Trabalho compulsivamente há três semanas. Faço dois turnos na loja de esportes, fico mais tempo com Seo-joon e cheguei até a cuidar de mais uma criança do bairro. Tenho muita consciência de que não será suficiente para pagar a dívida, mas é a única maneira. Posso recorrer a mais o que? Roubo? Certamente não.
Minha expulsão de Seonhwa me fez perceber o quão sozinha estou nesse país. Tenho meus amigos e sou muito grata a eles, claro, mas não vou pedir dinheiro a eles e não tenho mais ninguém para me dar suporte em momentos de aperto como esse.
Queria voltar para minha casa amarela, com um grande varal nos fundos e janelas de vidro com detalhes antigos. Comer canjica nos fins da tarde e ler gibis com Sara, minha irmãzinha. A famosa época das boas notícias.
Só tenho uma opção, que é contar isso tudo para meus pais. E sim, eu ainda não contei porque pensei que pudesse resolver sozinha.
- Filha, o que você vai fazer?
Essa provavelmente foi a pergunta mais honesta que minha mãe já fez. Percebi que por trás do celular, ela estava aos prantos tentando esconder o choro. Fui capaz de reconhecer a voz de sua colega de trabalho Cláudia, que sugeriu que ela fosse para casa descansar.
- Prometo que darei um jeito. Vou fazer de tudo para voltar para Seonhwa.
- Sina, o foco não é esse. A prioridade é pagar a maldita dívida. Assim que fizer, volte pra casa.
- Eu te amo, mãe. Vou trabalhar agora. - finalizei a ligação.
Era uma completa mentira. Meu chefe me deu folga. Vou entregar meu currículo em outro lugar da cidade para conseguir adiantar o pagamento da dívida.
Ao entrar na estação, sinto um toque em meus ombros.
- Bom dia, senhorita! Aceita jogar um jogo comigo?
Viro para trás e me deparo com um rapaz alto com roupa social olhando fixamente para mim com um sorriso leve no rosto.
- Bom dia! Com licença, quem é o senhor?
- Aceita jogar ou não?
- Do que se trata?
- Sabe jogar Ddakji?
- Sei. É isso que vamos jogar?
- Se você ganhar, te darei cem mil wons, mas se eu ganhar, você que terá que me dar esse valor.
- Eu não tenho este dinheiro agora.
- Poderá me pagar de outra forma.
- Eu acho que você entendeu errado, senhor. Eu não vendo meu corpo. - ando na direção oposta.
- Não é nada disso, espere! Poderá pagar com tapas no rosto.
Este foi, de longe, o momento mais estranho da minha vida. Eu joguei Ddakji com um desconhecido. E como se não bastasse, levei vários tapas e meu rosto está ardente.
- Sina Acoste, vinte sete anos, se mudou do Brasil aos vinte e cinco para estudar história na Universidade de Seonhwa. Não pagou a mensalidade por um ano e agora está com uma dívida de onze milhões de wons.
Não tem como responder à uma coisa dessas. Este desconhecido com quem joguei Ddakji sabe exatamente quem sou.
- Você é agiota?
- Não, senhorita. Estou aqui para lhe dar uma oportunidade única de conseguir pagar suas dívidas. - dá uma risada espontânea devido minha pergunta.
Junto com essa reação, foi entregue um cartão bege com um número e três símbolos: um triângulo, um círculo e um quadrado. Encarei tanto o objeto que nem percebi a ausência do homem.
Seria isso um golpe? Uma armadilha?
Sem mais delongas, liguei para o número de telefone registrado no cartão.
- Aqui é Sina Acoste.
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Além da Arena (Se-mi)
RomanceNo universo de Round 6, uma garota brasileira muda-se para a Coreia do Sul para fazer faculdade. No seu segundo ano de estudo, descobre que possui uma dívida de onze milhões de wons. Como uma luz no fim do túnel, um homem lhe dá a oportunidade de co...