Não contei para Mateus que eu tinha visto o irmão da Lia no meu bairro. Como foi apenas uma vez e nada de mais aconteceu, preferi guardar isso só para mim. Ele havia dito que Leandro não ia muito com a sua cara e eu não queria preocupá-lo com isso.
Faltavam poucos dias para as aulas na faculdade completarem um mês e isso significava que o mês de março me trouxe uma nova amizade.
Sofia e eu havíamos virado amigas de uma vez por todas. Eu não podia estar mais realizada.
Como o professor de Análise do Discurso havia faltado, a gente decidiu se divertir um pouco no bar perto da faculdade. Quase metade do pessoal da minha sala de aula estava lá. Quando Sofia e eu ocupamos dois bancos no balcão, e pedimos nossas bebidas, eu peguei o celular e mandei uma mensagem para Mateus
Uma música pop começou a tocar no fundo. Tirei os olhos da tela do aparelho e observei Sofia. Ela estava olhando para trás.
— O que foi? — perguntei.
Ela deu de ombros.
— É que o cara atrás de você não para de olhar para cá.
Olhei para trás. Um rapaz de dreads e um piercing de argola no nariz estava olhando na nossa direção. Ele nem ao menos se intimidou quando eu o olhei, apenas manteve os olhos focados em Sofia.
Eu virei o rosto para frente.
— Acho que ele gostou de você — falei à Sofia.
Ela deu um gole na cerveja antes de falar:
— Acho que sem chance.
Eu pisquei um pouco surpresa. O cara nem era de se jogar fora.
— Dá uma chance a ele.
— Vou pensar. — Ela colocou a garrafa na mesa e analisou o cara por alguns segundos.
— Ele parece ser uma graça — eu a incentivei, dando um gole na minha cerveja. O líquido gelado desceu refrescando a minha garganta.
Instantes depois, Sofia se levantou e pegou sua garrafa.
— Vou acabar logo com isso. Eu já volto.
— Boa sorte. — Eu a segui com o olhar até ela sentar na mesa com o cara.
Voltei a atenção para frente, bebericando a minha cerveja. Em menos de cinco minutos, Sofia retornou para o banco ao meu lado.
— Não rolou — ela disse antes que eu abrisse a boca para perguntar por que ela conversou tão rápido com o cara.
— Ah... Acontece.
— Oi, meu anjo. — Dois braços fortes envolveram os meus ombros por trás.
Olhei para trás e sorri. Mateus deu um beijo no topo da minha cabeça e se escorou no balcão ao meu lado, acenando para Sofia.
— Sua aula já acabou? — perguntei para ele.
— Eu saí mais cedo para te ver.
Meu sorriso se alargou ainda mais e não demorou para Mateus pedir uma cerveja para ele também. Sofia, ele e eu passamos um bom tempo conversando no bar e quando vimos que faltava pouco para a meia-noite, decidimos que era hora de ir para casa.
Sofia se despediu de nós e foi até o estacionamento da faculdade pegar seu carro enquanto Mateus e eu entramos no seu veículo preto, rumo à minha casa.
Mateus devia estar bem mais sóbrio do que eu. Afinal, ele tomou apenas uma garrafa de cerveja, e eu me acabei em uma garrafa e meia. Minutos depois, ele estacionou o carro em frente ao sobrado com paredes externas amarelas contrastando com o telhado avermelhado. Todas as luzes pareciam apagadas. Talvez minha mãe já estivesse dormindo.
Mateus se virou para mim no banco do motorista e lentamente um sorriso surgiu em seu rosto.
— Meu beijo — pediu.
Me inclinei na sua direção e envolvi sua boca com a minha. Suas mãos deslizaram por minhas costas e logo se enfiaram por dentro da minha blusa. De repente, eu fui parar no seu colo, minhas costas tocando a buzina sem querer.
Ele afastou a boca da minha.
— Minha mãe deve estar dormindo — sussurrei.
— É melhor a gente ir para o banco de trás.
— Aqui está ótimo. — Voltei a beijá-lo.
Ele arrancou a minha blusa pela cabeça, e eu prendi os dedos na barra de sua camisa enquanto ele me beijava de um jeito voraz, suas mãos passeando entre meus seios. Mateus puxou meus lábios com os seus após o beijo e desceu a boca por meu pescoço. Instantes se passaram quando eu subi a barra da sua camisa, revelando parte de seus músculos e tatuagens.
