ao ouvir suas palavras. Magnus sempre parecia ter o poder de trazer uma calma que ela raramente encontrava em si mesma.

— Eu me sinto... suja, às vezes. — Kayla murmurou. — Como se cada pedaço de mim fosse apenas uma versão distorcida do que eu deveria ser.

Magnus colocou a mão no ombro dela, com um sorriso compreensivo.

— Não é o que você sente que importa, mas o que você faz com isso. Os pecados são uma parte de você, mas não têm que ser o seu fim. Você pode transformá-los em força.

A conversa foi interrompida por Alec, que apareceu na entrada do jardim.

— Temos que ir. O próximo pecado está se aproximando.

Kayla se levantou, os pensamentos ainda emaranhados, mas sabia que a batalha não esperaria. Eles precisavam estar preparados.

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O Pecado da Vaidade

O próximo pecado era Vaidade, e, de acordo com Magnus, era um dos mais traiçoeiros. A Vaidade era sutil, envolvente, e sua capacidade de corromper as mentes era imensa.

A missão os levou até Paris, uma cidade famosa por sua beleza e por esconder segredos sob o brilho das luzes. A Vaidade tinha poder ali, no coração de uma cidade que venerava as aparências.

— A Vaidade se espalhou por toda parte. Está impregnada nas ruas e nos corações das pessoas aqui. — Magnus observou, enquanto o grupo caminhava por um bairro elegante, onde todos pareciam carregados de luxúria e autossuficiência.

Kayla sentiu o peso da energia ao seu redor. Havia algo distorcido no ar, como se as pessoas ali estivessem presas a um ciclo de auto-adoração e superficialidade. Ela sentiu isso em sua pele, o desejo de ser mais, de ser admirada. Era algo tentador, algo que ela, por um momento, achou que poderia usar para sua própria vantagem.

— Precisamos encontrar o núcleo da energia. — Alec disse, com sua expressão habitual de determinação.

— Está vindo de uma galeria de arte no centro de Paris. — Magnus informou, já criando um feitiço para teleportá-los para o local.

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A Galeria e a Armadilha da Vaidade

A galeria de arte estava cheia de pessoas, todas imersas em obras que exaltavam a beleza e a perfeição. No entanto, a energia ali era opressiva. Kayla podia sentir os olhos das pessoas nela, como se todos estivessem tentando ver além de sua aparência, tentando adivinhar o que ela escondia.

A sensação de ser observada era intensificada pela energia da Vaidade, que parecia ser amplificada por cada olhar, cada movimento. Era como se o ar estivesse pesado com a necessidade de aprovação.

— Fique alerta. — Alec disse, com os olhos fixos no ambiente. — A Vaidade pode fazer com que tomemos decisões erradas.

Kayla sentiu um arrepio, mas se concentrou. Ela sabia que sua própria luta interna contra os pecados não poderia ser deixada de lado. A Vaidade estava tentando invadir sua mente, sugerindo que ela fosse mais do que era, mais do que qualquer pessoa poderia esperar.

Enquanto caminhavam pelas salas da galeria, o grupo foi atraído para uma sala escondida. No centro dela, uma obra de arte estava coberta por um véu de energia, quase como se fosse uma entidade em si mesma. A pintura era uma representação de Kayla — mas não era a sua imagem comum. Era uma versão idealizada dela mesma, com cabelos dourados e uma expressão deslumbrante. Ela parecia perfeita. Inatingível.

A visão a deixou paralisada. A energia ao redor dela se tornou mais intensa, e, por um momento, Kayla pensou que fosse se perder no reflexo daquela versão de si mesma. A pintura parecia convidá-la, seduzi-la, dizendo que ela era mais do que realmente era.

Magnus percebeu a mudança em sua postura e foi até ela.

— Kayla, não caia nessa armadilha. Não deixe que a Vaidade te controle. — Ele disse, com firmeza, tocando seu braço.

Ela olhou para ele, e então para a pintura. A distorção da imagem não era apenas uma arte, mas uma representação das inseguranças e desejos mais profundos de Kayla. A tentação de ser mais, de ser admirada, de ser perfeita.

Ela fechou os olhos, sentindo o calor do poder da Vaidade em sua mente. Mas, desta vez, ela não cedeu.

— Eu sou quem eu sou, e não vou mudar por causa de uma ilusão. — Kayla disse, com a voz firme.

Com um movimento rápido, ela destruiu a pintura com a lâmina em sua mão, quebrando a magia que a sustentava. A galeria foi preenchida com uma onda de energia que se dissipou lentamente.

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A Vitória e o Conflito Interno

Quando a batalha terminou, a energia da Vaidade se acalmou, mas Kayla ainda sentia a dor do confronto. Ela sabia que havia vencido, mas o peso da tentação ainda a assombrava.

Alec e Magnus estavam ao seu lado, seus olhares suaves, mas preocupados.

— Você fez a coisa certa. — Alec disse, com a voz calma.

Magnus sorriu de forma orgulhosa.

— Você é mais forte do que qualquer tentação.

Kayla olhou para os dois, sentindo uma força crescente dentro de si. A batalha interna não estava vencida, mas ela estava aprendendo a controlá-la, passo a passo.

Ela olhou para o céu de Paris, as luzes da cidade brilhando abaixo, e sentiu, pela primeira vez em muito tempo, que poderia ser mais do que o reflexo de suas inseguranças.

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Enquanto o grupo se preparava para retornar ao Instituto, uma figura misteriosa apareceu nas sombras da galeria. Era uma mulher, alta e elegante, com um olhar penetrante e um sorriso que parecia saber algo que ninguém mais sabia. Ela se aproximou de Kayla.

— Você acha que venceu? — A mulher perguntou, com uma voz suave, mas cheia de poder.

Kayla a encarou, e, pela primeira vez em muito tempo, sentiu um calafrio de verdade.

— Quem é você? — Kayla perguntou, sua voz desafiadora.

A mulher sorriu.

— O que você ainda não percebeu, Kayla, é que seus pecados não são apenas suas fraquezas. Eles são sua maior força.

kayla: a caçadora dos 7 pecados Onde histórias criam vida. Descubra agora