Parasite: Desire, Blood & Eternity

Capítulo XIX

   A menina abriu a porta com um sorriso tímido, segurando um livro grosso entre os braços.
   — Trouxe isso para você. Achei que poderia querer algo novo para ler — anunciou ela, deixando o livro sobre a mesa próxima à cama.
   — Obrigado, minha pequena salvadora — respondeu Theodore com um sorriso gentil.
   Ela ficou parada por um momento, olhando para ele com curiosidade.
   — Você está estranho, Theo. Está planejando algo, não está?
Ele soltou um riso abafado, surpreso pela percepção aguçada da irmã.
   — Digamos que tenho um desejo... Um tanto complicado. Preciso sair daqui por um tempo.
Cassie arregalou os olhos, claramente surpresa, mas também intrigada.
   — Sair? Mas mamãe não vai deixar!
   — Eu sei. É por isso que preciso da sua ajuda — respondeu Theodore, a voz baixando para um tom conspiratório.
   Cassie parecia indecisa, mas a ideia de participar de algo proibido era irresistível para uma menina de sua idade.
   — O que eu preciso fazer? — perguntou ela, com um brilho no olhar.
   — Quero que chame um dos criados, qualquer um que possa me ajudar a descer. Mas seja discreta. Mamãe não pode saber disso de jeito nenhum.
   — E se ela descobrir?
   — Ela não vai, se você for cuidadosa — assegurou Theodore, tentando soar confiante.
Cassie hesitou por um momento, mas acabou assentindo.
— Certo, Theo. Espere aqui.
   Ela saiu do quarto apressada, fechando a porta atrás de si. Theodore respirou fundo, tentando controlar a mistura de ansiedade e expectativa que dominava seu peito. Era arriscado, mas, pela primeira vez em semanas, ele sentia que havia uma possibilidade de escapar daquela prisão dourada, nem que fosse por algumas horas.
   Enquanto esperava, seus pensamentos voltaram para Adrian. O que o atraía tanto naquele jovem misterioso? Era algo além do físico, uma presença que o inquietava e o intrigava. E, ao mesmo tempo, a lembrança de Adrian era como uma promessa – de respostas, de mudanças, talvez até de liberdade.
   A maçaneta girou, e Cassie voltou ao quarto, agora acompanhada de um dos criados mais antigos da casa, um homem alto e robusto chamado Arthur.
   — Pronto, Theo. Arthur disse que pode ajudá-lo — anunciou Cassie, triunfante.
   Arthur deu um sorriso leve, mas questionador.
   — Aonde o senhor deseja ir?
   Theodore abriu um sorriso esperançoso.
   — Vamos começar descendo essa cadeira do primeiro andar. O resto, resolvemos no caminho.