Grite até que haja silêncio

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Cada extremidade do seu corpo sucumbia ao ar gélido, mas, apesar disso, a sua pele brilhava pelo suor que a afogava, causado pelo calor interno, que somente ela sentia naquele buraco a qual se encontrava

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Cada extremidade do seu corpo sucumbia ao ar gélido, mas, apesar disso, a sua pele brilhava pelo suor que a afogava, causado pelo calor interno, que somente ela sentia naquele buraco a qual se encontrava. Os ossos pareciam se fragmentar dentro de si, tornando-se pó, a cada leve balançar da maca em que se encontrava deitada.

A vastidão do silêncio era agudo, muito pior do que os gritos que estavam a rasgar-lhe a garganta, até então. As suas cordas vocais não conseguiam emitir qualquer som além de grunhidos, lembrando-a de um animal ferido. A única coisa que foi capaz de mantê-la lúcida até aquele momento era o olhar que faiscava na sua direção. Presa diante daqueles olhos que gradativamente eram encobertos por uma sombra obscura, transformando cada pigmento num único tom de preto, Laurie foi capaz de se deparar com o seu próprio reflexo em toda aquela negritude que consumiu Kaleb.

Ela nem sequer conseguia focalizar o que tinha ao seu redor, o relógio preso a parede parecia se movimentar, transformando-se em três que giravam sem parar. O ponteiro se arrastava lentamente, e a cada tic tac um eco estrondoso parecia implodir nos ouvidos da garota. As portas abertas abrigavam criaturas estranhas, corpos femininos encobertos por um saco na cabeça com rostos sorridentes pintados à mão cujo estes pareciam ter sido feitos por crianças. Essas criaturas lembravam vagamente enfermeiras, algumas até mesmo estavam vestidas com vestidos curtos de um branco encardido. Dentro dos quartos não restavam muitas coisas, mas todos eles possuíam camas e em algumas delas era possível ver alguém preso a amarras nelas. Alguns até tentavam gritar, sacudiam a cabeça e balbuciavam coisas sem sentido, mas no fim do dia todos ali cediam a loucura tóxica que parecia exalar do próprio ar.

Laurie tentava se concentrar, tentando encontrar algum ponto de lucidez que poderia ter-lhe restado. Eram poucos os momentos que recobrava a consciência e quando isso ocorria, ela rezava.

Perdoai os nossos pecados. Era seu pensamento constante naquele inferno. Nada daquilo parecia adiantar, as suas preces não poderiam ser ouvidas daquele lugar e ao erguer a cabeça ela pode ver mais uma vez aquele demônio retribuindo o seu olhar. Um sorriso repleto de dentes afiados apareceu no rosto da criatura, fazendo da sanidade de Laurie um brinquedo quebrado, distorcendo os pensamentos da jovem que aos poucos já aceitava toda aquela loucura.

Nos pulsos amarras presas a maca a impossibilitavam de fugir, mas ela sabia que não era preciso aquilo para impedi-la, pois, sequer conseguia movimentar os dedos das mãos. A dormência a corrompia, anestesiando-a por completo enquanto lâmpadas transitavam por sobre os seus olhos ao que Kaleb empurrava a maca em direção a sua nova estadia naquele buraco. Já não existia mais rendição ou salvação para a garota, apenas lhe restava à tormenta da sua nova realidade eterna. Laurie Lansing era vítima dos seus próprios demônios e aquela era a personificação dos seus pesadelos.

 Laurie Lansing era vítima dos seus próprios demônios e aquela era a personificação dos seus pesadelos

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