Fugir

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Então por favor, alguém me diz, como eu iria fazer alguma coisa se tudo pelo que eu vivia estava em jogo?! Como eu poderia falar se corria o risco de perder tudo o que eu mais amava.
Se ele teve coragem de fazer uma coisa daquele tipo, o que ele poderia fazer além daquilo?!

Hoje quando paro para pensar, realmente, me considero forte, sou vencedora, por ter enfrentado tudo sozinha. E em algumas vezes me chamo de fraca, covarde, por ter fugido.

Quando minha mãe voltou da cidade, para ela tudo parecia normal, mais nada estava bem. Passei o resto da tarde trancada no quarto, chorando, e imaginando uma forma de fugir. Fui buscar Lucas na escola, e no caminho de casa minha avó, estava sentada na porta de casa!

-Oi meu amor! Minha avó falou se aproximando de Lucas. Como foi no colégio?
-normal, vovó! Tem doce aí?

Ela me olhou com um sorriso no rosto, e pegou em minha mão, me chamando pra entrar.
Então conversamos por alguns minutos, uns vinte minutos pra ser mais exata.
Juro que minha vontade era ter contado para ela o que tinha acontecido, mais e a ameaça?  Como minha mãe iria ficar? Ele poderia fazer alguma coisa.

Quando chegamos em casa, por volta das seis da noite, ele continuava ali, como sempre. Só que desta vez alguma coisa estava diferente. Ele não era mais só um homem. Para mim, ele havia se tornado um monstro.
Foi assustador, passar ali no corredor, e lembrar de tudo. Foi horrível! Meus olhos encheram de lágrimas, e imediatamente minha mãe que estava sentada na mesa bem perto do sofá, me perguntou o motivo de esta com os olhos cheios de lágrimas.
⁃ acabei de lembrar de uma coisa triste, mãe!
⁃ Que coisa? Ela perguntou.
⁃ Ah, nada demais! Vou deitar! Não estou me sentindo bem.
Então fui pro quarto e chorei o resto da noite. Lembro que aquela noite não tive coragem de comer nada. Apenas chorei!

No dia seguinte, meus olhos estavam inchados e vermelhos. Tudo parecia novo. 

Aquele homem que minha mãe havia colocado dentro de casa, não era de confiança. E como viver com alguém sem confiança?
É impossível!

Os dois dias seguidos foram normais. Contava os segundos, imagina a hora de entrar no quarto e não sair. Toda a concentração que tinha no colégio, eu perdi.
Uma atitude, mudou minha vida.
Ele agia como se nada tivesse acontecido. Uma noite, minha mãe me perguntou se estava tudo bem.

⁃ Filha, aconteceu alguma coisa?

Permaneci em silêncio. Ele estava no quarto do lado, e quando ouviu a pergunta, foi em direção ao meu quarto e bateu na porta.
⁃ Amor, posso falar com você?         Eu percebi que aquilo era um sinal, como se ele tivesse ido até lá, pra me lembrar, que se eu falasse alguma coisa, ele estaria ali.   

⁃ Espera um pouco Marcelo, estou no meio de uma conversa. Espera!
⁃ Filha, me responde! Aconteceu alguma coisa?
⁃ Mamãe, ela tá muito triste, e não está conversando comigo, disse Lucas.
⁃ Só estou com dor de cabeça mãe! Não ando muito bem! Fica tranquila.
Ela levantou da cama e foi em direção à cozinha, e trouxe um remédio. Me fez tomar, só que ela não sabia que eu não sentia nada. Não havia dor nenhuma.
Só um desespero enorme, uma vontade imensa de gritar bem alto que aquele homem era um monstro.

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⏰ Última atualização: Feb 11, 2016 ⏰

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