Após Leonardo ser assassinado em sua própria casa pelo seu filho Jhonny, Teresa Garcia é chamada para solucionar o caso, mas sua investigação toma outro rumo quando ela descobre segredos perturbadores sobre a família Ferreira. O que era para ser um...
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10 de Janeiro de 1957
Desde que me entendo por gente, acredito que sempre fui uma criança muito curiosa. Lembro-me de várias discussões com minha mãe por conta dessa minha curiosidade. Com o tempo, isso não mudou.
Sério, eu não sou idiota. Entendo muito bem as coisas ao meu redor e percebo o que acontece. Entendi quando meu pai chegou bêbado, fora de si, louco por cocaína. Entendi quando os traficantes espancaram o Zezinho e o Pedrinho. Também percebi quando minha mãe apareceu com joias que nosso dinheiro jamais poderia comprar.
E, claro, também entendi quando invoquei o Bob.
Eu sei que não deveria ter feito isso. Sei que é errado, mas não posso negar: gosto do que é errado.
- Olá, eu me chamo Bob, e você? - Jhonny. Jhonny Boy é o meu nome.
11 de Janeiro de 1957
Às vezes, começo a duvidar dessa tal maturidade que os adultos tanto proclamam ter. Eles falam, falam e falam, mas, no fundo, sabem que estão errados.
Ainda assim, se recusam a admitir. É como se aceitar um erro fosse uma fraqueza insuportável para eles.
Mal sabem que, quanto mais ignorantes são, mais fracos se tornam.
14 de Janeiro de 1957
Hoje descobrimos que minha mãe está grávida. Contei isso ao Bob, e ele disse que já sabia. Ele sempre diz que sabe de tudo.
Minha mãe ainda não faz ideia de quantos meses está grávida, e tenho quase certeza de que também não sabe quem é o pai.
Bob prometeu que, enquanto estiver comigo, sempre cuidará de mim. Estou começando a me acostumar com sua companhia. Ele não se assusta com o que faço ou digo. Posso confessar qualquer coisa a ele, e nunca sou tratado como um monstro.
17 de Janeiro de 1957
Às vezes, fico perplexo com a revolta das pessoas por coisas tão banais.
Parece que a vida delas é tão entediante que qualquer incidente se torna motivo para brigas, confusões e caos.
Essas bobagens não merecem minha atenção. São irrelevantes. Se algo acontece, é porque tinha que acontecer.
Nós moldamos nosso próprio destino.
Mas, afinal, o que é destino? Para mim, é algo tão vago que nem acredito nessas coisas.
Minha mãe vive falando sobre isso. Acho tudo uma grande tolice.
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