A torradeira fez um barulho engraçado e eu abaixei o livro, encarando o aparelho metálico à minha frente, pensando em como eu deixara as coisas chegarem àquele ponto. O post it colorido na geladeira chamou a minha atenção e eu andei até lá, tentando ler melhor o que estava escrito ali.
A caligrafia desleixada de Louis estava ali, com a lista de compras que deveríamos comprar naquele mês, ainda que ele estivesse fora da cidade, em turnê, Louis ainda se preocupava comigo, mantendo a mídia longe de mim e tomando cuidado com todos os passos da minha gestação, como se ele mesmo fosse o pai.
Mas ele não o era.
Os possíveis pais daquela menina estavam seguramente longe, próximos um do outro e longe de mim, como deveria ser.
A minha barriga de sete meses estava totalmente proeminente e não havia como esconder mais. Com isso, não havia como escapar da mídia e das fãs malucas fazendo diversas conjecturas sobre a minha gravidez e tudo o mais.
Liam e Zayn não sabiam das últimas notícias. Na realidade, eles nem sequer sabiam onde eu estava, o único que sabia era Louis e dessa vez ele estava realmente empenhado em manter o segredo, ainda que por diversas vezes ele quase tenha deixado escapar.
Ele via na sua frente o que havia causado por deixar que as informações vazassem da ultima vez, ele ainda era capaz de enxergar as consequências do que aquele triangulo amoroso havia trago.
Louis conseguira um discreto e bom flat para que eu morasse perto do centro. Um com seguranças o suficiente para impedir que qualquer fã maluca ou repórter curioso entrasse lá e descobrisse que eu estava morando naquele lugar. Um que ficava estrategicamente perto do hospital, para evitar maiores transtornos quando eu estivesse em trabalho de parto.
O meu melhor amigo estava cuidando de tudo para mim, me ligando com frequência e até mesmo fazendo o papel de pai, indo comigo à minha primeira ultrassonografia.
Ainda era capaz de me lembrar da maneira como seus olhos haviam enchido de lágrimas enquanto ele tocava a pequena tela, admirando a criaturinha aparecendo, os seus dedinhos, a sua cabecinha.
- Olhe, Mandy ! É a nossa menina! - ele sussurrou, segurando minha mão enquanto chorava a ponto de soluçar, sem se importar de parecer estranho na frente do médico.
- Sim, é a nossa menina.
E naquele momento, eu ainda me lembro, Liam e Zayn passaram pela minha cabeça. Não um, depois outro, mas sim os dois ao mesmo tempo. Os dois juntos trabalhando na pintura de um quarto para a pequena filha deles, que nenhum dos dois sabiam direito a quem pertencia, mas que já sentiam como se pertencessem a eles.
Meu celular tocou e a imagem de Louis na tela me fez atendê-lo imediatamente.
- Ei, minha querida... - ele começou.
- Olá, Louis.
Até aquele momento eu não tinha percebido que estava chorando. Mas a minha voz partida e afogueada me revelou que a soma entre os hormônios fora de controle e a saudade de Liam e Zayn havia sido multiplicada pela culpa que eu sentia por estar nos expondo a tudo aquilo, havia me levado às lágrimas.
- O que foi, Mandy ?
- Eu queria visitar... o meu antigo apartamento. Ver as coisas por lá. Posso ir?
As palavras saíram um tanto atrapalhadas, mas consegui formulá-las. Eu nem ao menos imaginava porque eu gostaria de ir lá uma ultima vez, mas eu queria.
- Estamos chegando de turnê essa tarde. Peça para um dos seguranças te levar até lá e eu te encontro no apartamento, ok?
Eu assenti e depois respondi em voz alta, sabendo que ele não poderia me ver através da linha. Eu fiquei contente por ele não querer que eu fosse buscá-lo no aeroporto. Eleanor e eu não nos dávamos tão bem assim e seria horrível encontrá-la. Ela acreditava que Louis tinha sentimentos ocultos por mim que estavam aumentando conforme essa criança crescia dentro de mim. Mas ela estava redondamente enganada. Louis era apenas o meu melhor amigo, a pessoa que mais me apoiava e que mais zelava por mim. Nada diferente disso.
