Abril chegou acompanhado pelas chuvas que dançavam no vidro da janela, como se tentassem lavar o peso que pairava sobre o pequeno apartamento. Lá fora, a primavera dava seus primeiros sinais tímidos, mas, dentro de casa, o ar ainda parecia denso. Mingi estava mais fraco. As manhãs começavam com sorrisos pequenos e noites de exaustão profunda.
Uma tarde, enquanto Yunho preparava sopa na cozinha, ouviu um baque surdo vindo do quarto. O som fez seu coração disparar. Ele correu e encontrou Mingi ajoelhado no chão, apoiando-se na cama, o rosto pálido e os lábios apertados em um sorriso que tentava tranquilizá-lo.
"Foi só uma tontura," Mingi disse, mas a voz era mais fraca do que nunca.
Yunho o ajudou a se levantar e o levou de volta para a cama, ajustando os travesseiros e cobrindo-o com um cobertor. Ele não disse nada enquanto fazia isso, mas a tensão em seu rosto falava por si.
Mingi, com dificuldade, estendeu a mão e segurou a de Yunho. "Eu estou bem," ele sussurrou, embora ambos soubessem que não era verdade.
As palavras fizeram algo dentro de Yunho se partir. Ele não respondeu, apenas se levantou abruptamente e caminhou até a janela, tentando esconder o rosto. Ele olhou para a chuva lá fora, os ombros tensos, enquanto uma batalha silenciosa acontecia dentro dele.
"Mingi," ele começou, mas sua voz falhou. Ele tentou novamente, mas as palavras se transformaram em soluços. Antes que pudesse se conter, lágrimas começaram a escorrer por seu rosto.
Mingi observou em silêncio por alguns instantes antes de estender a mão novamente. "Yunho," ele chamou, a voz fraca, mas cheia de ternura.
Yunho hesitou, mas voltou para perto da cama. Ele caiu de joelhos ao lado de Mingi, segurando sua mão como se fosse a única coisa que o mantinha inteiro. Ele chorava sem controle, os soluços escapando mesmo quando tentava segurá-los.
"Eu não sei como fazer isso," Yunho finalmente disse, a voz abafada. "Eu não sei como te ajudar, Mingi. Eu não sei..."
Mingi levou a mão até o rosto de Yunho, limpando as lágrimas com dedos trêmulos. "Você está me ajudando. Cada dia, cada momento que você está aqui, você está me ajudando."
Yunho encostou a testa na mão de Mingi, fechando os olhos com força. Ele queria dizer algo, mas as palavras não vinham. Tudo o que ele podia fazer era chorar, deixando que o amor e o medo se misturassem em silêncio.
Mingi continuou acariciando o rosto dele, o sorriso suave e paciente. "Você não precisa ser forte o tempo todo, Yunho. Está tudo bem chorar. Está tudo bem sentir."
Eles ficaram assim por um longo tempo, Yunho ajoelhado ao lado da cama, segurando a mão de Mingi como se fosse um porto seguro. Quando finalmente conseguiu se acalmar, Mingi o puxou levemente para mais perto, e Yunho deitou a cabeça no peito dele.
"O som da chuva é bonito, não acha?" Mingi perguntou, com a voz baixa.
Yunho assentiu, sem confiar na própria voz para responder.
"Eu quero que você sempre se lembre disso," Mingi continuou. "Mesmo quando tudo parecer pesado, sempre haverá algo bonito para ouvir, para sentir."
Aquelas palavras ficaram gravadas no coração de Yunho. Ele não respondeu, mas apertou a mão de Mingi, prometendo silenciosamente que nunca esqueceria.
Naquela noite, enquanto a chuva caía do lado de fora, Yunho deitou ao lado de Mingi, abraçando-o com cuidado. E, mesmo que o medo ainda estivesse presente, ele sentiu uma paz momentânea. Porque, por mais doloroso que fosse, estar com Mingi era sempre uma bênção.

YOU ARE READING
De Janeiro a Janeiro | Yungi
Fanfiction[Concluída] Yunho teria somente doze meses com seu amor, mas o amaria de Janeiro a Janeiro, para sempre.