Capítulo II

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Trabalho compulsivamente há três semanas. Faço dois turnos na loja de esportes, fico mais tempo com Seo-joon e cheguei até a cuidar de mais uma criança do bairro. Tenho muita consciência de que não será suficiente para pagar a dívida, mas é a única maneira. Posso recorrer a mais o que? Roubo? Certamente não.

Minha expulsão de Seonhwa me fez perceber o quão sozinha estou nesse país. Tenho meus amigos e sou muito grata a eles, claro, mas não vou pedir dinheiro a eles e não tenho mais ninguém para me dar suporte em momentos de aperto como esse. 

Queria voltar para minha casa amarela, com um grande varal nos fundos e janelas de vidro com detalhes antigos. Comer canjica nos fins da tarde e ler gibis com Sara, minha irmãzinha. A famosa época das boas notícias. 

Só tenho uma opção, que é contar isso tudo para meus pais. E sim, eu ainda não contei porque pensei que pudesse resolver sozinha. 

- Filha, o que você vai fazer? 

Essa provavelmente foi a pergunta mais honesta que minha mãe já fez. Percebi que por trás do celular, ela estava aos prantos tentando esconder o choro. Fui capaz de reconhecer a voz de sua colega de trabalho Cláudia, que sugeriu que ela fosse para casa descansar. 

- Prometo que darei um jeito. Vou fazer de tudo para voltar para Seonhwa. 

- Sina, o foco não é esse. A prioridade é pagar a maldita dívida. Assim que fizer, volte pra casa. 

- Eu te amo, mãe. Vou trabalhar agora. - finalizei a ligação.

Era uma completa mentira. Meu chefe me deu folga. Vou entregar meu currículo em outro lugar da cidade para conseguir adiantar o pagamento da dívida.

Ao entrar na estação, sinto um toque em meus ombros.

- Bom dia, senhorita! Aceita jogar um jogo comigo?

Viro para trás e me deparo com um rapaz alto com roupa social olhando fixamente para mim com um sorriso leve no rosto.

- Bom dia! Com licença, quem é o senhor?

- Aceita jogar ou não?

- Do que se trata?

- Sabe jogar Ddakji?

- Sei. É isso que vamos jogar?

- Se você ganhar, te darei cem mil wons, mas se eu ganhar, você que terá que me dar esse valor.

- Eu não tenho este dinheiro agora.

- Poderá me pagar de outra forma.

- Eu acho que você entendeu errado, senhor. Eu não vendo meu corpo. - ando na direção oposta.

- Não é nada disso, espere! Poderá pagar com tapas no rosto.

Este foi, de longe, o momento mais estranho da minha vida. Eu joguei Ddakji com um desconhecido. E como se não bastasse, levei vários tapas e meu rosto está ardente.

- Sina Acoste, vinte sete anos, se mudou do Brasil aos vinte e cinco para estudar história na Universidade de Seonhwa. Não pagou a mensalidade por um ano e agora está com uma dívida de onze milhões de wons.

Não tem como responder à uma coisa dessas. Este desconhecido com quem joguei Ddakji sabe exatamente quem sou.

- Você é agiota?

- Não, senhorita. Estou aqui para lhe dar uma oportunidade única de conseguir pagar suas dívidas. - dá uma risada espontânea devido minha pergunta.

Junto com essa reação, foi entregue um cartão bege com um número e três símbolos: um triângulo, um círculo e um quadrado. Encarei tanto o objeto que nem percebi a ausência do homem.

Seria isso um golpe? Uma armadilha?

Sem mais delongas, liguei para o número de telefone registrado no cartão.

- Aqui é Sina Acoste.

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