Com o aval de Louis, me arrumei com pressa, colocando uma das minhas mais novas peças de gestante, que a cada dia ficavam mais apertadas porque eu estava engordando como uma vaca. Louis adorava fazer compras comigo. Justamente por isso, eu já tinha um pequeno armário repleto de roupas para a minha pequena filha.
Uma princesinha, eu dizia. Ela teria o que quisesse de mim. Eu daria o melhor de mim por ela, tentaria cometer o mínimo de erros possível e tentaria o meu melhor para cuidar dela da maneira que ela merecia ser tratada: como uma princesinha.
Interfonei para a recepção do meu apart-hotel, avisando que Louis havia me dado uma liberação e que por isso eu precisaria de um dos seguranças para me levar até o subúrbio. Um deles se colocou imediatamente à minha disposição e eu desci até o táxi que ele já chamara para mim e juntos, eu e o silencioso segurança, fomos em direção ao meu antigo apartamento.
Por ser longe do centro onde eu estava morando agora, demorou um tempo considerável até que eu estivesse no meu antigo apartamento.
Ele estava com a mesma mobília que eu deixara ali. Mas não me demorei na cozinha ou na sala. Eu fui imediatamente para o quarto pintado de azul turquesa, admirando o móbile que havia sido colocado no teto, que girava lentamente pelo vento frio que entrava pela janela entreaberta, fazendo um barulho acalentador.
- Você está fazendo a coisa certa. - eu disse para mim mesma, sentada no meio do quarto, observando tudo ao meu redor com calma e saudosismo. Eu adorava aqueles dois homens. Por mais que todos pudessem pensar que talvez eu amasse mais Zayn, justamente por ter me apaixonado por ele depois, provando que eu não gostava tanto assim de Liam, isso era besteira. Eu amava os dois da mesma maneira. Não conseguia mais pensar em um sem pensar automaticamente no outro. Eu adoraria poder ficar com ambos, dar o mesmo amor para os dois, dar o sobrenome dos dois para a minha filha. Evitar brigas, duplicar o nosso amor. Mas isso não era possível e saber disso me tornava ainda pior. Eu era realmente uma vadia gulosa e egoísta. Que belo exemplo eu seria para a minha filha.
- O que é certo, Mandy ? - a voz de Louis veio da porta, me assustando e fazendo com que eu levantasse de uma vez. O que era certo? Era proteger aqueles a quem eu amava. Era isso o correto. O aceitável.
- O que eu estou fazendo é o certo.
Em duas passadas, ele parou ao meu lado e segurou a minha mão, puxando-me contra o seu peito, antes mesmo que eu soubesse o que estava se passando comigo, e por isso eu me agarrei contra ele e comecei a chorar copiosamente. Minha vontade era de ficar no seu abraço para sempre. Onde nada parecia me atingir.
- Existem saídas mais fáceis para isso, você sabe.
- Como assim? - perguntei erguendo meus olhos e encarando as suas íris completamente azuis e profundas que me admiravam com firmeza. Louis, o meu amigo Louis nunca me parecera tão próximo como naquele momento.
- Eu posso assumir essa criança, Mandy . Eu posso ficar com vocês duas, como já venho ficando. - o seu rosto adquiriu ainda mais intensidade e por alguns segundos eu me perguntei se aquele era o Louis que eu sempre conheci. - Nós já estamos fazendo isso, não é? E não vai parecer estranho. No começo as pessoas falarão, você sabe como elas são. Que traímos o Liam e a Eleanor, que somos pessoas ruins por fazer isso, mas, quando essa menininha nascer, eles esquecerão tudo porque ela será a coisa mais especial que eles verão.
A sua palma aberta pousou na minha barriga e eu senti um calor diferente. Um calor que não chegava nem perto do calor que Liam e Zayn eram capazes de proporcionar em mim. Um calor fraternal, jamais um calor amoroso.
