JIMIN
Eu estava determinado a enterrar os acontecimentos da noite anterior e seguir em frente. Convenci a mim mesmo de que essa seria a melhor escolha para Jungkook e para mim. Não queria arrastá-lo para o ambiente tóxico que me cerca. Ainda assim, ao longo do dia, me peguei várias vezes com o impulso de mandar uma mensagem, perguntar como ele estava. Mas resisti.
O som do celular interrompeu meus pensamentos.
— Alô? — atendi, sem conferir quem era.
— Oi, filho — era minha mãe. — Você está vindo, não é?
Demorei alguns segundos para entender o que ela queria dizer, até me lembrar: o almoço de família que meu pai havia marcado. A última coisa que eu queria era me sentar à mesa e ouvir as ideias ultrapassadas dele, mas havia prometido à minha mãe e à minha irmã que estaria lá. Não podia quebrar minha palavra.
— Estou indo, mãe... Chego aí logo. — Respondi enquanto abria o guarda-roupa para procurar algo decente para vestir.
Quando cheguei à casa dos meus pais, fui recebido calorosamente pela minha mãe e por Ji Hye, minha irmã mais nova. Aos 12 anos, ela parecia cheia de energia, ansiosa para me contar as novidades da escola, como fazia toda vez que nos víamos.
— E aí, pestinha, já acabou as histórias? — provoquei, bagunçando o cabelo dela.
— Acho que contei tudo, oppa! — Ela sorriu, radiante.
Ji Hye era meu maior tesouro, mais importante até do que nossos pais. Tudo o que eu queria era protegê-la dessa vida cheia de cobranças, manipulação e frieza, a mesma que me forçou a amadurecer cedo demais. Eu queria que ela fosse livre, que tivesse uma infância leve, sem as sombras que sempre pairaram sobre mim.
— O almoço já está servido, Sr. Park — anunciou Sra. Soo Jin, a governanta que havia cuidado de mim por toda a vida.
— Já disse para me chamar só de Jimin... — retruquei com suavidade, tentando quebrar a formalidade.
Ela corou levemente, mas me lançou um olhar de reprovação.
— Não comece, Sr. Park. Sabe muito bem qual é minha posição nesta casa.
Por mais que ela insistisse em manter essa barreira, Soo Jin era muito mais do que uma funcionária para mim. Ela foi mãe e pai nos momentos em que os meus verdadeiros se ausentaram, cuidando de mim quando mais precisei. Para mim, ela era família.
Sentado à mesa, fui transportado para memórias que preferia esquecer. Meu pai nunca se interessou verdadeiramente em ser presente. Sua prioridade sempre foi o trabalho, enquanto minha mãe parecia mais preocupada com os compromissos sociais do que com a família. Desde cedo, fui ensinado que o poder e a perfeição eram tudo. Sonhos de criança, como ser jogador de futebol, foram enterrados sob a pressão de me tornar o sucessor perfeito na empresa da família.
Enquanto comíamos, meu pai quebrou o silêncio com o assunto que ele mais gostava: negócios.
— Jimin, está na hora de começar a assumir mais responsabilidades. A empresa precisa de você.
Engoli em seco e encarei o prato por um momento antes de responder.
— Já falei que não quero assumir a empresa, pai. Passe para um funcionário. Alguém que realmente queira isso.
— Isso é inaceitável! — Ele bateu a mão na mesa. — Somente um herdeiro pode cuidar adequadamente do que é nosso. Você é o único filho homem, Jimin!
Minha mãe tentou intervir, colocando a mão sobre a dele.
— Querido, por favor... Esse não é o momento. — Sua voz era um sussurro apaziguador.
Surpreendentemente, ele cedeu, e conseguimos terminar o almoço em um silêncio tenso. Após a refeição, me despedi da minha mãe e de Ji Hye, prometendo voltar em breve. Mas no fundo, cada visita era um lembrete daquilo que eu não queria para minha vida.
