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P. O. V. Pamela Isley

Finalmente havia chego o dia do casamento de Selina.

  Todos estavam eufóricos com o dia desde que havia sido anunciada a data, e essa ansiedade pelo casamento incluía os que estariam presentes no dia e a imprensa.

E não era para menos.

Era um casamento de primeira categoria: a decoração estava maravilhosa em tons claros; uma orquestra tocava algumas músicas de sala de espera na galeria do coro, dando uma acústica emocionante pela capela. As flores foram por minha conta a pedido de Sel, o que realizei com o maior prazer, e agora eu conseguia ver o quão elegante e harmonioso as orquídeas brancas junto das peônias brancas ficaram naquele ambiente. Estava tudo perfeito, até mesmo a escolha das flores tinham a ver com o casal.

  As orquídeas significavam a elegância, o luxo, paz... Já as peônias eram boa sorte, beleza. Para mim, não havia escolha melhor para as mensagens que aquelas flores transmitiam para o casamento.

Eu e Charles havíamos sido convidados para sermos padrinhos de casamento de Kyle. Quando recebemos o convite, mal conseguia me conter de felicidade, ao passo que Brown chorou. Nesse tempo de relacionamento com o homem, entendi que além de ter certos hobbies um tanto... diferentes, ele também era sentimental. De certa forma, até que combinava com ele o seu jeito de ser, mesmo que no começo tivesse sido um pouco difícil para eu me acostumar com isso.

Eu estava usando um vestido verde claro feito de um tecido leve, com um decote simples em V na frente e minhas costas abertas. Meu cabelo estava penteado para o lado, deixando que os cachos ondulados — meu cabelo natural, algo que eu estava voltando a usar — caíssem sobre meu ombro esquerdo. Chuck me acompanhava na paleta de cor que eu havia escolhido usar, embora seu terno fosse preto e apenas a gravata combinasse com meu vestido.

Meus olhos estavam analisando cada detalhe da decoração quando uma das organizadoras do evento se aproximou de mim, dizendo que Selina queria encontrar comigo antes do início da cerimônia. Segui a mulher até uma ala separada da capela que era estritamente reservada para a noiva, e lá estava ela.

— Selina? — chamei-a ao me aproximar dela, esta que estava se olhando diante a um espelho.

— Pedi para te chamarem, espero que não ter incomodado. — ela proferiu, olhando para mim. — Está tudo lindo, não está?

Assenti com a cabeça e vi um pequeno sorriso em seus lábios. A mulher estava praticamente pronta; com seu vestido longo repleto de rendas em um branco lindo, que combinavam exatamente com a personalidade extravagante de minha amiga, e por ainda estar no início da gestação, ela conseguiu com que sua barriga estivesse mais camuflada na veste, mas era algo de que qualquer maneira, não seria um problema. Além disso, o buquê de flores que eu havia feito para ela já estava ali, de tal maneira que a última coisa que faltava para ela seria seu véu.

— Sabe, estou tendo um momento de reflexão agora. — Kyle soltou um riso fraco. — Não que eu não esteja feliz, estou muito, mas fico me perguntando: "O que estou fazendo aqui?"... E se der tudo errado?

Aproximei-me dela e me coloquei ao seu lado.

— Vai dar tudo certo, Sel. Acredito que seja normal se sentir assim em certos momentos da vida, ainda mais quando estamos prestes a dar um passo como esse. — dei uma breve pausa, pegando seu longo véu preso a uma coroa e colocando em sua cabeça. — Além do mais, acho que é um dos casamentos mais lindos que já fui, e olha que não fui em muitos.

Acabamos rindo juntas dessa vez, um riso leve e descontraído. Abracei-a apertado, garantindo-a que estava bem em um aperto firme.

— O Bruce já está lá.

          

— Aposto que ele vai chorar mais do que eu...

Ri de seu comentário antes de me despedir da noiva, voltando para o salão que antes eu estava, agora já com os assessores explicando como deveríamos fazer ao entrar e organizando os casais.

  Bruce estava logo na frente, já que entraria primeiro, e diferente do que de costume, ele entraria com seu mordomo, Alfred. Eu sabia pouco de sua história, mas sabia que havia perdido os pais muito cedo, de maneira que quem o criou desde então foi o tal senhor, que se mostrava ser simpático com todos, e claro, era notório o carinho especial que tinha pelo noivo.

— Está nervosa, amor? — Charles proferiu, olhando para mim.

— Um pouco. Sempre fico assim em eventos cheios de pessoas, mas estou aqui pela minha amiga. — respondi ao respirar fundo, sentindo a mão destra do homem sobre a minha que repousava em seu antebraço esquerdo, como uma espécie de conforto.

Agradeci com um breve sorriso, mas voltei a prestar atenção no que nos era falado.

Poucos minutos depois disso, a cerimônia começou. Primeiro, o noivo entrou, seguido dos padrinhos e madrinhas, seguindo toda aquela encenação feita dos casamentos, e que por mais que quase sempre seja a mesma coisa, não há como não se emocionar.

Eu já estava posicionada ao lado de Charles no altar referente ao lado da noiva quando meus olhos percorreram o lugar, e como um imã, meu olhar caiu sobre uma loira que entrava ao lado de um homem alto e de cabelos escuros, o casal se colocando no altar no lado do noivo.

  Era Harleen.

Idiota. Claro que ela estaria aqui! Como pude esquecer disso e pensar que ela não viria? Até porque, ela também é amiga da Selina.

Faziam anos que eu não a via, nem mesmo tinha notícias de onde ela estaria e como estaria. Encontrar com ela dessa maneira era a última coisa que eu esperava, embora fosse a mais óbvia.

Mas... ela estava diferente.

Ela estava linda.

  Mas eu não era a pessoa mais adequada para dizer isso.

Para mim, ela sempre seria o tipo de pessoa com uma beleza impactante, e depois de dois anos sem a ver... Era realmente um baque.

Devo ter a olhado por algum tempo demais, já que seus olhos azuis encontraram com os meus, e mesmo com tudo que eu poderia sentir para desviar, eu não o fiz. Eu continuei a olhando, e ela também.

Certamente devo ter apertado um pouco o braço de Brown, que novamente segurou minha mão em uma forma de carinho. Deve ter pensado que eu estava nervosa com o início do evento, mas dessa vez era por outro motivo...

Harleen Quinzel estava à passos de mim.

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  A cerimônia havia sido finalizada com perfeição e agora todos estavam se direcionando para o endereço do buffet onde ocorreria a festa. Embora eu tivesse prestado atenção no casamento, meu foco também se dividia com Quinzel, e eu diria que ela estava na mesma situação, já que nossos olhares se cruzaram mais de uma vez. Eu não sabia o que dizer e nem pensar sobre o assunto, somente que eu teria que arranjar meios de não esbarrar com ela durante a festa, esta que prometia ser longa.

— Será que eles vão servir nachos e chilli? — Charles perguntou animado assim que entramos no enorme salão da festa, onde alguns convidados já estavam e a música já estava presente no ar.

— É um casamento, Chuck, não um restaurante mexicano.

Respondi ao passo que um garçom passou por nós com algumas taças de bebidas em uma bandeja, e peguei um vinho e o homem ao meu lado champanhe.

Vidas Normais || Harlivy Onde histórias criam vida. Descubra agora