Não havia condições de eu aceitar a sua proposta. Mas eu tinha medo de recusá-la e deixar o coração de Louis partido. Deus, como eu fora arranjar ainda mais nós cegos para desatar?
- Louis, eu não...
- Eu imaginei que essa seria a sua resposta. - ele disse, mas nem por um segundo ele se soltou de mim, me mantendo em seu gostoso abraço por mais alguns segundos, antes de me afastar alguns centímetros apenas para poder olhar em meus olhos. - Mas eu tinha de tentar. - e então ele deu a sua risada escandalosa que fez com que eu risse também, mesmo sem saber do que ele achava tanta graça.
- Eu sinto muito.
- Não, eu já sabia que essa seria a sua resposta e era justamente o que eu queria ouvir. - minha expressão de confusão se acentuou ainda mais. O que aquele maluco estava dizendo? - Se você estivesse interessada apenas em alguém para encobrir a situação com os paparazzis, para dar o nome para a sua filha você me aceitaria. Você não quer qualquer um, você quer os dois.
- Mas eu não posso ter os dois, Tomlinson.
Era algo óbvio. Algo tão óbvio que machucava o meu peito.
- Você não pode adiar isso por muito tempo mais, Mandy . É hora de fazer um teste de DNA. Você sabe que essa é a única forma de saber com quem você ficará.
- Mas...
- Você saberá escolher sem isso?
Não. Eu não saberia. Jamais soube, não seria agora, de uma hora para outra que eu conseguiria descobrir quem é o dono do meu coração, do meu corpo. Não seria agora, mas teria que ser. Mais tarde.
- Eu não estou pronta, Louis.
- Azar. Eu já marquei. Você tem de estar lá amanhã às 9h. O resultado sai em dez dias.
- Mas... - ele ergueu a mão, ordenando para que eu ficasse calada. E eu não era louca de discutir com Louis, por isso fiz o que deveria ser feito e simplesmente assenti, garantindo que eu faria o que ele queria.
Satisfeito com a minha resposta, ele simplesmente segurou a minha mão e decidiu que deveríamos ir embora dali. As minhas emoções não estavam boas o suficiente para eu ficar mais tempo naquele quarto sem cair num pranto convulsivo causado especialmente pelo remorso de estar causando tudo aquilo para todos aqueles que estavam à minha volta.
Estávamos de mãos dadas, a meio caminho da porta quando ele começou a dar risada como o maluco que era.
- Mas que a sua cara foi hilária, ah isso foi! - ele ria alto e eu deixei ele para trás, indo para a saída.
Louis e suas traquinagens não eram engraçadas quando envolviam o meu problema principal: o fato de que os homens da minha vida pareciam totalmente dispostos a cuidar de mim e não se satisfaziam enquanto não fossem o único esteio para mim. E as opções eram muitas e boas demais para que eu escolhesse apenas uma.
- Não teve graça.
- Pra você. - ele devolveu rindo alto demais. - Mas vamos. Temos várias coisas para comprar e arrumar para a chegada dessa menina linda. - Louis estava eufórico com essa ideia mais uma vez. Ele adorava comprar coisas para a sua afilhada. Era compreensível. Eu já poderia prever, desde já, o quanto aquela menina seria mimada. - Eu estava morrendo de saudades, vamos passar o dia inteiro juntos para eu ter certeza de que você está completamente bem. - Louis acionou o elevador. - Fiquei terrivelmente preocupado durante a turnê, me perguntando o que teria acontecido caso você entrasse em um trabalho de parto prematuro. Oh, eu ficaria me sentindo culpado pra sempre.
Exagerado. Esse era o meu melhor amigo.
Amigo.
Me aliviava saber, de certa forma, que aquela brincadeira dele era apenas isso: uma brincadeira. Eu não estava apta a lidar com mais um homem entrando naquela confusão que já era insolúvel com apenas dois possíveis pais querendo assumir uma criança que nem sequer nascera e ter uma vida com uma mulher como eu. Imagine um terceiro! Não, eu não aguentaria.
