Versão masculina

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-Do desenho de âncora também.

Ele riu.

Levantei uma sobrancelha e o encarei.

-Da dona da blusa também..

-Bom de papo.

-Sempre fui.

-É, percebi..

Eu disse dando de ombros.

Seguimos pro Shopping, enquanto o Enzo tentava me convencer a fazer uma tatuagem de âncora.

-Qual é Lila, é só uma dorzinha, uma dor boa inclusive.

-Dor boa?

-Uma dor viciante.. Você deveria fazer!!! Se quiser, te dou uma de presente.

-Uma tatuagem? Ótimo presente.

Ironizei.



-

-A nossa sessão é as 16:00 o Caio saiu pra atender um telefonema e até agora não voltou. Ele tá cheio de mistério!!!

Jessica disse rindo, enquanto eu e o Enzo nos sentávamos junto dela e do Andrei.

-Amor, deixa ele.

Andrei a repreendeu.

Chegou uma mensagem no celular do Enzo, ele fez uma cara de reprovação, balançou a cabeça e bloqueou a tela do celular. Permaneci calada, não quis dá uma de "incomodada" ou intrometida.

Devia ser alguma ficante, ele sempre viveu cheio delas.


-

Infelizmente não ficamos todos na mesma fileira, Jessica e Andrei ficaram na segunda fileira; o Caio se sentou ao lado de uma ruiva, eu e o Enzo na fileira de cima.

-O Caio se deu bem..

O Enzo brincou.

-É..

-Eu também.

-Você também o que?

-Me dei bem.

Nos encaramos e o celular dele voltou a vibrar.

-Uma nova fã desesperada?

-Não, é a Iasmin.

-Iasmin..?

-É, uma garota que eu fiquei em uma festa.

Ele bloqueou o celular mais uma vez, e guardou no bolso.

-Não vai responder?

-Não. Tenho coisas melhores pra fazer!

Ele riu.

O jeito bruto, desapegado, até mesmo ignorante do Enzo devia conquistar várias garotas. Há algum tempo atrás de certeza ele marcaria de encontrar essa tal de Iasmin em alguma esquina, ele estava mais "tranquilo" em relação a garotas, não sentia tanta necessidade de sair pegando geral, quer dizer, era isso que parecia.



-Esse filme é demais. Nada de romantismo, sem frescura e pá.

Enzo disse.

-Não sou quase nada romântica, mas gosto de filmes de romance.

-Irônico.

-Acontece!


-

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Andrei e Jessica não prestavam atenção no filme, de onde estávamos víamos os dois aos beijos e amassos.

Depois de 1 hora de filme, o Enzo pois a mão em cima da minha, ele não me olhou, ficou com a cabeça erguida "prestando" atenção no filme.








-



Jessica e Andrei continuaram no shopping, Caio saiu logo que acabou o filme, me admirei ele não ter saído acompanhado da tal ruiva. De uns tempos pra cá, o Caio estava diferente.

-Quer comer alguma coisa?

O Enzo perguntou enquanto dava partida no carro.

-Sim.

Respondi.

-Essa lanchonete é legal, eu costumava vim aqui com alguns amigos.

O Enzo disse estacionando o carro.



-

Por ironia do destino ou qualquer coisa do tipo, quando estávamos sentados na mesa do lado de fora da lanchonete, a Manu passou junto com a mãe do Leo. Eu só tinha a visto uma vez, mas eu lembrava muito bem dela. Ela tinha bastante semelhança com o Leo.

-O que foi?

O Enzo perguntou olhando pra onde eu estava olhando.

-A Manu está com a mãe do Leo.

-Isso te incomoda? Ela está esperando um filho dele, a vó da criança quer está presente na gestação. Nada mais justo.

-É.. Talvez.

-Você deveria parar de se culpar. Na boa, ficar querendo informações sobre isso, é chato.

-Não procuro informações. Chato pra quem?

-Pra quem está do seu lado.

Fiquei calada e assenti.


Aquilo não era verdade, eu não procurava informações sobre a vida do Leo, não mesmo. As informações vinham até mim. E sim, eu ouvia, talvez fosse hora de mudar aquilo.


-O que vocês eram? Namorados?

-Sim, quer dizer, bom.. Não sei. Estávamos juntos!!!

-Sem namorar? Sem assumir um compromisso?

-Mais ou menos isso. Mas, as pessoas sabiam.

-Complicado.

-Um pouco.

-Um pouco? Bastante.



Pensando bem, o que realmente eu e o Leo éramos antes dessa confusão toda? Uma confusão de sentimentos desajeitados, que nunca se encaixaram por falta de tempo, aperto ou cuidado. Éramos amigos, melhores amigos, de repente, passamos a ter algo à mais. Logo em seguida tudo sumiu, amizade, relação, confiança e FIDELIDADE. Puf, sumiu.


-Deveria desapegar.

-Não estou apegada!

Respondi.

-Não? Tem certeza? Não parece.

-O que você quer dizer com desapego Enzo?

-Desapego, saber a hora de ser despedir de coisas que não tem mais espaço na sua vida.

-Você é meio suspeito pra falar isso.

-Sou?

-Sim.

-Por que?

Perguntou como se não soubesse do que eu estava falando.

-A sua namorada foi embora, e você continuou louco por ela.

-Não continuei louco por ela, tivemos momentos bons, continuei louco pelas lembranças.

-Dá no mesmo.

Bufei.

-Uma coisa não tem nada a ver com a outra.

-Como não?

-O seu caso, você foi TRAÍDA Catarina, não traída com a Manuella, sua confiança foi traída, o seu namorado, ficante, sei lá o que vocês eram, engravidou uma garota e não teve a decência de te contar. A Savannah nunca me fez nada, nos separamos por causa da bebida, cigarro e drogas. Não ouve traição!

Ele disse alterando a voz.

-Por que tá falando assim? Aliás, por que você é assim? Não tô aqui pra aguentar suas ignorâncias.

Bufei.

-Olhando assim, ninguém diz, mas há toda uma explicação do porquê eu ser desse jeito. Só eu mesmo, que sempre estive comigo, aguentando as barras, as rupturas, as despedidas, e os socos na cara. Ignorância? Você é igual à mim.

Ele disse exausto.

-Não sou.

Revidei.

-Então, me explica, por que se estressa com pouca coisa? Por que esse pávio curto?

-Não sei, simplesmente sou, e já levei muito na cabeça por isso.

-Viu? Somos iguais.

Ele olhou e sorriu de lado.



Enzo era igual a mim, o lance "Os oposto se atraem" não funcionava com a gente. Minha versão masculina. As opiniões e atitudes são praticamente as mesmas, só muda a pessoa. O que ele faz, eu faço, quase tudo. E as vezes nos desentendemos por isso, porque ambos somos cabeça-dura e nenhum de nós aceita está errado.







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