O moço foi conversando comigo o caminho todo, bem simpático até, disse que era casado, veio de outro país pra tentar a vida aqui e conseguiu alcançar seus objetivos aos poucos. Lhe pago a corrida e deixo o troco para ele, desço e adentro o shopping pela porta lateral, que era a mais próxima da escada rolante que ficava em frente aos Starbucks, subi e logo me deparo com Henri numa mesa próxima a porta do café, ele me avista e acena rápido.
- Oi, demorei? - Digo em meio a um riso.
- Você nunca demora. - Ele se levanta pra me cumprimentar.
- Um mocha tradicional médio e três cookies. - Digo aproximando-me do balcão da atendente.
- Três? Mas eles são imensos. - Ele diz enquanto espero ainda no balção.
- É, um pra comer agora o resto durante a viagem pra casa.
- Viagem pra casa? Como assim? - Pego meu pedido e sento na mesa onde ele me aguardava assim que o vi.
- Eu moro longe daqui, do centro. Por volta de 40 minutos daqui, isso se não tiver trânsito. Mas logo estarei me mudando e isso para. Gastar 40 doláres em cada trajeto, meu bolso não suporta e o onibus passa uma vez na vida e outra na morte. - Finalizo dando um gole na minha bebida. - Nossa, me esqueci. Você pode pedir um copo com gelo pra mim?
- Posso. - Suas sombrancelhas se juntos num sentindo de dúvida.
- Aqui está. - Em menos de 1 minuto ele me tras um copo com vários cubinhos de gelo. Destampo o copo da minha bebida e despejo alguns cubos la dentro que se derretem rapidamente por causa da bebida quente.
- Se isso lhe responde sua dúvida.
- Espera ai! Você pede uma bebida quente pra por gelo? Qual sentido disso? - Henri fala rindo.
- Nenhum. É uma mania que tenho desde pequena. Uma vez me queimei tomando café e meu avô fez uma piada dizendo para eu por gelo, e eu segui o conselho dele, ele me avisou que era só uma brincadeira, mas é mais divertido tomar isto e sentir uma mistura do quente e gelado a ter que ficar assoprando pra esfriar.
- Uau, tenho uma mania assim também, sempre ponho ketchup no macarrão pra ter a impressão de que estou comendo um molho bolognhesa. É uma mania mais normal, por assim dizer. - Eu rio.
- Que engraçado, eu gosto de ketchup em salgadinhos apenas.
- E você, percebi que estava indo para faculdade no dia que nos esbarramos. Está cursando o quê? - Vejo ele remexendo em algum muffin na frente dele, que eu não havia percebido, e o mordisca.
- No momento eu só estou conhecendo matérias, para ajudar na escolha do curso. - Bebo minha mistura.
- E você quer cursar o quê?
- Alguma coisa relacionada à saúde.
- Ah, medicina então? - Ele diz limpando o excesso de recheio do canto da boca.
- Não sei, farmácia também está nas minhas escolhas.
- Interessante. - Percebo que ele não para de olhar as horas em seu relógio aparentemente caro.
- Está com pressa? - Pergunto mordiscando meu cookie.
- Não muita, daqui a pouco terei que ir trabalhar, mas ainda falta uma hora e meia para começar.
- Trabalhas com o que? - Pergunto em meio a um gole.
- Eu trabalho em uma empresa no centro e sou professor nas horas vagas.
- Interessante. - Repito no mesmo tom que ele disse essa palavra para mim e ele ri.
- Desculpe-me, me distraio às vezes. Podemos dar uma volta, olhar as vitrines talvez?
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Reencontro Inesperado
RandomApós se afastar de sua família para ir pra faculdade, Nina recomeça com sua vida, mas detalhes do seu passado voltam a aparecer.