7: BANG.

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— Você sabe que a gente acabou de ganhar o campeonato nacional, né? — Minho pergunta pela centésima vez na última hora. Ele está com um sorriso bobo de rei do mundo a noite toda. Desde antes de virar quatro doses de vodca.

— É, eu sei. — Pareço ausente enquanto vasculho com os olhos a multidão no bar que escolhemos para comemorar. O do hotel era caro demais, então decidimos sair esta noite. De acordo com a pesquisa do Donovan, este pequeno bar subterrâneo tem bebidas pela metade do preço nas noites de domingo e, aparentemente, elas não têm gosto de mijo.

Mas não estou nem aí para o gosto da bebida. Só estou interessado no efeito que tem em mim. Preciso ficar bêbado. O bastante para não ter que pensar no idiota que eu sou.

A voz de Minho me tira dos meus pensamentos sombrios. — Então melhora esse humor — ele manda. — Somos campeões, cara. Ganhamos de Yale. Acabamos com eles.

É verdade. O jogo terminou dois a zero.

Limpamos o gelo com nossos adversários, e eu deveria estar feliz com isso. Não, eu deveria estar pirando. Foi para isso que treinamos o ano todo, mas, em vez de saborear a vitória, estou ocupado demais chateado com o fato de que Changbin tem namorada.

É, pessoal, Seo Changbin é hétero. Que choque.

Dava para imaginar que eu já teria aprendido a lição. Passei seis anos torcendo para que a atração não viesse só de mim. Para que, de repente, ele pensasse: Hum, acho que estou a fim do Bang.

Ou quem sabe descobrisse que joga nos dois times e decidisse tentar com um cara, pra variar.

Nenhuma dessas possibilidades estava certa, no entanto. E nunca estaria.

À minha volta, os caras do time riem, brincam e relembram seus momentos favoritos do jogo. Ninguém nota que estou quieto. Minha mente continua voltando para Seo, sua namorada e a pegação que interrompi ontem à noite.

— Precisamos de mais uma rodada — Minho anuncia, procurando por um atendente.

Quando vejo a moça do outro lado do balcão, desço da banqueta abruptamente. — Vou lá pedir — digo, então me afasto antes que qualquer um possa perguntar porque de repente estou tão generoso.

No bar, peço outra rodada para o grupo, então apoio meus braços no balcão de madeira e estudo as garrafas nas prateleiras.

Bebi cerveja a noite toda, mas não está adiantando. Quero ficar bêbado de verdade. Preciso de algo mais forte.

Sinto um friozinho no estômago quando meu olhar recai sobre uma garrafa de bourbon. A bebida preferida do meu pai. Mas o que ele compra é mil vezes mais caro que a garrafa na prateleira.

Dirijo o olhar para as garrafas de tequila.

Era o que Changbin estava bebendo ontem à noite.

Então continuo. Jack Daniel's. Que inferno. Parece que toda garrafa nesta porra de bar está cheia de memórias.

Antes que consiga evitar, minha mente volta para a última noite no acampamento, para a garrafinha que passei para Changbin e para a pergunta que lancei em desafio.

— Acha mesmo que não tenho coragem de te chupar?

Ele pareceu considerar aquilo por um minuto. — Acho que nunca é uma boa ideia dizer que Christopher Bang não tem coragem de fazer alguma coisa.

— Isso aí.

Ele riu, mas seus olhos voltaram para a tela. De novo, Changbin tinha me liberado. Mas eu não queria aquilo. Queria pagar a aposta. Quanto mais falávamos sobre, mais certeza eu tinha. Só conseguia pensar em tocar meu melhor amigo. Não era por causa da aposta. Era desejo puro.

          

Na tela, a loira estava de joelhos, chupando um dos caras enquanto masturbava o outro. Changbin tomou outro gole antes de passar a bebida para mim. Ao meu lado, ele mexeu os quadris, e eu tive que controlar um arrepio. O que eu mais queria estava bem ali.

E agora ele estava com tesão.

Ele moveu as mãos, segurando o elástico da bermuda. Fez uma leve carícia embaixo do abdome, como se estivesse com coceira, mas era óbvio que estava tentando dar uma rearranjada estratégica.

Dei um gole no uísque. Para criar coragem. Então deixei a mão apoiada entre minhas pernas.

— Isso tá me matando — eu disse. Foi a coisa mais sincera que eu tinha dito o dia todo.

Toquei de leve meu pau duro e voltei. Podia sentir seus olhos em mim, na minha mão. E aquilo me deixou ainda mais doido. Esqueci a tela. Preferia estrelar meu próprio solo ali, com meu par de olhos castanhos favoritos acompanhando.

Meu coração começou a bater mais forte, porque eu sabia o que estava prestes a fazer.

Tinha uma pedra da qual gostávamos de pular no lago, uma queda de seis metros, e naquela noite era como se eu estivesse em cima dela. Como se me aproximasse da borda e o levasse comigo. Uma vez, Changbin estava demorando tanto para pular que perdi a paciência e o empurrei, morrendo de rir enquanto o via cair na água lá embaixo.

Mas não podia fazer o mesmo naquela noite. Não podia empurrá-lo. Ele tinha que pular.

Lambi os lábios secos. — Preciso me aliviar aqui. Você se importa?

O momento de hesitação quase me matou. — Vai em frente. A gente toma banho no mesmo banheiro, esqueceu? Porra. — Ele riu. — A gente caga no mesmo banheiro. Apesar de que aí tem uma porta.

Não havia nenhuma ali.

Enfiei a mão no calção e peguei o pau latejando, mas não o coloquei pra fora. Só bati uma punheta lenta ali mesmo.

Seus olhos se encheram de surpresa, então vi o brilho de algo que tirou o ar dos meus pulmões. Não era raiva. Não era irritação.

Era desejo.

Porra, ele estava ficando excitado ao me ver batendo uma. Nós já tínhamos esquecido o laptop. O olhar de Changbin estava grudado nos movimentos lentos da minha mão sob a bermuda.

— Fica à vontade também. — Odiei o som da minha voz na hora, porque sabia que tinha segundas intenções. — Sério, vai ser menos esquisito pra mim.

Cara. Eu era como a serpente oferecendo a maçã para Eva. Ou, no caso, a banana.

As analogias de mau gosto abandonaram meu cérebro idiota no momento em que Changbin puxou a bermuda e deixou o pau à mostra.

Meu coração acelerou diante da visão. Era rosa, grosso e perfeito. Com os dedos de uma mão, ele o acariciou, para cima e para baixo. Com leveza. Invejei aqueles dedos.

Peguei minhas bolas e tentei respirar fundo. Meu peito estava apertado de desejo. Ele estava bem ali, com o quadril próximo ao meu. Tudo o que eu queria era colocar seu pau na minha boca. Queria tanto que podia até sentir o gosto.

Seus olhos voltaram para a tela. Senti que ele afundava um pouco mais na cama. Agora estávamos batendo punheta com mais força. Sua respiração ficou mais superficial, e o som disparou outra onda de desejo pela minha espinha. Eu queria fazê-lo arfar daquele jeito. Então seu ritmo fraquejou, e eu olhei para descobrir o motivo.

O vídeo tinha acabado. Eu tinha escolhido um curto. Agora a tela mostrava um menu com uma série de opções, mas a foto principal era uma imagem horrível da bunda enorme de uma mulher.

HIM - Binchan.Onde histórias criam vida. Descubra agora