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Mason estava no caminho de seu apartamento, ele acabara de levar Nabi de volta para casa e agora que estava indo ter um tempo sozinho, não pode deixar de lembrar de Hana e seus sintomas peculiares.

Na verdade nem tanto, pois Mason já presenciara uma situação em que alguém próximo de si estava expelindo flores, e como sabia que se tratava de uma ocasião rara, não pode deixar de se sentir curioso em relação a jovem, queria conhecê-la e pergunta-la pessoalmente sobre como ela se sentia, pra saber se poderia ajudá-la de alguma forma, já que não pôde fazer o mesmo por aquele que um dia fora seu melhor amigo.

Mas não sabia como faria para se aproximar da mesma, pelo que Nabi o contara, a jovem não estaria em seu local de trabalho devido ao ocorrido, então pensou em ir ao hospital, mas não sabia como faria para vê-la já que não havia nenhuma relação próxima com ela.

Então para que sua ida até o hospital não fosse em vão, ele pediu para que fosse informado quando Hana finalmente tivesse alta, pois seu plano era confronta-la em sua casa já que ele sabia seu endereço.

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De volta em casa, Nabi estava com a cabeça cheia, suas provas estavam perto e mesmo que já tenha estudado, teria que tirar um tempo para revisar tudo, mas o caso de Hana ainda a estava atormentando, além de sua relação com Mason, que apesar de recíproca também era muito repentina, então não conseguia evitar se sentir incoerente com o caso de Hana, mesmo que o que aconteceu com ela não fosse sua responsabilidade.

Vez ou outra enquanto revisava o conteúdo das aulas, era bombardeada por flashbacks daquele dia, sentia que devia algo a jovem, então cogitou em voltar ao hospital para ver se Hana estava bem, mas em pensar que isso poderia lhe fazer mal, abanou essa ideia e continuou seus estudos.

Beirando a noite a jovem estava preparando o jantar, quando recebeu uma ligação de sua mãe, era sua irmãzinha querendo conversar por chamada de vídeo, atendeu já esperando algo inusitado da garotinha e usou dessa oportunidade para falar sobre Mabel, a irmã de Mason, que era pouco tempo mais nova que a pequena Nabang.

A garotinha se sentiu entusiasmada em pensar em ter uma nova amizade, e com antecedência pediu para conhecer a outra o quanto antes, Nabi deu um riso soprado e soltou o celular na bancada para poder finalizar sua refeição.

No mesmo momento o celular voltou a tocar, sua irmãzinha que ainda estava na chamada gritou para avisar e perguntou se já podia desligar, Nabi confirmou e aceitou a chamada seguinte, se tratava de Mason e pelo visto ele queria a encontrar novamente, a jovem sentiu o rosto esquentar e flashbacks do beijo apaixonado de ambos vieram a tona, era inegável que Nabi já estava apaixonada pelo rapaz.

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Hana estava arrumando algumas roupas em cima da cama a fim de fazer as malas para viajar, não havia decidido quando, mas queria ir ver seus parentes o mais rápido possível, seu coração palpitava em alegria, lembrar da sua infância no campo lhe trazia conforto.

Suspirou e voltou a dobrar suas mudas de roupa para sua estadia de tempo indeterminado.

Ao sair do quarto e cruzar a sala viu os quadros de aquarela em branco que ainda estavam na sacada, aproveitando dessa oportunidade, Hana decidiu pintar algo neles, afim de presentar Ambrose, se despedir e perdoar Nabi.

Não sabia exatamente o que pintar, então riu de si mesma ao atirar o pincel com tinta verde claro no quadro, estava se sentindo como os artistas que acompanhava nas redes sociais.

Então repetiu os movimentos mais algumas vezes, até começar de fato ver formas, de repente quis desenhar um rosto, e ao perceber que se assemelhava a alguém que conhecia, arriscou mudar as cores e até mistura-las.

No fim, com alguns respingos de tinta branca e laranja no rosto, Hana acabara de desenhar mesmo que de forma amadora, um retrato abstrato de Ambrose, com alguns elementos que remetiam a ela, Angelique e o matrimônio de ambas.