As coisas já estavam ruins o suficiente da maneira que estavam. E estava prestes a ficar pior assim que eu entrasse na clínica.
Assim que o mistério acabasse e eu descobrisse quem era o pai da minha filha. Assim que eu tivesse de decidir o meu futuro tão incerto.
A sala estava silenciosa. A mulher digitava um documento vagarosamente, depois de já nos ter oferecido café, chá e tudo o mais que poderia haver naquele lugar. Eu estava tão nervosa que não conseguia nem ficar sentada. De dois em dois minutos eu levantava e dava voltas pela sala, esperando o momento onde eu seria chamada ali, para tirar o meu sangue, uma coisa tão simples, mas que significaria tudo para mim.
Zayn estava ali também. Bem como Liam. Um estava apenas jogado na cadeira, os cabelos na testa, sem dizer uma palavra sequer, apenas estando ali. Ao contrário de Liam, que estava parado ao lado do bebedouro, indo de um lado para o outro naquele pequeno canto, tentando não cruzar comigo que fazia o mesmo.
Talvez Louis houvesse dito para que eles não falassem comigo, uma vez que esse dirigiu um olhar ameaçador para os dois, quando eles chegaram juntos à clínica.
Eu ainda me perguntava porque os dois haviam vindo juntos, mas entendia que para os dois, aquele era o último momento para se verem como amigos apenas. E não um vencedor e um perdedor. Um homem de sorte e outro apenas com o coração partido.
Eu não queria, na verdade nunca quisera, partir o coração de ninguém, mas era o que estava acontecendo. E partindo um deles, eu estava partindo o meu mesmo.
- Malik. - o homem de branco à porta chamou e Zayn se levantou, trôpego, seguindo na direção oferecida pela mão estendida do médico.
O momento havia chegado. Assim que as três ampolas de sangue fossem retiradas, não haveria mais volta. Apenas um deles deveria ser escolhido e eu não teria mais como ignorar ou fingir que a situação exigia uma solução. Eu não poderia ficar com ambos, e sabia que o "vencedor" se recusaria a me deixar escolher ficar com nenhum.
Louis aceitou, finalmente, a xícara de chá que a recepcionista insistia em oferecer a todo tempo e eu me aproximei de Liam que estava de cabeça baixa, observando os próprios pés enormes que se mexiam sem parar, ansiosos.
- Eu sinto muito.
- Pelo quê, Mandy ? Você continua se culpando por tudo o que aconteceu e não consegue ver que essa criança é a coisa mais mágica que aconteceu. Vinda de um erro meu, eu admito. - os seus olhos castanhos se ergueram até fitarem os meus, incapazes de desviar do seu escrutínio. - Eu nunca deveria ter te dado tão pouca atenção. Você merecia mais do que eu te dava, muito mais. Eu vim perceber isso tarde demais. Mas estou... - ele parecia triste e feliz ao mesmo tempo, daquela maneira parecida com um cãozinho perdido que apenas Liam conseguia fazer. Deus, eu o amava tanto que sentia o meu coração se apertar. Meus braços coçavam de vontade de abraçá-lo, mas eu resisti. Não era o momento. - Estou disposto a consertar os meus erros e dar um lar, um sobrenome e todo amor e atenção do mundo para você e esse bebê.
- É uma menina.
Os olhos dele se arregalaram. As orbes castanhas pareciam não caber em seu rosto. Eu nunca vira Liam tão surpreso em toda a minha vida. Seus olhos viajavam da minha enorme barriga para o meu rosto, como se esperando ter uma confirmação disso.
- Menina? Mesmo?
Felicidade.
Isso era tudo o que passava por Liam naquele momento. O seu sorriso era radiante e antes que ele pudesse controlar, suas duas mãos estavam em cima da minha barriga, acariciando-a com todo o carinho que podia, tentando um contato com a menininha ali dentro. Talvez sua filha.
