O contato

23 5 5
                                    

    Essa ideia foi simplesmente o cúmulo do absurdo. Pra que eu deveria fazer essa merda de correio internacional? Primeiro que gasto uma quantia de dinheiro absurda, segundo que não vejo necessidade para isso! Só minha professora de inglês para inventar algo como isso mesmo... E, ainda por cima, não pode ser virtual, devemos usar o sistema dos correios para nos comunicar por cartas! Desnecessário.

    Dou os últimos retoques na carta devagar, fechando-a logo em seguida. Visto o casaco e viro-me para minha mãe.

_ Mãe, vou no correio mandar essa carta idiota de novo.

_ Idiota não _ Ela diz sem interromper o esfrega-esfrega que ela fazia no prato, lavando-o _ Isso é importantíssimo para seu desenvolvimento educacional.

    Do seu ponto de vista é sim, penso. Concordo com a cabeça e me viro, caminhando vagarosamente em direção à porta. A abro e saio da casa, fechando-a logo em seguida.

    Como sempre no Brasil, estava chovendo muito, e a água caía em estrondos gritantes da calha de minha casa. Visto a toca do casaco e caminho devagar pela rua. As gotas gordas de chuva acertavam minha nuca em porradas fortes, o que me irritava mais ainda. Acelero o passo e sinto o calor dentro do casaco, e resolvo tirá-lo. Aliás, para que eu coloquei a droga do casaco?

    Infelizmente, sempre fui uma garota um tanto quanto indecisa, e não consigo agir em frente à situações complexas demais. Devido à isso tive a ideia de passar a copiar o que as pessoas mais próximas de mim faziam, como minha mãe ao vestir o casaco assim que sai de casa. Bufo de raiva.

    A rua está um tanto quanto cheia, deviam estar caminhando umas quatro pessoas mais ou menos, todas seguindo seus rumos em direções distintas. Eu caminho rumo ao correio. Uhul.

    Desvio da água que desce em uma torrente de uma calha qualquer e esbarro em um garoto que encosta algo gelado em mim, giro e o olho.

_ Desculpa _ Digo.

_ Que nada, eu deveria te agradecer.

    Olho para ele surpresa com o que ele disse, tentando entender ou achar uma lógica, mas, como a maioria das coisas, abandono esses pensamentos e torno ao meu caminho.

    Assim que me viro sinto uma pontada dorida na cabeça. Uma dor latejante e horrenda.

GélidoWhere stories live. Discover now