💼
No dia seguinte, enquanto caminhava pela recepção da empresa, uma voz masculina chamou minha atenção. Era alta, insistente, cheia de urgência.
— Eu PRECISO falar com ele! — a voz ecoava pelo hall.
Franzi o cenho e me aproximei. O homem estava de costas, vestindo roupas largas e um boné, mas havia algo nele que parecia familiar. As tatuagens no braço confirmaram minha suspeita. Meu coração parou por um instante.
Era Jungkook.
— Senhor, infelizmente não posso deixá-lo entrar sem horário agendado — dizia a recepcionista, visivelmente desconfortável.
Respirei fundo, tentando processar o que estava acontecendo, antes de finalmente me aproximar.
— Jungkook? — Minha voz saiu mais alta do que eu esperava.
Ele se virou, e seus olhos encontraram os meus. Havia algo diferente nele, algo que eu não conseguia decifrar.
Meu peito apertou. O que ele estava fazendo ali? E, mais importante, por que parecia tão desesperado?
Jungkook permaneceu imóvel por alguns segundos, os olhos escuros fixos nos meus. Era como se ele estivesse tentando controlar algo dentro de si, algo que ameaçava transbordar a qualquer momento. Minha garganta secou, e o peso no meu peito ficou quase insuportável.
— Jimin... — Ele disse meu nome de uma forma que misturava raiva e dor, como se fosse difícil pronunciá-lo. Seu tom me cortou como uma lâmina.
Saudade. Eu senti a falta dele como um buraco constante no peito desde o dia que ficamos. Mas o que vi nos olhos dele agora não era apenas o Jungkook que eu conhecia. Havia algo quebrado, algo que ele não estava disposto a esconder.
— O que você está fazendo aqui? — Perguntei, tentando soar firme, mesmo que por dentro eu estivesse desmoronando. Parte de mim queria correr até ele e abraçá-lo, dizer que sentia falta, mas a outra parte... algo me dizia que esse não era o momento.
Ele riu, mas foi um riso seco, quase cruel. Dei um passo à frente, confuso, mas ele ergueu uma mão, como se quisesse me impedir.
— Não tenta fingir que não sabe, Jimin. — As palavras dele eram duras, mas eu não conseguia entender.
— Saber o quê? Do que você está falando? — Minha voz saiu mais alta do que pretendia, mas o nó na minha garganta era difícil de engolir.
Jungkook estreitou os olhos, dando mais um passo na minha direção. Ele estava tão perto agora que eu podia sentir a tensão irradiando dele. E, ao mesmo tempo, minha vontade de tocá-lo, de segurar seu rosto e dizer que tudo ficaria bem, era esmagadora.
— O seu pai. — Ele cuspiu as palavras, como se fossem veneno. — Você realmente não sabe o que ele fez?
Percebi que Jungkook estava com muita raiva, à beira de explodir, e não podia deixá-lo naquele estado no meio da empresa. Eu precisava ouvi-lo, entender o que ele tinha a dizer, mas aquilo não podia acontecer ali, na frente dos funcionários.
— Você pode vir comigo, por favor? — pedi, torcendo para que ele me seguisse.
Jungkook hesitou por um instante, os olhos escuros analisando cada traço do meu rosto. Ele parecia estar travando uma batalha interna, dividido entre me ignorar e explodir de vez. Engoli em seco, tentando manter a calma, mesmo que minha mente estivesse um caos.
— Por favor, Jungkook — repeti, minha voz mais baixa, quase um sussurro. Não era só um pedido; era quase um apelo. Ele podia ver isso, eu sabia que podia.
Após o que pareceu uma eternidade, ele respirou fundo, os ombros relaxando levemente.
— Tudo bem. — Sua resposta foi curta, mas direta.
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Ligths
FanfictionJungkook vive atormentado pela morte de sua irmã Nabi, envolta em mistérios ligados à boate Blue Mix e a uma rede de mentiras que o impedem de descobrir a verdade. Sua vida muda quando ele conhece Park Jimin, um homem sedutor e promissor que despert...