Capítulo 39 - "O Universo conspira a nosso favor"

169 16 8
                                    

18 de Dezembro de 2012

Por Marjorie



- Mas... Você vai almoçar sozinha? - o que ele queria? Que eu fizesse companhia a eles à mesa?

- Hã... Vou fazer o que? Você não quer que eu almoce com vocês, quer? Apesar de achar que eu faria bem até o papel de uma vela, eu tô dispensando, obrigada!

Não acredito que ele estava me pedindo para almoçar com a sua mulher e filho. Como? Com que direito ele pede isso? Não. Já é demais, pra mim, ter que aturar um almoço na presença dela. Nunca. Em hipótese alguma eu me rebaixaria a esse papel. Já diz o ditado: antes só do que mal acompanhada. Não que a companhia do Thiago e do Benjamin não me agradasse, pelo contrário, eu já amava aquele garotinho sem ter uma explicação lógica pra tanto.

Estava bom demais para ser verdade, claro. Ela tinha que aparecer e estragar tudo? Estavam distribuindo credenciais de visitante demais, para o meu gosto, no Projac. Porque era isso que ela era aqui dentro, não passava de uma visitante, das mais desagradáveis, por sinal.

Ah, Thiago, o que você viu nessa criatura?

Eu escolho uma das mesas, livre, do restaurante. Coloco a minha carteira e o celular sobre ela e vou me servi no Buffet. Eu tento, mas não consigo, deixar de voltar a minha atenção para eles e me xingo, mentalmente, pelo ato. "Um pouco de amor-próprio, às vezes, cai bem". Termino de me servir, peso o prato, pego a comanda do funcionário que me deseja um bom almoço. "Vou tentar", penso.

Caminho em direção a minha mesa. E os olhos correm, de novo, em sua direção. Sento-me e dou a primeira garfada na comida. Pergunto-me porque eles continuam parados num canto e não foram embora. Ah, eles podiam me dar esse prazer, não? A quem eu quero enganar - por mais doloroso que seja - tê-los a vista e ver que o Thiago não tira os olhos de cima de mim, era melhor do que a minha imaginação era capaz de criar se não os visse.

Perco o foco quando duas mãos pousam sobre os meus olhos, tirando momentaneamente a minha visão e ouço-o:

- Adivinha quem é? - nem precisava, sorrio automaticamente ao perceber quem era.

- Girafa de pescoço longo - debocho, citando o seu apelido da época do colégio.

- Toda a girafa tem pescoço comprido, boba - ignora, ele. - Atrapalho? - pergunta, puxando a cadeira para se sentar.

- Não, imagina, senta. - convido. - Tá fazendo o que aqui? - não contenho a curiosidade.

- Trabalhando - explica. - O que mais um ator faria no Projac? - se tratando da Marina? Uma visita inesperada, penso ao desviar meu olhar para outra mesa.

- Tem trabalho novo? - indago, decidida focar a minha atenção ao que realmente interessava e esquecer aqueles dois.

- Ah, quem sabe? - interroga-se, sem muita confiança. - E você trabalhando muito como sempre?

- Eu não mudo - baixo olhar e sorrio timidamente ao constatar.

- Não mesmo. - concorda sorrindo. - Ah antes que eu esqueça tem meu aniversário, daqui um mês, você vai, né? - fala entusiasmado.

- Não tá meio cedo para você fazer o convite, falta um mês ainda? - debocho.

- Se tratando de você? - ele arqueia as sobrancelhas. - É bom avisar antes, para você não marcar qualquer outro compromisso no dia, que não a minha festa - adverte.

- Você até me ofende assim, quando que eu faltei a uma festa sua, me diz? Nunca! - desconverso e outra vez meus olhos se prendem naquele lugar.

- Que foi? Porque você olha tanto para aquela mesa, lá?

Uma Amizade Pode Mudar Tudo?Onde histórias criam vida. Descubra agora