Capítulo 13

191 23 10
                                    

Já se passaram dias que não vejo a Luana, tentei varias ligações, mas ela não atende nenhuma, muito menos me retorna. Fui ao hospital, faculdade, apartamento, em qualquer lugar que pudesse encontra-lá, mas não consegui nada, sempre ouvia a mesma coisa. " Ela acabou de sair". Sei que ela não quer me ver, mas uma hora vamos ter que conversar.

Minha cabeça anda uma confusão só, não consigo fazer nada. Faz dias que não vou a empresa. Desde do ultimo dia que travei na reunião, não dei mais as caras por lá. Só que hoje não escapo, tenho uma reunião muito importante, e não posso remarca-lá novamente.

Chego na empresa uns minutos antes da reunião. Comprimento a secretaria e me tranco em minha sala. Olho minha sala imensa. Aliso minha cadeira de couro. É... Cheguei aonde eu queria. Tenho tudo que desejei, alcancei além de meus objetivos. Giro a cadeira. Porém deixe para trás o que mais valia, o amor.

Duas batidas são dadas na porta e mando entra.

- Com licença senhor, estão todos na sala a sua espera. -Minha secretaria entra me avisando. Dou um aceno. Ela se retira. Olho mais uma vez minha imensa sala. Pego minha pasta e vou ate a sala de reuniões.

Estão todos os representantes da empresa, meu pai e dois clientes. Estão todos sentados, só eu em pé. Dou inicio a reunião. Pego as pilhas de papeais e vou dando continuidade ao meus objetivos.

" - Um dia vou querer transar com você nessa mesa. - Luana passa o dedo indicador sobre a mesa de reuniões, toda maliciosa. Seus olhos azuis me chamam daquele jeito que só ela sabe fazer. Corro em volta da mesa atras dela,e ela corre de mim"

- Túlio, Túlio. - Meu pai chama minha atenção, volto a sala de reunião, mas agora com todos os investidores.

- Me desculpem, me distrai um pouco, vamos retornar onde paramos. - Volto dar continuidade a reunião. Pego o copo de água em cima da mesa e o tomo.

" - Nossa seu guloso, eu aqui morrendo de sede, e você vai beber tudinho? Não vai deixar nenhum pouquinho pra mim ? - Clara faz bico. -Sorri mordendo os lábios. - Não tem problema, vou te mostrar como vou me refrescar. - Ela pega meu copo. Abre a torneira o enche. E joga toda a água sobre seu corpo. Nossa... Sua blusinha branca fica toda transparente .Deixa os bicos dos seus seios bem a vista. Ela me chama com o dedo indicador."

- Filho... Túlio. - Meu pai bate em meu ombro. Assusto-me. Deixo o copo cair. Coloco minhas mãos sobre minha cabeça.

- Eu estou louco. - Entro em desespero. - Eu não posso continuar. - Tento respirar.

- Calma filho, a reunião esta acabada. - Meu pai me abraça e me tira da sala. - Tenta se acalmar, respira fundo. Barbara desmarque tudo que eu e o Túlio temos hoje. - Ele nem deixa ela responder e sai comigo do prédio até o estacionamento. Tento me acalmar. Respirar. Ele me acomoda no banco do passageiro. E entra no piloto. - Túlio apenas respire filho. - Isso é novo para mim, meu pai sempre foi na dele, nunca tivemos um momento assim.

Nem faço ideia de onde estamos, ele deve ter andado mais ou menos uma meia hora de carro. Volto em mim e estamos estacionados na borda da praia. Um lugar deserto. Ele sai do carro, abre minha porta.

- Vem filho. - O sigo. Estamos de terno na praia. Olho meu pai que não fala se quer uma palavra. Segue até o mar. Ele para olhando para o mar. Fico ao seu lado. A água está a meio metro da nossa frente. - Filho apenas respire.- Ele fecha os olhos e respira fundo. Fico olhando a calma dele, e faço o mesmo. Esculto os barulhos das ondas. Uma calma começa entrar no meu corpo. Respiro fundo pegando o ar da minha alma atormentada.

- Venha Túlio. - Ele tira os sapatos e entra no mar até os joelhos. Faço o que ele me pede. Vou indo mais para o fundo preciso dar um mergulho. - Filho não, espere. - Segura meus ombros. Paro o olho. - Olha só pra essa vista meu filho. - Seus olhos percorrem todo o mar. A visão era simplesmente inexplicável ,uma paz derrepente me consumia, pelo menos um instante me permite sentir paz. Esses últimos dias só estava me martirizando, me culpando.

- Seu avô me trouxe aqui, e hoje eu trago você. Filho a vida nunca foi, e nunca será fácil. Ela nos proporciona momentos ruins, bons, amargos... e assim vai. - Ele pega um pouco de areia do mar e segura na mão. - Abre a mão. - Abro. Ele joga a areia na palma de minha mão. E a fecha. - Filho a vida está aqui. - Ele bate sobre minha mão que esta com a areia. - Me puxa mais pro fundo. - Ela segue. - As ondas batem em meu peito me arrastando para o raso, e a mare voltando me puxando pro fundo. - Se você olhar para trás, a onda vem e te leva a "areia", porque você ficou mais preocupado em olhar para trás do que a cuidar dela. Se você fica aqui parado só a segurando, a mare sobe e você se afoga. Filho... - Ele segura meus ombros forte. - Mais você tem uma saída, sempre a uma saída, você pode nadar, nadar contra a mare, contra as ondas. Quando se cansar pode boiar, mais nunca pode parar de nadar. E se você segurar a "areia" e nunca solta-lá ela vai percorrer com você todo seu trajeto. Mais o único que decide aqui é você. Está na sua mão. Lutar pra guardar essa "areia". - Ele abre minha mão, o mar leva a areia. - Porque o que o mar já levou não se recupera mais.

Escutei todo o conselho que ele me deu atentamente, ele respondeu todas minhas perguntas.

- Obrigado pai, muito obrigado por isso. - O abraço forte. - Me empresta seu carro?

- Claro, onde vai? - Me entrega a chave do carro.

- Vou atrás da minha vida ou melhor da minha "areia" . Mais dessa vez, eu não vou deixar nenhuma onda levar. - Saio do mar. Entro no carro. Seguro forte no volante. Nada e ninguém vai te tirar de mim.






Era VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora