26. UMA ONDA DE CADA VEZ

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PEDRO

Finalmente chegar à uma resolução quanto ao meu estranho relacionamento com Alexandra me fornece combustível o suficiente para concluir minhas últimas pendências com Horizonte do Norte e finalizar os preparativos da mudança para Natal.

O final de semana é inteiramente gasto com isso e, embora minhas aulas já tenham começado e eu esteja atrasado por não ter entrado no curso de maneira regular, adio minha partida por mais alguns dias.

Gasto a segunda-feira para me despedir do trabalho voluntário no grupo de artes e dos meus amigos. Encontro-me com Daniel em Horizonte do Sul à tarde e à noite vou para o conhecido barzinho com Leandro, Gustavo, Lucas e até o Anderson, que aparenta estar menos emburrado.

Na terça, eu fico com minha família e faço todos os gostos de uma Mariana que, por mais feliz que alegue estar, não para de chorar com a minha partida, sendo o completo oposto do seu discurso de irmã indiferente...

E, apesar de não me encontrar com Alexandra em nenhum desses dias, nós trocamos mensagens o tempo todo e, na terça-feira, ela reivindica a minha presença para o dia seguinte com uma mensagem um tanto curiosa:

Alexandra: na terapia desta semana, a minha psicóloga me pediu para montar uma lista de situações que eu evito por medo e me pediu para escolher uma para cumprir. Eu escrevi só duas e, considerando que uma delas era festa de aniversário e o meu já passou, vou precisar de um motorista para cumprir a segunda e pensei em você.

Eu: que lisonjeiro que pense em mim como sendo o seu chofer.

Alexandra: se não quiser ir, eu peço para o Guto.

Ela realmente sabe como me desarmar usando o ciúme...

Eu: a gente sai de que horas?

Alexandra: às quatro, quando o sol estiver baixando.

Eu: e para onde vamos?

Alexandra: você descobre amanhã, curioso.

Eu: qual é!

Ela para de me responder de propósito e fico me perguntando o que tem em mente. Se uma das coisas que escreveu foi festa de aniversário e ela já deixou mais do que claro o quanto evita comemorações, que outra situação pode ser equiparada a essa?

Pelo visto, eu realmente só vou descobrir amanhã, mas a mensagem que ela me enviou me dá brecha para maquinar sobre outra coisa...

—Se você ia dar mais atenção ao seu celular do que ao filme, por que foi que aceitou assisti-lo comigo, hein? —Mariana pergunta, queixosa, lembrando-me do que era que eu deveria estar fazendo ao invés de trocar mensagens.

—Desculpa, Mari. É só que a Alexandra...

Claro que é a Alexandra. —Ela me interrompe, abrindo um sorriso ladino. —Quem mais te deixaria com cara de bobo, além da Alex?

—Pois é....

Eu realmente não tenho como discordar, depois de tudo.

—Você devia pedi-la em namoro logo.

—Você acha que ela aceitaria, com aquele gênio e muitos quilômetros entre nós?

Mariana faz careta ao ser recordada da minha partida iminente.

—É, talvez não agora, mas é bem óbvio que você é apaixonado por ela. Ao menos tente disfarçar para não parecer tão idiota.

—Tarefa difícil. —Eu rebato. —Ao invés de me reprimir tanto, bem que você podia me ajudar a colocar em prática a ideia que eu acabei de ter e que pode deixar a Alexandra um pouco feliz ou muito brava.

FOGO ENCONTRA GASOLINA [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora