Capítulo 1 - Parte 5

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19 de dezembro à noite, eu estava com Pablo vendo um filme, quando ele bateu na porta, que estava apenas escorada.

Posso entrar? – Ele perguntou ainda sem abrir a porta.

Entra. – Dei de ombros sem mirar a porta.

Filha. - O mirei revirando os olhos. – Precisamos conversar.

Eu vou lá à cozinha Dulce. – Pablo falou se levantando, mas eu o impedi.

Você fica. – Mirei Fernando que estava parado próximo à porta. – Pode falar. – Resmunguei enquanto voltava a olhar a TV.

Hoje eu fui até sua escola, pedir sua transferência.

Transferência para quê? – Arregalei meus olhos. – Ou melhor, transferência pra onde?

Para a Califórnia. – Ele falou calmamente.

O quê? – Gritei me levantando. – Não acha que ainda é muito cedo para fazer piadas?

Não é piada. Amanhã à noite você partirá comigo para a Califórnia. – Olhei Pablo buscando ajuda.

Dulce. – Pablo mordeu o lábio inferior. – Eu conversei com seu pai, e é isso ou você será levada para um orfanato.

Ele não pode fazer isso.

Posso e vou. Apesar de não convivermos a anos, eu ainda sou o seu pai e tenho direitos e deveres sobre você.

Engraçado como você vem lembrar isso somente 17 anos depois. Você nunca se importou comigo, não tem direito nenhum sobre mim. – Cruzei meus braços parecendo uma criança.

Não é isso que a lei diz.

Meu anjo é só por um ano. – Pablo falou passando meu cabelo para trás. – Quando você completar 18 anos, você volta.

Não. Eu não vou. – Falei decidida.

Você vai sim. – Fernando disse decidido. – Amanhã temos que estar no aeroporto às 220:00. – Ele prosseguiu e em seguida se retirou fechando a porta, me deixando boquiaberta.

Eu não quero ir.

Vai ser melhor Dulce. – Pronunciou Pablo sem graça. – Não que eu queria que você fosse, mas vai ser bom pra você. Conhecer novas pessoas, respirar novos ares.

Pablo, eu vivo em Nova York, ele vide no interior da Califórnia, em uma fazenda. Não vou sobreviver em um local onde não conheço nada nem ninguém. Eu já perdi as duas pessoas que eu mais amava na vida, não me obriguem a ficar sem meus amigos. – O abracei forte.

A gente vai te esperar Dulce. – Ele beijou meu pescoço. – Não vamos te esquecer, e assim que acabar o ano letivo podemos ir ver você, passar um tempo lá.

Eu não quero ir será que não entende?

Entendo perfeitamente, mas vai te fazer bem. E olha, é a Califórnia. Lá é lindo, e aposto que você vai conhecer um cara legal.

Isso quer dizer que você não vai mais ficar comigo? – Perguntei me apartando dele. – Tá, eu sei que não temos nada sério, mas sei lá. Eu gosto de você.

Prometemos que não iríamos nos apaixonar lembra? – Assenti. – Se algum dia tivermos que ficar juntos de verdade, isso vai acontecer. Um ano passa rápido.

Mas eu vou sentir saudade de você, dos meninos, da sua mãe maluca. – Abaixei a cabeça.

Vamos nos falar sempre, por telefone, redes sociais ok? Vai ver, quando você menos esperar estará aqui de novo com a gente, poderemos ir naquela boate que sempre nos barraram. – Soltei um sorriso sapeca o mirando.

Pablo... – Mordi o lábio inferior. – Obrigado por ficar comigo e cuidar de mim.

Não precisa agradecer. – Sorri com a frase sincera dele e o beijei. Senti-o me pegar pela cintura e me por em seu colo. Passei meus braços pelo pescoço dele, e apertei-me contra seu corpo aprofundando mais o beijo. Senti as mãos dele entrarem por debaixo de minha blusa, acariciando minha cintura. Não pude conter um gemido fraco com aquele toque. – Dulce. – Ele sussurrou com dificuldade entre o beijo. – Seu pai está aqui.

Que se dane aquele cara. – Separei-me dele e fui trancar a porta, voltando logo em seguida e me sentei ao lado dele.

Não sei se consigo. – O olhei rindo.

Ah, você consegue sim. – O empurrei fazendo-o cair deitado e me deitei sobre o corpo dele. – quero ver se não vai funcionar. – Mordi a orelha dele e ele sorriu.

Uma despedida? – Ele perguntou e eu assenti. Voltamos a nos beijar, e bom, não conterei detalhes do que aconteceu ali. Não fora a primeira nem a segunda vez que aquilo acontecera, mas algo me dizia, que com ele seria a última. Foram horas de prazer naquela noite, e ficamos conversando até o amanhecer, quando em fim pegamos num sono profundo.



[REVISÃO] Trezentos e Sessenta e Cinco Dias VondyOnde histórias criam vida. Descubra agora