Seu corpo me deixava fascinada. Não sei se era porque eu estava meio bêbada, mas uma imagem em que eu descia a boca por todo o corpo de Mateus surgiu na minha mente de repente.
Quando eu estava prestes a concluir esse pensamento, minhas costas tocaram a buzina mais uma vez.
Mateus olhou para mim, com uma sobrancelha erguida.
— Eu falei para irmos para o banco de trás.
— Não vai dar nada. — Esgueirei-me sobre o banco do passageiro, puxando-o comigo.
Ele agarrou os meus quadris e me encostou na porta do carro, subindo uma das mãos para minha nuca e puxando os meus cabelos de leve. Sua boca foi parar na minha novamente. Mateus continuou me beijando enquanto abriu minha calça jeans, enfiando a mão lá dentro. Mordi seus lábios quando ele tocou o tecido da minha calcinha, sua respiração quente na minha pele me deixando completamente louca. A calça escorregou até meus joelhos no exato momento em que começaram a surgir batidas na janela do carro.
Assustada, me afastei da porta vendo a minha mãe do lado de fora. Ela estava batendo na janela quando deveria estar dormindo.
Merda!
Ainda bem que os vidros do carro possuíam uma película escura que impedia uma pessoa de fora ver qualquer coisa lá dentro. Peguei minha blusa e a vesti rapidamente, subindo minha calça ao mesmo tempo.
Minha mãe bateu mais uma vez na janela e resolveu me chamar:
— Thaissa!
Como Mateus já tinha colocado a camisa, olhou para mim se certificando se eu já estava totalmente vestida e alinhada, e abriu os vidros da janela.
O vento frio soprou dentro do carro juntamente com os olhos furiosos da minha mãe voltados na minha direção.
— Helena, boa noite — Mateus disse, abrindo um sorriso.
— Boa noite. Se divertiram? — ela perguntou, sarcástica.
— Sim e estudamos também.
Eu quase revirei os olhos com a sua frase cara-de-pau.
— Mas que ótimo! Que bom saber que vocês estudaram e depois resolveram transar no carro na frente de casa, não é, Thaissa?
Eu estava envergonhada. Tão envergonhada que nem consegui olhar para ela direito.
— Na verdade, não fizemos nada — Mateus explicou por mim. — Foi um erro, desculpa.
— Impressionante... — disse minha mãe com os olhos em mim. — Eu falo mil vezes, mas ninguém me escuta!
Suspirei e inclinei-me na direção de Mateus, dando um beijo rápido em seus lábios.
— A gente se vê.
Depois disso, peguei minha mochila, abri a porta do carro e saí, encarando minha mãe. Ela estava me olhando de cara feia.
—Tchau, Helena — Mateus disse atrás de mim. —Tenha uma boa noite.
— Igualmente! — rosnou ela
Mateus deu partida no carro e saiu, se distanciando cada vez mais. Eu me virei e segui na direção de casa, deixando ela para trás.
— Espera, Thaissa — ela me chamou, provavelmente vindo atrás de mim.
Continuei andando e entrei na sala. Não demorou para voz dela surgir novamente:
— Você é surda? Por que está tão rebelde?
Eu me virei.
— O que é?
— Como o que é? — Ela se aproximou. — Não aja como se nada tivesse acontecido.
— Nem aconteceu nada, mãe. Que saco. — Dei-lhe as costas para subir as escadas quando senti sua mão no meu braço.
— Espera, mocinha.
Soltei um suspiro e olhei para ela.
— Não fale assim comigo, ouviu bem?! Você tem consciência do que estava fazendo? — E como se tivesse os sentidos aguçados, continuou: — Você andou bebendo?
Revirei os olhos.
— Me solta, mãe. — Soltei meu braço do seu aperto e me virei para continuar a subida até meu quarto.
— Espero que você tenha juízo, menina. A vida não está nada fácil e se você aparecer grávida, vai ficar mais difícil ainda.
Parei na metade da escada e olhei para ela. Não acredito que ouvi aquilo.
— Mãe, não se preocupe — falei, a raiva tomando conta de mim. — Não vou fazer como você. — Em seguida, subi na direção do meu quarto.
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Sombrio e Intenso - Livro 2 (DEGUSTAÇÃO)
Romance*ANTIGO RV-PARTE II A continuação da Trilogia Sombrio e Inevitável Após passar por um período turbulento, Thaissa inicia mais um ano letivo na Universidade de São Hobbes, com Mateus, seu namorado. Preocupada em não conseguir se enturmar, uma possíve...