A garota acordou-se apressada. Olhou o relógio na sua mesinha e constatou que estava atrasada. Desta vez o professor com certeza não a perdoaria por chegar depois do horário.
Enquanto vestia-se, Aliz xingava-se mentalmente por ter ido dormir tão tarde, nunca se arrependera tanto na vida como agora. Mas ela, verdadeiramente, não era culpada de tal acontecimento. A menina tivera pesadelos durante a noite e acordara diversas vezes na madrugada.
Por volta das três horas ela desistira de dormir, estava com medo, e seu quarto imerso no que parecia ser uma escuridão sem fim. Ficar ali lhe dava a sensação de estar enterrada viva.
Em 5 minutos a moça estava pronta. Pegou sua mochila e desceu a escada tão rapidamente quanto podia. Quando passou pela cozinha, sequer comeu, foi direito para a porta.
Saiu de casa feito louca, ela nem havia penteado-se, correndo como nunca antes tinha feito, e se corresse um pouquinho mais rápido chegaria a tempo de entrar em aula, afinal, a escola ficava a apenas 3 quadras da sua casa.
Adentrou a escola, desviando das pessoas nos corredores, e quando sentou-se na cadeira da sala sentiu-se abençoada pelos deuses da corrida e até considerou juntar-se ao time de atletismo da escola, esquecendo por um breve momento que ficava um pouco manca quando corria ou caminhava, sendo tudo isso fruto de uma lesão no tornozelo que ainda causava uma dor aguda.
Aliz lembrava-se bem de como adquirira tal dor. No seu aniversário de 6 anos ela brigara com uma menina, que a empurrara da escada. Na queda, quebrou o tornozelo e bateu a cabeça, o que a fez esquecer o ocorrido por hora.
- Aliz, estou falando com você. – a amiga estava realmente furiosa com ela – Faz uns 5 minutos que eu te chamo. Que coisa, sua surda.
- Me desculpe, é que eu acordei atrasada.
- Okay, me conta a novidade. Você sempre acorda atrasada.
Oh, sim! Valentina Young. Aliz e ela eram amigas desde sempre. A menina sempre ficou do lado de Aliz e justamente quando ela mais precisava, Valentina a ajudara a superar os olhares suspeitos dos colegas de escola.
- Você vai ir? Por favor diz que sim!
- Não sei. Preciso de autorização lembra? – ela revirou os olhos – E meu pai não está nos seus melhores dias.
A verdade era que ela não estava nem um pouco afim de ir à tal da festa do Erik Acker e sempre usava a desculpa do pai como escapatória. A moça não daria o ar da graça naquela festa, não que Valentina precisasse saber disso.
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No momento em que pôs os pés fora da escola concluiu que precisava urgentemente de um descanso. A rapariga imaginava-se entrando em casa em seu quarto, tirando a roupa e caindo na cama como se não houvesse amanhã. Mas quando chegou as coisas não saíram como o planejado. Ela mal conseguiu passar da sala de estar, onde seu pai estava.
Ele insistira para Aliz o acompanhar até o supermercado para fazer as compras do mês e ela sem poder negar, foi.
- Você podia ser prestativa e ir pegar o arroz.
- Claro, pai. Estou indo.
E caminhando pelos corredores foi quando ela o viu. Christofer Kirsch havia voltado do Afeganistão e sequer contatou ela. Não que ele devesse alguma explicação à mocinha, afinal, eles não tinham nada sério.
Aliz precisava admitir, depois que a garota perdera a virgindade com Christofer, havia adquirido um tipo de paixonite misturada com tesão por aquele homem.
A menininha tinha 15 anos quando aconteceu e fora, em parte, maravilhoso. A questão era que ele era inacreditável. O rapaz era alto, loiro, com os olhos increvelmente verdes e desde que entrara para o exército saia por ai, fardado, molhando calcinhas e destruindo corações e Aliz, abobada como era e ainda é, já começara a nutrir sentimentos pelo moço, mesmo tendo apenas 11 anos de idade.
Não querendo parecer um doida encarando o rapaz, ela finalmente pegou o arroz da prateleira e deu uma última conferida no homem, quando ele a olhou. A garotinha sentiu seu coração parar e depois explodir em seu peito. E Christofer, sendo o mesmo Christofer de sempre, deu uma piscadela safada para a moça e abriu aquele sorriso.
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Não se deu ao trabalho de ajudar seu pai com as compras. Subiu direto para o quarto. Ela precisava dormir, mas como o faria agora depois da cena com Christofer Kirsch no supermercado? Ela aderiria ao seu passatempo favorito: fantasiar com Chris.
Entrou no cômodo como um furacão prestes a tocar o chão, atirando suas roupas por todo o quarto e, finalmente, jogando-se na cama.
Ela o imaginou, inteiramente fardado, com aquele olhar sexy e a tocando com as mãos grandes que tinha, então ele a pegaria e ... NÃO! Ela não conseguiria fazer isso. Não agora que mão conseguia manter-se com os olhos abertos. Aconchegou-se na cama e toda a visão do cômodo começou a ficar borrada, ela mal conseguia ver o contorno dos objetos quando ela a viu.
Ah! A maldita boneca estava sentada na escrivaninha encarando Aliz como se fosse matá-la no momento em que a garota fechasse os olhos. A moça pensava que já havia terminado com a existência daquela porcaria de boneca há anos e Aliz tinha certeza absoluta de que a bonequinha não estava ali naquela manhã.
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Of Late I Think Of You
Mystery / ThrillerTodo mundo tem um segredo que, se revelado, pode pôr a vida de cabeça para baixo. Mas perfeitos mentirosos não se preocupam com isso, eles não preocupam-se com nada. São egoístas, egocêntricos, mimados. E aqui vai uma última informação sobre eles: u...