18 de Dezembro de 2012
Por Marjorie
- Mas... Você vai almoçar sozinha? - o que ele queria? Que eu fizesse companhia a eles à mesa?
- Hã... Vou fazer o que? Você não quer que eu almoce com vocês, quer? Apesar de achar que eu faria bem até o papel de uma vela, eu tô dispensando, obrigada!
Não acredito que ele estava me pedindo para almoçar com a sua mulher e filho. Como? Com que direito ele pede isso? Não. Já é demais, pra mim, ter que aturar um almoço na presença dela. Nunca. Em hipótese alguma eu me rebaixaria a esse papel. Já diz o ditado: antes só do que mal acompanhada. Não que a companhia do Thiago e do Benjamin não me agradasse, pelo contrário, eu já amava aquele garotinho sem ter uma explicação lógica pra tanto.
Estava bom demais para ser verdade, claro. Ela tinha que aparecer e estragar tudo? Estavam distribuindo credenciais de visitante demais, para o meu gosto, no Projac. Porque era isso que ela era aqui dentro, não passava de uma visitante, das mais desagradáveis, por sinal.
Ah, Thiago, o que você viu nessa criatura?
Eu escolho uma das mesas, livre, do restaurante. Coloco a minha carteira e o celular sobre ela e vou me servi no Buffet. Eu tento, mas não consigo, deixar de voltar a minha atenção para eles e me xingo, mentalmente, pelo ato. "Um pouco de amor-próprio, às vezes, cai bem". Termino de me servir, peso o prato, pego a comanda do funcionário que me deseja um bom almoço. "Vou tentar", penso.
Caminho em direção a minha mesa. E os olhos correm, de novo, em sua direção. Sento-me e dou a primeira garfada na comida. Pergunto-me porque eles continuam parados num canto e não foram embora. Ah, eles podiam me dar esse prazer, não? A quem eu quero enganar - por mais doloroso que seja - tê-los a vista e ver que o Thiago não tira os olhos de cima de mim, era melhor do que a minha imaginação era capaz de criar se não os visse.
Perco o foco quando duas mãos pousam sobre os meus olhos, tirando momentaneamente a minha visão e ouço-o:
- Adivinha quem é? - nem precisava, sorrio automaticamente ao perceber quem era.
- Girafa de pescoço longo - debocho, citando o seu apelido da época do colégio.
- Toda a girafa tem pescoço comprido, boba - ignora, ele. - Atrapalho? - pergunta, puxando a cadeira para se sentar.
- Não, imagina, senta. - convido. - Tá fazendo o que aqui? - não contenho a curiosidade.
- Trabalhando - explica. - O que mais um ator faria no Projac? - se tratando da Marina? Uma visita inesperada, penso ao desviar meu olhar para outra mesa.
- Tem trabalho novo? - indago, decidida focar a minha atenção ao que realmente interessava e esquecer aqueles dois.
- Ah, quem sabe? - interroga-se, sem muita confiança. - E você trabalhando muito como sempre?
- Eu não mudo - baixo olhar e sorrio timidamente ao constatar.
- Não mesmo. - concorda sorrindo. - Ah antes que eu esqueça tem meu aniversário, daqui um mês, você vai, né? - fala entusiasmado.
- Não tá meio cedo para você fazer o convite, falta um mês ainda? - debocho.
- Se tratando de você? - ele arqueia as sobrancelhas. - É bom avisar antes, para você não marcar qualquer outro compromisso no dia, que não a minha festa - adverte.
- Você até me ofende assim, quando que eu faltei a uma festa sua, me diz? Nunca! - desconverso e outra vez meus olhos se prendem naquele lugar.
- Que foi? Porque você olha tanto para aquela mesa, lá?
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Uma Amizade Pode Mudar Tudo?
FanfictionVocê estabelece laços de carinho com as pessoas e, de repente, a gente não se encontra mais. Dá muita pena! Eu tenho medo de perder essas pessoas que eu ganhei. Tô morrendo de medo que isso aconteça. Essa convivência já me modificou, já ganhou um es...