Já era dia vinte e um, início do inverno, o frio estava mais intenso e a neve começara a cair. Fazia mais de um mês desde que Catherine e Toad fugiram de casa. A garota acordou e desceu as escadas.
— Bom dia, Cat. Essa é Constance, uma velha amiga minha — disse Ruby, apresentando a mulher.
Catherine notou que Constance era muito elegante. Usava um vestido roxo e calçava um salto da mesma cor.
— Então essa é a Catherine? Mas que garota linda! — exclamou Constance, com sua voz naturalmente fina — Muito prazer, eu sou Constance! — continuou, dando um forte abraço na menina.
— Obrigada — disse, sem jeito — O prazer é meu.
— Constance é minha amiga de infância, é como uma irmã para mim. Inclusive contei sobre o que aconteceu com a bactéria da sua madrasta. — disse Ruby.
Catherine sentou-se ao lado da mulher, que se preparava para dizer algo.
— Está coberta de razão, eu reagiria exatamente da mesma forma que você. Parabéns! — disse Constance, sorrindo.
— Obrigada — agradeceu a garota, ainda sem jeito, com um sorriso tímido.
— Não me admira que a assistência social não tenha batido na sua porta, Ruby. A qualidade de vida deles aqui é bem melhor que lá na casa dele — Constance direcionou-se a Ruby.
— E ele não ousaria colocar os pés aqui.
Constance contou várias histórias de sua infância, que passara com Ruby.
As horas passaram, e o dia começou a ficar entediante. Ruby propôs uma volta no bairro, ficar dentro de casa estava deixando todos sonolentos. Constance reparou que Ruby estava pegando as chaves do carro no balcão da cozinha e interferiu.
— O que está fazendo, amor? — perguntou ela, como se não soubesse.
— Pegando as chaves do carro — respondeu Ruby.
— Não, senhora, vamos a pé.
— O quê?! Se formos a pé, eu vou ter que descansar a cada 100 metros.
Catherine e Toad riram. Após um pouco de convencimento, cedeu.
— Ah! — suspirou Ruby — Certo.
— Então, vamos! Os joelhos vão atrofiar se você não se exercitar! - disse Constance.
— Para sua informação, eu era muito boa em educação física na escola.
— Boa em fingir que estava desmaiando para não ter que correr, certo? Eu me lembro. — debochou Constance.
Ruby a olhou de baixo para cima, sem pronunciar uma única palavra, apenas com uma expressão de desprezo que fez com que Catherine e Toad caíssem na gargalhada. A mulher, então, foi ao seu quarto se agasalhar e notou que Constance a observava com uma certa admiração em seu olhar.
— O que foi? — perguntou Ruby.
— Nada... Apenas te observando. Desde que Catherine e Toad chegaram, você parece estar mais viva. Da última vez, você estava com um olhar deprimido, não saía de casa. Agora até mesmo com o inverno você está com uma aparência revigorada. Você mudou. Para muito melhor.
Notava-se que os olhos de Ruby estavam enchendo de água.
— Eu os amo como filhos! - disse, com um largo sorriso.
— E eles amam você como amaram a Chloe.
Ruby deixou que uma lágrima caísse.
— Ela não merecia isso — disse Ruby.
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Catherine
HorrorCatherine vivia uma vida abusiva na casa de seu pai e sua madrasta. Após fugir para a casa de sua tia, tudo parece melhor, mas sua vida nunca foi um mar de rosas por muito tempo. Depois de vários acontecimentos, ela acaba adoecendo, sem que descubra...