#MelodiaDoCaos
Os disparos ecoaram pela sala como trovões em meio a uma tempestade. O tempo pareceu desacelerar, como se o universo quisesse forçar todos ali a absorver cada fração de segundo daquele momento. Sana tentou reagir, quis correr, impedir, fazer algo, mas estava longe demais para chegar a tempo. Seu coração parou quando viu as balas rasgando o ar em direção a Jihyo.
Mas então, uma sombra se moveu antes que o impacto pudesse acontecer.
Bae Joo-hyun.
Ela surgiu como um escudo humano, colocando-se no caminho dos tiros sem hesitação. O impacto das balas a fez cambalear para trás, um som abafado escapando de seus lábios enquanto o vermelho começava a se espalhar pela sua roupa.
- BAE!! - Min-jeong gritou, seus pés se movendo antes mesmo que sua mente processasse o que estava acontecendo.
Mas antes que pudesse alcançá-la, outro disparo ecoou. Dessa vez, atingindo Min-jeong na lateral do corpo. O impacto a jogou no chão com um gemido de dor, suas mãos indo instintivamente para o ferimento quente e latejante.
O caos explodiu.
- Seu desgraçado! - Mina gritou, seus olhos brilhando com uma fúria crua e incontrolável.
Sem pensar, sem hesitar, sem se importar com mais nada, ela ergueu a arma e começou a atirar. Um, dois, três, quatro disparos... Não parou até o pente da arma estar completamente descarregado. O som ensurdecedor das balas cortando o ar foi seguido pelos gemidos de dor. Mínghào nem teve tempo de reagir. Os tiros perfuraram seu peito, seu ombro, suas pernas. O impacto o fez cair de joelhos, o corpo estremecendo violentamente antes de finalmente tombar no chão, sem vida.
O silêncio que se seguiu foi como um vácuo esmagador.
Sana permaneceu imóvel. Eles finalmente conseguiu. Mataram o Mínghào.
Então... por que não se sentia aliviada?
Seus joelhos cederam, e ela caiu no chão. O peso da realidade esmagando seus ombros. Suas mãos tremiam, seus pulmões lutavam para puxar o ar, mas tudo que sentia era o gosto amargo da adrenalina misturada com algo mais profundo... algo que queimava e corroía seu peito por dentro.
Mas a atenção de todos não estava mais em Mínghào.
Estava em Bae Irene.
Mina correu até a irmã caída, suas mãos tremendo ao tocá-la.
- Merda, merda, merda! - sua voz soou frenética. Ela viu que o tiro havia atingido o colete de Min-jeong, impedindo que perfurasse seu corpo, mas o impacto ainda foi forte o suficiente para derrubá-la.
Jihyo também percebeu isso e sentiu um breve alívio... até olhar para o lado.
Irene.
Seu corpo caiu pesadamente no chão, os olhos arregalados e vidrados em choque.
Jihyo congelou.
O sangue já se espalhava ao redor dela.
- Não, não, não, não... - Jihyo murmurou, seus pés se movendo antes que ela percebesse. Seu joelho bateu no chão ao lado do corpo da amiga, e suas mãos, agora trêmulas, pressionaram o ferimento em uma tentativa desesperada de estancar o sangue que não parava de escorrer.
- Aguenta firme, aguenta firme, porra! - Jihyo implorou, sua voz embargada pelo desespero.
O rosto de Irene estava ficando mais pálido a cada segundo, seu peito subindo e descendo de maneira irregular. Seus olhos se moveram lentamente, procurando por Jihyo, e um sorriso fraco apareceu em seus lábios ensanguentados.
- É... inútil... - Irene murmurou, sua voz fraca e quebrada. - Você... sabe que... eu não saio dessa...
- Cala a boca! - Jihyo gritou, sua respiração ficando mais acelerada. - Você vai sair dessa! Você precisa sair dessa!
Mas Irene apenas sorriu de novo, um sorriso triste.
- Minha dívida... com você... foi paga... Obriga-
Ela tentou dizer mais alguma coisa, mas sua voz falhou. Seu peito subiu mais uma vez... e então parou.
Seus olhos perderam o brilho. Seu corpo ficou imóvel. E tudo ao redor de Jihyo desmoronou.
- NÃO!! - O grito saiu como um rugido de dor e revolta.
Ela sacudiu Irene pelos ombros, recusando-se a aceitar o inevitável.
- Acorda! Abre os olhos, porra! - Sua voz quebrou no final, um soluço rasgando sua garganta.
Mas Irene não se mexeu. Não respirou. O silêncio respondeu por ela.
O peito de Jihyo subia e descia de maneira frenética. Sua visão ficou turva pelas lágrimas que agora escorriam livremente por seu rosto. Seus dedos estavam cobertos de sangue quente, o sangue de sua amiga, de alguém que esteve ao seu lado por tanto tempo.
Ela apertou os dentes com tanta força que sua mandíbula doeu. Então, sem aviso, Jihyo jogou a cabeça para trás e gritou. Um grito de dor. Um grito de desespero.
Um grito que ecoou por todo o cômodo, sufocando qualquer outro som.
Ela nunca se permitia chorar, nunca se permitia ser fraca. Mas agora, naquele momento, tudo o que ela sentia era a dor esmagadora da perda.
E, pela primeira vez, Jihyo se sentiu completamente quebrada.
...
Depois que Jihyo finalmente conseguiu se controlar um pouco, eles deixaram o local para trás. Não havia mais ninguém vivo ali além deles. Xú Mínghào e seus capangas agora eram apenas corpos espalhados pelo chão, cercados por um rastro de sangue e destruição.
Sana, ainda se sentindo presa em um torpor estranho, manteve-se ao lado de Jihyo, tentando dar algum tipo de apoio. Mas não adiantava muito. A Park parecia estar presente apenas fisicamente - por dentro, parecia um poço vazio.
Todos estavam feridos, exaustos e ensanguentados, mas nada se comparava ao estado de Jihyo. A batalha tinha cobrado um preço alto dela, não apenas fisicamente, mas mentalmente também. A morte de Irene... aquilo foi um golpe difícil de assimilar. A mulher sempre esteve ao lado dela, sempre ajudando, sempre garantindo que a aliança entre elas fosse sólida. E agora, tudo o que restava dela era um corpo sem vida naquele galpão.
Mas não havia tempo para lamentações. O FBI certamente chegaria logo, e eles não podiam estar ali quando isso acontecesse. Então, se apressaram.
Mesmo destroçados, ainda tinham que levar Bae junto com eles. Ela era família, e deixá-la para trás não era uma opção. O peso do luto estava ali, esmagador, mas não havia tempo para se render a ele.
O hospital do Dr. Cha Eun-woo era o destino. Ele era um velho amigo de Irene e já havia garantido que, se precisassem de qualquer coisa, poderiam contar com ele. Agora era a hora de cobrar essa promessa. Sana precisava urgentemente remover aquele maldito chip, e não havia outro lugar onde pudessem fazer isso com segurança.
O sol já estava se pondo quando finalmente se aproximaram do hospital. Tinham passado muito mais tempo naquela carnificina do que imaginavam, e agora cada segundo contava.