2. Octavia Melody - Surpresa na Escola Nova

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Quem ela pensava que era? Quem achava que eu era? Ela não sabia nada sobre mim, nem sobre minha música. Mas porque as lágrimas teimam em sair? Sem pensar duas vezes saio em direção a minha casa, aquela maldita Dj não iria me fazer chorar. Então chamo um táxi que me leva para casa, vejo da janela do carro que as nuvens estao ficando com um tom roxo e me lembro dos oculos da Dj o que me suscede a lembrar dela, e de como doeu tudo o que ela me disse. Eu pensei que ela fosse diferente. Quantos Dj's vemos indo em recitais de balés?

Finalmente chego em casa, pago o taxista e deixo o resto como gorjeta. Entro em casa e sem pensar duas vezes subo correndo as escadas, entro em meu quarto e o tranco me permitindo chorar. Choro por pensar que eu descontei nela o meu fracasso. Na verdade eu desconto em tudo e em todos meu fracasso.

Ouço leves batidas na porta, penso ser Elena e apenas falo que vá embora. Não estava com cabeça para comer e nem para conversar. Sigo em direção ao banheiro, ligo o chuveiro e tiro minhas roupas. Ligo meu mp3 na base do aparelho de som e dou play, permitindo que dele saia as notas mais lindas e verdadeiras que já ouvi.

Então entro no chuveiro e deixo que a água assim leve, assim como a sujeira, minhas frustrações e decepções, e lave meus machucados para que eles possam se curar. Começo a esfregar minha pele como se estivesse muito suja, esfrego até esta ficar vermelha e ardendo. Mas eu sabia que nem que eu tentasse eu jamais tiraria a sensação suja de mim.

Saio do banho, sento-me na cama e pego meu violoncelo, começando a tocar.

Tocar o que toco é uma mentira, me sujo toda vez que toco no violoncelo, me sujo toda vez que ouço os aplausos depois de uma apresentação. Me sujo toda vez que sinto inveja da liberdade que vejo nas pessoas, e me sujo toda vez que uma tenta descobrir mais sobre mim e tenta ultrapassar minha barreira de segurança. E por mais que eu pareça limpa meu coração se suja novamente.

E enquanto penso isso, deixo que as notas que faço o violoncelo produzir levar todos esses sentimentos, tornando a música mais intensa, e mais melancólica. Meus olhos ficar novamente marejados, mas não me permito chorar, eu jamais iria chorar novamente por lembrar da morte de meus sonhos.

Toda noite, eu me arrumo e desço para ver meu pai chegar, e este se senta na grande mesa de carvalho que temos na sala de jantar e desfrutamos do dom na cozinha de Elena. E esta noite não foi diferente, me arrumei e desci, sentando-me no sofá a sua espera, desfrutando de um bom livro. E quando estou prestes a acabar o primeiro capítulo, a grande porta se abre, mostrando meu pai.

Um homem particularmente alto, com cabelos pretos como os meus, olhos cor púrpura. Ele usava um fraque preto e uma gravata azul. Ele leciona piano e violino na academia em que faço parte. Nunca entendi direito, mas o uniforme de minha academia de música exigiam gravatas borboletas rosas para as meninas, e gravatas normais azuis para os meninos.

Corro em direção aos braços de meu pai e o abraço tão forte como me é possivel abraçar. Rapidamente as lágrimas vieram marejar meu olhos. Tento piscar para faze-las irem embora, mas é impossível. Assim que meu pai me solta e me encara, ele sabe o que fazer.

- Que tal depois de jantarmos, subirmos para a sala de música? Podemos tomar um sorvete também... - diz meu pai tentando me consolar.

Ele sabe que estou triste, pois toda vez que estou triste ele me leva para a sala de música.

- Tudo bem... - digo apenas.

Nos sentamos na mesa e Elena começa a servir a comida. Primeiramente comemos em silêncio, mas era rotina eu perguntar como havia sido seu dia, e ele o contava detalhadamente. Pode parecer chato, mas era a parte mais legal do meu dia.

Oitava MelodiaOnde histórias criam vida. Descubra agora