Capítulo 21

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Abro meus olhos, uma escuridão fria e assustadora me atinge. Sinto que deixei a realidade, a realidade de pessoas normais.

Fico esperando um pouco, tudo continua escuro.

-Olá?- ouço meu eco.

-Clarisse?- tomo um susto enorme com essa voz, que por sinal e bem grave.

-Quem está ai?- não posso ficar com medo.

-Você pode não acreditar, mas sou eu, Lúcifer!- risada maligna.

Respira fundo, estou ficando louca. O que é isso?

-Ok, mas porque está tudo escuro?- tenho que entrar na onda.

-Claro, eu tinha esquecido.

Lentamente as luzes se acendem e agora eu posso vê-lo.

Ao contrário do que dizem dele, sobre ser feio e monstruoso, ele era inacreditávelmente lindo, verdadeiramente um anjo.

Ele tinha uma pele leitosa e sem marcas, olhos mais escuros que a noite, cabelos mais pretos que a escuridão em que vivia.

Assim que percebeu que eu estava o apreciando ele abriu as asas, e por um momento fiquei completamente sem ar.

Asas bem grandes, elas eram pratas como a lua, com veios pretos e como um diamante bruto, capitavam toda a atenção.

-Lindo, muito lindo. Mas porque estou aqui?

Ele dá um sorriso e recolhe as asas.

-Bem, eu também não sei, mas você apareceu aqui.

-Certo, pode parar de mentir agora.- abro um sorriso de lado.

-Garota esperta. Tudo acaba e começa com uma carta, e a carta que você recebeu lhe trouxe aqui, para você saber que nem tudo é mentira.

-Tudo o que?- estou confusa.

-Olha, eu não posso contar tudo, mas de agora em diante você vai ter que saber de umas coisas, uma delas é que demônios existem.

-É, já pesquisei sobre vocês, fascinante eu diria.

Ele dá um sorriso e estende o braço para mim.

-Quero que você conheça Dite, o inferno mais angélico que existe!- a ironia escorre da boca dele.

Já estou aqui, melhor eu ir, certo?

Ele estava usando um terno preto, que caia muito bem nele. Olho para minha roupa, uma calça jeans claro e uma blusa preta um pouco decotada, ótimo.

Fomos andando por um campo de terra escura e poucas árvores. A uma boa distância pude ver um cachorro enorme de três cabeças, meu primeiro pensamento foi: Cérbero, e o segundo foi: Corra.

-Calma, ele é bonzinho!- Lucífer abre um sorriso.

Respiro fundo e tento me acalmar, nada demais pode acontecer.

Quando chegamos mais perto Cérbero latiu, minha perna virou gelatina, me agarrei mais forte ao braço de Lucífer.

-Calma amigão. Essa é a Clarisse, Clarisse, esse é o Cérbero. Ele quarda a entrada de Dite!- ele me puxa para mais perto. -Cérbero, cadê os bons modos?!

O cachorro se senta e olha para mim, começa a abanar o rabo, que coisa mais linda!

-Ele só morde se eu mandar, fique tranquila.

Chego mais perto e faço carinho, os pelos eram macios e lustrosos, quase azuis de tão pretos.

Passamos por ele e grandes portões surgiram, com muros maiores ainda.

-Tem ouro ai dentro?- aponto para os exagerados muros.

-Não, ainda não entrei.- egocêntrico.

Os portões se abrem e uma cidade muito movimentada surge.

-Bem vinda à Dite!

-Ai meu Deus!- que lugar lindo.

-Sem chigamento aqui!- ele meio que grita.

Dite era enorme, provavelmente maior do que dava para eu ver dos portões, só tim uma coisa ruim, era congelante.

-Vamos dar um adoravel passeio pela cidade mais quente conhecida. Vamos observar o melhor que essa cidade tem, claro que sou eu, mas você já está me vendo.

-Claro, mas eu continuo me achando mais bonita!

-Claro, mas é melhor irmos, temos o meu reinado para vislumbrar!

Fomos andando pela calçada, observei tudo e todos, o que era muito interessante.

-Nunca vi tanta puta junta!- olho para ele e aponto para o outro lado.

-Nem me fale, as vezes acho que eu e Lilith viramos coelhos!

-Lilith?

-Sim, ela é a minha vadia preferida!- ele sorri e volta a andar. -Vamos para a minha casa, o pessoal está esperando para o jantar.

-Que pessoal?

-Lilith, Astaroth e Belzebu, você não quer deixar eles esperando, quer?

-Não, é só que, apesar de eu ser linda, não estou vestida adequadamente...

-Não se preocupe, em casa andamos de qualquer jeito!

Subimos as escadas de uma mansão, que era extremamente linda. Entramos em silêncio, dentro era tudo belo, muitas coisas em ouro e prata.

-Vem, eles estão esperando na sala de jantar.- ele abre um sorriso.

Vou andando atrás dele e paramos em um par de elegantes portas fechadas.

-Pronta?- ele pergunta com um brilho nos olhos.

-Nem um pouco.

-Relaxa, apesar de parecer, eles não são tão cruéis. Eles são iguais à mim, só que menos perfeitos!

É, então estou acabada, eles vão querer me comer viva.

A Queda dos CéusOnde histórias criam vida. Descubra agora