- Já escolheu o nome? - ele perguntou indeciso. Eu sabia que ele tinha vários deles passando em sua cabeça naquele momento, mas ainda assim, Liam decidiu se calar. Até porque, nesse momento, a porta da sala foi aberta, revelando Zayn e o médico que pediu para que Liam entrasse, dessa vez.
Liam me sorriu de novo, antes de seguir o médico. Mas antes disso, ele fez algo que nenhum de nós da sala esperávamos:
Ele segurou o amigo pelos ombros e o puxou para um abraço tão forte e terno que me comoveu. Eu vi, naquele momento, os velhos Liam e Zayn. Meu coração disparou ao ver o rosto, até então apenas cansado, de Zayn se abrir em um sorriso ao sentir os braços do melhor amigo mais uma vez de volta ao seu redor.
- É uma menina. Uma menina. - Liam contou, animado, para todos da sala, antes de entrar no consultório.
- Menina, huh? - Zayn perguntou com um brilho diferente no olhar. O seu sorriso ainda estava lá, ainda mais largo. Os dois pareciam radiantes em saber que era uma menina. Tão feliz que talvez até tenham esquecido o porque de estarmos todos ali. - Eu esperava mesmo que fosse uma menina. - a mão dele veio para o meu ventre e eu senti a exata mesma coisa que eu sentira quando estava perto de Liam. Não havia distinção entre um e outro. Eu os amava da mesma maneira. Não conseguia pensar em um sem pensar no outro. Amar mais a um do que a outro.
Mesmo que eu tivesse aprendido a amar Zayn há pouco tempo, mesmo que eu houvesse cometido tantos erros com os dois, mesmo que Liam houvesse me magoado no passado, tudo isso parecia pequeno quando eu pensava no amor que eu sentia pelos dois.
E em como aquilo tinha se transformado em algo tão bom e perfeito como a pequena menina em meu útero.
- Eu sou bom com meninas. Eu meio que criei minhas irmãs, então eu sei o que fazer. - Zayn sorria enquanto sua mão deslizava para cima e para baixo na minha barriga, calmamente, amavelmente. - Eu já pensei numa porção de nomes para ela. Islâmicos, ingleses, franceses. Pensei em tantas coisas que eu poderia fazer ao lado dela. - os olhos castanhos se fecharam. O cansaço que se via neles até instantes atrás havia partido de vez.
Eu estava tentando me manter tão alegre quanto eles, mas a cada vez que eu via aquela porta fechada e a possibilidade de uma escolha cada vez mais perto, eu me sentia triste e degradada. Culpada.
Os dedos de Zayn que não estavam acariciando a minha barriga se enroscaram nos meus e eu senti aquele aperto no peito se aprofundar. Eu necessitava dele como necessitava do ar para respirar.
Era como se nenhum dia houvesse se passado desde a última vez que eu os tinha visto. Eu achei realmente que o tempo faria com que o meu amor se abrandasse ou que escolhesse um lado, o lado certo, o errado, não importava, contanto que escolhesse um lado.
Mas isso não aconteceu.
Eu apenas os amava mais e mais.
- É a sua vez agora, querida.
Liam saiu de perto do médico e ficou ao lado de Zayn, um apoiado no ombro do outro, ambos olhando para mim com os sorrisos fixos nos lábios. Eles não entendiam a complexidade daquele momento? Não entendiam que havia se passado tempo demais desde que os havia deixado?
Desde que eu decidira que o melhor para mim era me manter afastada?
Eles deveriam me odiar. Não amar tanto assim. Não cuidar e proteger. Eles deveriam se afastar.
- Vamos? - o médico insistiu, ao ver que eu não saia do lugar. Olhei os dois pela última vez, me perguntando o que eu havia feito da minha vida. Me perguntando como eles poderiam me amar tanto? Como eles poderiam estar tão felizes em um momento daqueles.
Louis estava ali, assistindo tudo com seus olhos azuis calmos e serenos. O seu sorriso eram o voto de boa sorte que ele não se atreveria a falar.
Era hora do destino se cumprir.
O médico fechou a porta e aquele era o momento. A partir daquele momento, minha filha teria um pai.
Mas, quem?