Foste para uma visão
ou para uma espiada sobre a janela.
Eu deveria estar bem mais bêbedo que estou,
do que sempre consegui estar.
Mas a minha loucura não se acresce a nenhuma outra
e nem de outras vistas sãs, esbraveja, fala mal.
Enquanto percebo aquele movimento alegre e
rotatório, sofro da sandice de quem observa.
E juntando os sofrimentos em comprimidos
naquela mesa, vou sentindo a presença
sóbria da minha sombra
quando abro as portas.
Tento me fingir de arlequim ou duma cobra bêbeda.
Mas não desconfio dos passos e
nem da natureza de quem não sabe.E se eu for a estrela negra que só
observa de longe, de fora?
E se eu for o avesso ao objeto,
o obstáculo para o carnaval surreal
que se apresenta em bloco na cozinha?
Continuo observando da janela...
Em silêncio...
Adormeço, sem saber ate quando seguiu o desfile...
VOCÊ ESTÁ LENDO
Um Objeto Quando Esquece
PoetryMantendo vigente um processo antropológico de criação, a poesia continua sendo um cuspe, uma exclamação. Uma poesia material, visual, detalhista, figurativa, uma poesia de madeira e metal. Poesia que dialoga com o espaço físico, tem forma, objetos e...