"Esse sim é um presente único de casamento" - pensou a jovem, não mais Bibliotecária e não mais Barista. Talvez, uma aspirante a artista.

Após terminar o quadro que nomeou de "Amber Rose" — a mesma forma que costumava chamar sua melhor amiga — Hana olhou para o outro quadro em branco restante e pensou que não deveria pintar algo parecido ou usando as mesmas técnicas para dar a Nabi.

Até porque, já fazia algum tempo que não a via, então não lembrava exatamente como a jovem se parecia,e mesmo que esse tempo não fosse tão distante assim, Hana não observava a jovem botânica tão atentamente, tinha medo de ser pega enquanto o fazia.

Se sentia muito descarada mesmo que a observando de longe, então não poderia criar um retrato dela.

Só em pensar nisso seu coração já começou palpitar, e em um reflexo de tentar controlar a sua doença, Hana se ergueu correndo para o banheiro,ao perceber que não havia nenhuma complicação suspirou em alívio, aproveitou para molhar o rosto e prender o curto cabelo rosa em um coque extremamente bagunçado.

Ao retornar á sala notou tinta de aquarela azul pingando de cima da sua mesa de centro, ela havia respingado por todo quadro branco e agora estava derramando pelo chão.

Hana se apressou para pegar um pano e enxugar tudo, e após uma tentativa falha de tirar o excesso de tinta do quadro, notou que o borrão lhe remetia uma figura, mais especificamente um ser muito comum nos jardins, e daí tirou a sua inspiração para desenhar algo que fizesse menção a Nabi.

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A jovem botânica que acabara de receber o rapaz por quem tem interesse em sua casa, estava um tanto quanto nervosa, e numa tentativa falha de contornar isso, acabou focando em um assunto totalmente diferente do qual Mason propunha por telefone.

Fazendo uma espécie de tuor por sua humilde residência, Nabi detalhava e explicava a origem e o motivo de cada anotação, fotografia, pôster e amostra dos estudos da sua área.

Mason por outro lado, mesmo não tendo interesse ou algum tipo de noção do assunto alheio, prestava atenção e até engajava em perguntas para manter o entusiasmo de Nabi.

Ao perceber o olhar sereno do homem sobre si, Nabi gaguejou as últimas palavras e engoliu em seco, ele sorriu gentilmente e afagou os cabelos negros da garota, se aproximando como se fosse  algo natural de se fazer e beijou suavemente os lábios trêmulos da jovem.

A mesma retribuiu o carinho e ao se afastar, colocou rapidamente as mãos sobre o rosto sentindo-o arder.

Aproveitando o foco da garota sobre si, Mason finalmente pôde perguntar:

— Quer ir comigo visitar minhas tias no campo? Isso se você não tiver mais alguma prova pra fazer. Elas estão precisando da minha ajuda para movimentar a colheita, e perguntaram se você não gostaria de ir.

Nabi assentiu com os olhos brilhando, já fazia um tempo desde que fora para o interior, mas ainda estava um pouco hesitante sobre um pedido que queria fazer.

— M-Mason? - indagou Nabi, O rapaz sibilou um "Hm?" enquanto continuava a acariciar os cabelos da jovem.

— Mabel vai conosco? É que eu falei dela pra minha irmãzinha, a Nabang, ela ficou tão animada, se não tiver problema, acho que seria uma boa oportunidade para elas se conhecerem.

—Nabang? Que meiga, não vejo problema nenhum, já é natural da minha parte levar a Mabel para casa das minhas tias para ela brincar com a Syl, acho que elas vão ficar muito felizes em ter uma terceira pessoa para brincar.

Nabi suspirou aliviada e ainda sorrindo abraçou o homem, que retribuiu o abraço fazendo com que a jovem voltasse a corar, devido ao lugar onde descansou a mão.

Mesmo que por cima do tecido, Nabi podia sentir o calor da mão alheia na sua nádega e quando cogitou em se desatar dos braços do outro, sentiu os cinco dedos do rapaz sendo pressionados naquela área, ele a estava apalpando e Nabi por sua vez não queria que o toque parasse por ali.

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Out of this GardenOnde histórias criam vida. Descubra agora