Capítulo 06: Verdades Esquecidas (B) [1.1]

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O Príncipe Edward Arkanus e o primo do Rei: Garuk Arkanus estavam diante de nós, observando tudo ao redor como se aquilo fosse um lugar que não merecia suas presenças. Depois de alguns passos, pararam em nossa frente.

O Príncipe se aproximou de mim com um sorriso não muito convincente – certamente não queria estar ali, nem naquela situação, nem naquela casa.

Eu fiz uma apresentação cortês de uma maneira tão deselegante que ofendi os olhos do Garuk e da Malfasa. Era claro que não era uma nobre, nunca tinha sido tratada para fazer tal coisa e fiz apenas porque a mulher me ameaçava.

Agora, era fácil crer que ela mesmo evitaria que eu fizesse isso. Pude ver o homem remoer-se por dentro diante daquela cena "bárbara", mas, ele evitou comentar quando algo lhe fez desviar o olhar. Era meu pai, no alto da escada, aguardando-o com uma mulher ao lado.

Acho que aquela mulher se chamava Melissa, ou algo do tipo, era uma das poucas que tinha visto nesta casa durante todo este tempo "infeliz" de vida.

Malfasa deu um passo na frente, quase como para reiniciar a conversa, e comentou com o Príncipe:

– Então, vossa majestade, não gostaria de caminhar e observar os arredores da casa? Há um pequeno lago e um belo jardim para contemplação. Como vocês precisaram chegar um pouco mais tarde, será confirmado apenas o jantar.

– Não há problema, minha querida – disse Garuk com voz de víbora – Não planejamos ficar aqui muito tempo e partiremos logo que eu resolver alguns assuntos com o Sr. Darkarin – Então o homem se aproximou do garoto e continuou falando com uma voz arrogante, mas, em um tom suficiente para que pudéssemos escutá-lo – Lembre-se que o seu pai, o Rei, disse, caro Edward. Enquanto tratarei de fazer a reunião, veja se arranje algo para não te aborrecer, pois – olhava para mim direcionando todo tipo de veneno – este lugar não é digno de nossa presença.

– Certo Garuk – o Garoto afirmou com a cabeça ainda que contrariado.

Fomos guiados até em direção à porta do Jardim da casa que ficava do outro lado do Hall de entrada e embaixo da passagem da escada. O homem por sua vez, Garuk, caminhou a passos largos até a escada e subiu de encontro com meu pai.

Assim que saímos, a luz afugentou minha visão. Onde eu costumava dormir era muito escuro e naquele lugar havia pouquíssimas janelas, sendo todas localizadas na área da cozinha e da dispensa. A sensação era uma mistura caótica entre felicidade pela paisagem quanto desconforto pela situação. Aquelas roupas, nunca utilizei algo do tipo e não sabia andar direito com aqueles sapatos, além disso, estava com a dor de cabeça de antes e não sabia determinar o que tinha acontecido comigo. Quero dizer, a garotinha não sabia, agora eu sei.

Eu bato neste vidro, gritando para ela não continuar! É um deja vu, por quê? Merda! Quem está fazendo isso? Por que me faz ver tudo isso de novo, algo que não me lembrava e certamente não gostaria de lembrar... de qualquer forma...

Malfasa sabia destes problemas, ainda assim forçava-me a sorrir quando o Príncipe se distraia por algum pássaro ou animal que caminhava pelo jardim.

Havia inúmeros guardas da Realeza de Arkana em toda extensão da casa. Estavam em nossa casa como uma equipe de cerco, preparada para entrar a qualquer momento. Era a primeira vez que a garota observava um soldado do Reino tão de perto.

Isso é tão incrível, olha estas armaduras como brilham na luz. São feitas de vidro? Parecem vidro de tão brilhantes. Todos eles possuem o brasão do Dragão, igual a roupa do meu pai. Há vezes quando meu pai era convocado para Cidade Imperial, usava roupas semelhantes a estas, com o brasão e as mesmas cores, mas, isso é bem diferente.

O Mundo de Arkana: A Guerra dos Sete DragõesOnde histórias criam vida. Descubra agora