⭑ Olá pra você que está lendo isso aqui, desejo a ti uma boa leitura e já aviso que no capítulo a seguir à menção ao consumo de álcool, palavras de baixo-calão e cenas de sexo.
Se você é sensível aos temas acima citados, por gentileza, evite fazer a leitura!
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Pais e responsáveis sempre dizem que adolescentes têm ideias ruins, terríveis, péssimas e… é, vou parar por aqui, não preciso recordar humilhações.
Confesso que não esperava ser aceita pela família ao me assumir como bissexual aos dezessete anos, no último ano escolar.
Qual é? Vivendo em um país como a Coreia, numa sociedade conservadora e tudo mais, não pude crer quando minha mãe aceitou a mim com um sorriso largo nos lábios e me permitiu chamar por Lisa para um almoço especial ao fim de semana.Cacete, de fato, eu fui sortuda.
Minha família sempre recebeu Lisa muito bem, desde a primeira instância, mesmo depois de ela assumir ser lésbica e explicar que o nosso relacionamento era sáfico e não “lésbico”.
Me surpreendeu notar que minha família prestou atenção à explicação, ainda mais sobre a origem da palavra “sáfica”.Eu, claro, não pude fazer nada além de sorrir bobamente enquanto mantinha o olhar apaixonado, babando por minha primeira namorada e meu relacionamento, ‘quase’ perfeito.
Afinal, a família Manoban, obviamente era diferente da minha, sequer aceitavam a orientação sexual da própria filha, um relacionamento então? Totalmente fora de cogitação.E por mais doloroso que fosse, nosso relacionamento conseguiu perdurar um bom tempo, até terminarmos duas semanas antes da formatura. Ciúmes e adolescentes é uma combinação da qual pode se esperar desastres.
Desde que nós nos formamos e nos suportamos a presença uma da outra naquela noite, embora eu me pegasse a fitando, babando em como ela estava linda com a beca, e mais tarde com seu vestido de fenda cor de esmeralda. Cacete. Uma princesa. A minha ex-princesa. Dar-me conta de tal fato me doeu.
Me doeu tanto que voltei pra casa chorando desolada e felizmente pude mentir e mascarar com a falsa emoção e alívio do final de tal ciclo tão importante em minha vida.
Todavia, a adultez emergente me socou o estômago, engatei o curso de música na faculdade e não ouvi mais falar de nenhum dos Manoban's.O que me pareceu estranho, levando em consideração que o nome da família de Lisa carrega e sempre carregou poder, dinheiro.
Sim, me apaixonei e namorei uma burguesa enquanto eu sempre mantive os pés no chão e consciência de classe. Consciência de que nem mesmo se eu trabalhasse até meus noventa anos, iria faturar metade do que Manoban herdaria das joalherias de sua família.
E tudo bem. Não a culpo pela desigualdade social escancarada. No entanto, quando se nasce menos favorecido economicamente, cresce uma revolta, uma necessidade de gritar e foder com a burguesia e o capitalismo.
Então sim, me encaixei no padrão de aluna de faculdade pública, que pinta o cabelo e milita pelos direitos das minorias.
Vivi insanamente meus anos de universitária, posso apostar que em alguma das paredes da universidade ainda vai estar escrito com uma tinta rosa néon: “Vote Park Chaeyoung para presidente do C.A. de Música”.
Se eu der sorte, talvez a minha foto do icônico cabelo roxo ainda esteja pendurada lá em algum corredor de luz queimada e tinta descascada.
Hoje, depois de formada, tocando em bares, eventos locais, ainda não cheguei onde almejo, no entanto, sei que tenho tempo e sou feliz em poder estar fazendo o que gosto, compondo minhas próprias canções para quem quiser ouvir.
Era uma noite de sábado quando saí para trabalhar. Eu iria cantar em um dos bares de burgueses da cidade, já me sentia mais feliz ao saber que meu cachê seria maior. Daria tudo de mim, — mas um pouco a mais, pois precisava de um dinheiro a mais para trocar a minha Stratocaster por uma Telecaster. — E então eu cheguei com antecedência, organizei os equipamentos, já com a voz aquecida, comecei o show.
Como de costume montei uma lista com um cover em meio às minhas canções, pois sempre me ajudava a conquistar novos ouvintes.
Curiosamente para àquela noite, o cover escolhido seria “Talk” do Hozier. As músicas dele sempre fizeram meu estilo.Melodias satisfatórias, letras que me tiravam lágrimas. Um poeta, de fato. Alguém com quem sonhava em colaborar.
Mas porra… que ideia merda.
Que ideia tenebrosa cantar sobre um mito grego envolto de muita paixão, a luxúria que a letra carrega. De fato, o público pareceu gostar, no entanto, meus olhos capturaram um olhar vagamente familiar, mas quanto mais me aproximei da ponta do palco, mais familiar se tornava.
Merda. Que ideia do caralho.
