A mão esquerda do Damon deixa o volante rolar, enquanto ele faz uma curva entrando em uma rua estreita, não conhecida por mim. Não sei para onde ele estava indo, mas tinha certeza que não era para o seu apartamento e nem mesmo para a minha casa, a direita continua posicionada em minha perna, mesmo que eu tenha a tirada dali várias vezes seguidas.— Não vai mesmo falar nada? — Questiona pela décima vez e respiro profundamente não aguentando manter o silêncio, o encaro sombriamente e o loiro apenas mexe a cabeça achando divertido toda aquela situação.
— Vai me dizer para onde está me levando? — Encaro seus olhos com as lentes azuis e o vejo suspirar voltando o olhar para a estrada à sua frente. Havia percebido que nenhum de nós dois gostava de ficar brigado com o outro, era algo que nos deixava instáveis e ansiosos.
— Lis, eu odeio quando me trata dessa forma. — Murmura como se eu me importasse com o que ele gosta ou desgosta no momento. — Odeio a sua indiferença em minha direção. — Sussurrou me deixando surpresa por estar me contando isso tão facilmente e abertamente.
No começo, quando ele chegou no hospital mal falava comigo e suas frases eram todas voltadas para uma ordem que eu deveria cumprir, mas agora o Damon que eu tenha o prazer de conviver é outro totalmente diferente. Ele gosta de falar e também diz quando está incomodado com alguma coisa, além disso sempre me escuta quando tenho algo a dizer.
— Se não agisse como a porra de um troglodita do século passado, não me veria o tratando assim, Damon. — Rebati perdendo a minha paciência. — Você sabe muito bem que não gosto quando se aproveita da situação. — Ele olha para mim por alguns segundos desviando o olhar da pista, seus olhos azuis encaram o meu rosto e vejo o meu reflexo nos belos cristais gélidos.
— A mão dele estava posicionada em sua bunda e o local certo é na cintura, na cintura, Deivenn. — Informou e joguei a minha cabeça contra a poltrona do carro, frustrada com tudo aquilo.
— Sim, eu sei. — Assumo. — Mas foi porque me desequilibrei e escorreguei, não foi por mal, Damon. Sei muito bem, diferenciar esses detalhes, não sou uma mocinha virginal e inocente, como você mesmo sabe. — Entramos em outra rua estreita e ele diminuiu a velocidade do carro até parar em frente a um portão preto.
— Eu sou um pouco controlador admito. — E, não consigo deixar de rir dessa situação. Um pouco, sério? Ele gosta de tudo do seu jeito e odeia quando algo pula para fora da curva que ele trilhou e normalmente sou eu que faço as mudanças, o que me faz achar tudo isso contraditório, afinal ele gosta de ficar perto de mim, mesmo sabendo que interfiro em cada ponta da sua vida, nunca fui de aceitar opinião alheia com facilidade e com o Damon me torno ainda pior do que já sou.
Eu discordo do Damon e ele me desafia, buscando o controle. Eu interferi e lá estávamos nós, enrolados em uma linha que só buscamos torná-la menor.
— Não me importo que seja possessivo, na verdade eu gosto de ter toda a sua atenção para mim. — Assumo estreitando os meus lábios e o fazendo fazer o mesmo. — Também sei que você faz o melhor para se conter, da mesma forma que sempre está pensando em mim e não em você, o que só demonstra que é uma questão de proteção e que jamais me machucaria intencionalmente, mas você não pode ver todo mundo como um objeto, Damon. Não é tão simples assim e esse seu jeito faz com que seres humanos sejam simples peças de um jogo de xadrez que você vai mudando de um lugar para o outro, sem se importar com as consequências do seus atos e possíveis erros.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Cuidada Por Você. (Médico/Agente FBI)
RomanceLisa sempre soube que há diversas maneiras de um destino se enlaçar a outro, no entanto ela jamais se preparou para a perda da sua melhor amiga e logo depois a obrigatoriedade de seguir o tratamento com um médico recluso, babaca, mau humorado, fecha...