THIAGO VEIGH'S POINT OF VIEW
Acordei com o sol batendo na cara. Devia ter fechado a cortina ontem, mas já era. Peguei o celular na mesa de cabeceira e, antes de desbloquear, fiquei encarando o teto por uns segundos. O grupo da Supernova já tava pipocando de mensagem. Nink mandando vídeo sem noção, G.A. falando de estúdio, Ghard jogando uns áudios longos que eu sabia que não ia ouvir agora. Larguei o celular e levantei.No banheiro, joguei uma água gelada no rosto pra despertar. O cabelo tava um caos, mas o boné resolvia isso mais tarde. Desci pra cozinha, abri a geladeira e me deparei com o clássico vazio de sempre: resto de pizza, umas latas de energético e uma água quase no fim. Peguei a pizza e fui sentando na bancada, ainda meio no modo zumbi.
Abri o Instagram enquanto mastigava. Era sempre o mesmo esquema: feed lotado de gente ostentando, uns memes, umas fotos de minas. Até que, no meio disso, lembrei da Jade. Sei lá por quê. Ela tinha aquele jeito de quem não tava nem aí, mas na real, parecia que tava sempre observando tudo.
Parei de rolar o feed e joguei o nome dela na busca. Perfil dela tava ali, aberto. Dei uma olhada. As fotos eram poucas, mas cada uma tinha um estilo dela, tá ligado? Tinha uma selfie num lugar meio vintage, outra que parecia ser de uma festa. Parei numa última que ela postou, com uma pose despretensiosa, mas que deixava bem claro o quanto ela era gata.
Fiquei encarando a tela por um tempo, e do nada, dei um follow. Nem pensei muito, só segui. Depois, dei um like na última foto. Tá ligado aquele impulso que você não controla? Então. Mas aí veio na mente: "Se ela me zoar por isso, tô nem aí."
Fechei o app e me joguei no sofá. O dia tava passando devagar, e resolvi dar um rolê de carro. Nada planejado, só sair pra dar uma volta, sentir o vento na cara e botar umas músicas pra tocar no talo. Isso sempre ajudava a esvaziar a cabeça.
Quando voltei, fui direto pro estúdio improvisado no quarto. Mexi em umas faixas que tão paradas há um tempo, mas a inspiração não tava rendendo. Meu foco parecia estar em qualquer lugar, menos na música. A mente insistia em voltar pra Jade, pra como ela ficava tão tranquila naquela foto.
@japinheiros_ começou a seguir você.
De noite, jogado no sofá de novo, abri o Instagram só pra ver se tinha alguma novidade. Ela tinha seguido de volta. Dei um sorriso de canto. "Tá vendo? Nem foi tão ruim assim." Dei mais uma stalkeada rápida, mas fechei o app antes que isso me fizesse perder mais tempo.
Subi pro quarto e me joguei na cama. O dia foi nada demais, mas parecia que minha cabeça tava cheia de perguntas que eu não queria responder. Encostei a cabeça no travesseiro, e o sono veio aos poucos, com a imagem dela insistindo em aparecer na minha mente.
Mesmo deitado, o sono não vinha. A mente tava inquieta, tipo quando você sabe que precisa relaxar, mas alguma coisa não deixa. Fiquei mexendo no celular por uns minutos, ainda no perfil da Jade, mas aquilo começou a parecer estranho até pra mim. Suspirei, larguei o telefone no criado-mudo e fiquei olhando pro teto.
De repente, me bateu a vontade de fazer algo. O silêncio da noite, misturado com o tédio, sempre me levava pro mesmo lugar: o estúdio. Levantei, peguei o celular de novo, dessa vez pra abrir o aplicativo de iluminação e ligar as luzes do estúdio no modo mais suave possível. Já de pé, passei uma água no rosto e fui direto pra lá.
O espaço era meu refúgio. As paredes acolchoadas, o brilho discreto dos LEDs e o equipamento pronto pra ser usado me davam uma sensação de controle que eu não sentia em nenhum outro lugar. Liguei o computador, deixei o som ambiente tocar baixo enquanto navegava por uns arquivos antigos.
— Vamos ver o que a gente tem aqui... — murmurei pra mim mesmo, enquanto abria uma pasta com músicas do início da Supernova.
De repente, parei em uma faixa que não ouvia há um tempo: Indispensável. Era uma das músicas mais sentimentais que eu já tinha escrito, algo que não combinava muito com a persona que eu mostrava pro mundo, mas ali, no silêncio, parecia fazer sentido. Apertei play, e a batida começou a preencher o espaço.
Me afundei na cadeira, ouvindo cada verso. A letra, as camadas da produção, tudo me jogava de volta pra época em que eu escrevi aquilo. Peguei o celular e gravei um story rápido, mostrando a música no set: a interface do programa, os botões piscando, e a faixa rolando no fundo. Escrevi na legenda:
"Essa aqui tem história. Quem sabe um dia volta pra vocês."
Postei sem pensar muito e voltei a encarar a tela. A música continuava, e eu me peguei lembrando de algumas pessoas que tinham inspirado aquela letra. Não tinha como negar: o jeito da Jade me fazia pensar nessas coisas. Ela tinha uma vibe que mexia com as pessoas, mesmo que não percebesse ou não quisesse.
Depois de uns minutos, parei o som e fechei o programa. O silêncio voltou a tomar conta, mas dessa vez, era mais tranquilo. Saí do estúdio, peguei uma garrafa d'água na cozinha e fui direto pro quarto. Deitei, e finalmente o cansaço me pegou de vez.
Antes de dormir, minha mente voltou pra mesma cena de sempre: o olhar dela no lounge, quando me encarou com aquela mistura de raiva e determinação. "Indispensável, hein..." pensei, rindo baixo pra mim mesmo antes de finalmente apagar.
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𝐈𝐍𝐕𝐈𝐒𝐈𝐕𝐄𝐋 - Thiago Veigh
Fanfiction⚠️CAPÍTULOS NÃO REVISADOS ⚠️não demoro pra postar capítulos ❛ Whould you show me how to love you? ❜ Após 10 anos na Argentina, Jade Pinheiros decide voltar ao Brasil para se reaproximar da família, especialmente de seu irmão Gustavo, mais conh...