Era ela, Lisa. Em minha frente, com seus orbes banhados pelo brilho da luxúria enquanto eu cantava a famosa linha: “Imagine ser amada por mim”.
Sustentei a performance com um olhar de luxúria e um sorriso de canto e então notei algo em seu rosto mudar. Prendi o riso e dei continuidade ao show.Naquela maldita noite, ela se ofereceu ao final do show para me pagar uma bebida e eu aceitei. Aceitei mesmo sabendo que seria uma péssima ideia.
Busquei me enganar, afinal, o tempo passou. Ambas tínhamos superado a paixão e amor adolescente.
E superamos, superamos sobre os lençóis de um quarto de hotel. Mas tudo bem, era a bebida. Passamos da conta na bebida (sequer finalizamos o primeiro copo). Mas nenhuma das duas iria admitir em voz alta.
É uma má ideia ter recaída com ex.
E é uma puta má ideia, ligar para a sua ex te encontrar às uma da manhã na sua casa só porque você se dá conta que “superei porra nenhuma”, ou talvez o período fértil só esteja te impulsionando a se humilhar mais.
Foi uma ideia terrível porque enquanto eu aguardava a sua chegada, me sentia ansiosa, perdida, quis me atirar da janela em desespero.
No entanto, quando a vi cruzar a minha porta, usando um vestido azul bebê um pouco acima dos joelhos, radiante e bela.Enquanto eu vestia um moletom enorme amarelo e uma calcinha vermelha, sem sequer saber aonde vagava o meu juízo, quis mandá-la embora.
Cacete. Eu estava fodida.
Mas então você me desarmou com o seu “oi” doce, um abraço, um beijo no pescoço. Pronto. Estava mole.
— Sempre sonhei em te encontrar assim em casa depois de um dia exaustivo de trabalho — comentou, sorridente e eu senti as bochechas queimarem.
O efeito Manoban. Merda. Eu estava desarmada e rendida.
E porra, quando eu planejava foder com a burguesia e o capitalismo, não pensei que fosse se tornar literal.
Mas quando senti as suas mãos dentro do meu moletom, abrindo o meu sutiã e me soltando um: “Com licença” doce, apertando meus seios por debaixo do tecido, me fazendo arfar… pouco me importou.
Eu queria foder a burguesia de fato, queria que a burguesia me fodesse, queria tudo. Tudo o que Lisa pudesse me dar.
— Você é tão linda, Chae. Tão linda — Ditou trilhando beijos até meu pescoço. — Que me dói.
E eu nada soube fazer além de mover o pescoço e dar mais espaço para seus lábios, beijando e mordiscando a zona sensível do pescoço, me fazendo arfar e tremer.
Na instância seguinte, ela estava me empurrando até a parede, iniciando um beijo urgente, necessitado, as mãos pressionando meu cabelo com força, mas então ela corta o beijo e retira minhas roupas.
Eu a agarro pela cintura, retiro suas roupas com cuidado, depositando sobre um móvel e a deito na cama. Beijei seu pescoço, inalando seu perfume doce, traçando beijos por todo o seu corpo, prestando atenção em como você se contorcia ao meu toque.
— Chae… — murmurou.
Eu a encaro e ela nada diz, uma permissão silenciosa para que minha boca toque seu seio rijo e eu a sinto se remexer e gemer, desorientada. Eu sorrio divertida e deixo minha mão escorregar até seu íntimo, sentindo o quão molhada Lisa estava.
Sorridente, eu a entrego uma camisinha e ela se atrapalha um pouco tentando introduzir a proteção, nos garantindo risos leves antes que eu estivesse esticando as suas pernas ao máximo para introduzir os meus dedos exatamente como sabia que ela preferia. Forte e rápido.
Eu a tocava com precisão, algumas vezes provocando, noutras, deixando beijos próximo à sua virilha.
Gostava de admirar as suas feições; cenho franzido, a boca entreaberta, às vezes gemia, praguejava e dizia me amar, bem baixinho. Jurando que eu não fosse ouvir.E eu ria enquanto entrava e saía de dentro dela, sentindo os dedos cansarem, alternando para a boca e a língua, fazendo-a gritar, se contorcer, praguejar e então atingir seu ápice.
E com o seu clímax, veio a certeza de que eu estava ainda mais fodida. Ainda mais desgraçada.
Quando eu a levei para o chuveiro, eu tive a clara certeza de que era uma má ideia tudo aquilo ter acontecido e estar acontecendo. No entanto, os gemidos de Lisa sempre caíam docemente aos meus ouvidos.
Merda. Era uma má ideia pensar que eu conseguia parar quando quisesse, pois eu não tive tal autocontrole. A peguei no chuveiro. A levei para casa. E continuo pensando sobre Lisa.
Diariamente. Eu a quero. E eu sei. É uma ideia terrível.
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obrigado por ter lido até aqui! (: