Capítulo 6

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Não havia mais natureza pura próxima ao quarto mar, a ganância de Mamon havia coberto tudo com sua aura negra e podre. Michael e Andi Deris já não temiam o horror das influências demoníacas no cenário das missões, depois de quatro mares e uma horda inteira de demônios tentando assassiná-los, simples odores e cenas assustadoras eram pequenos detalhes que seriam superados.

O caminho até o quinto mar revelou um pequeno vilarejo onde os guardiões puderam finalmente repousar sem nenhuma preocupação. Não havia sentido em depositar forças malignas em pessoas pobres que buscavam pela sobrevivência. Andi também percebeu que aquele lugar não ostentava nenhum interesse, o que era típico dos demônios que guardavam os sete mares.

- Viemos parar nesse lugar imundo! – reclamou Michael – Hansen vai me pagar por essa missão.

- Não enche! - replicou Deris – você deve agradecer à Deus por essa hospedagem;

Michael desdenhou seu amigo e repousou, calado e sem intervenções.

O vilarejo era pacato e ostentava apenas um único comércio, diferente da beleza apreciada no entorno do quarto mar, o local era simples e se aproximava da pobreza. A maioria dos moradores eram gentis e compartilhavam boas histórias, mas um pequeno grupo não admitia a presença dos aventureiros.

Os habitantes mostravam não saber nada sobre os demônios os sobre a influência do mal naquele lugar, a natureza negra que cercava o vilarejo já era algo comum para eles.

Já o pequeno grupo de olhares suspeitos não queria saber sobre demônios, mas algumas tatuagens obscuras acusavam suas possíveis origens.

- Olhe para aqueles garotos – observou Andi – podemos começar o nosso caminho para o quinto mar aqui, interrogando-os.

- Não farei isso – respondeu Kiske – eles são apenas crianças, e podemos matá-los se eles quiserem algo de ruim. Não há com o que se preocupar.

Andi se calou, sabia que seu companheiro estava errado.

O descanso dos guardiões chegou em sua fase final, diferente da pausa para o desafio do quarto mar, Michael não retrucou e seguiu o caminho ao lado de Deris. Os anfitriões despediram-se de forma calorosa da dupla, mas os meninos mal encarados não demonstraram nenhuma reação e observavam os movimentos de Andi e de seu escudo

- Eu não consegui engolir aqueles garotos – disse Deris caminhando de forma calma – algo neles me intriga.

- Você desconfia de tudo, são apenas crianças – respondeu Michael, veemente.

O segundo silêncio de Andi foi sepulcral.

A paisagem não se modificava e o aspecto caótico tomava conta do que sobrara de uma floresta desértica. As lamas que caracterizavam a passagem para o primeiro mar estavam novamente no caminho dos guardiões, eles repetiram o ato realizado naquela ocasião e seguiram os sinais do barro coberto por umidade.

Michael foi o primeiro a praguejar, o caminho extenso e retilíneo não agradava o guerreiro, pois ele fora feito para lutar e assassinar seus adversários em combates individuais. O mar da ignorância era de longe o que carregava a maior extensão de terra podre para se percorrer, os olhos dos guardiões só enxergaram fileiras infinitas de árvores e o imenso espaço que carregava o solo negro.

- Esse mar poderia mudar de nome e ser batizado como o mar do cansaço – reclamou Michael para seu companheiro – não suporto ter que andar sem nenhuma ação.

O terceiro silêncio de Deris veio com a simbologia do descaso, Michael realmente não aguetaria uma missão tão dolorosa sozinho.

O Guardião das sete chavesWhere stories live. Discover now